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CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEXTO COMO UNIDADE DE ENSINO

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Por:   •  6/10/2013  •  2.302 Palavras (10 Páginas)  •  2.041 Visualizações

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEXTO COMO UNIDADE DE ENSINO

Maria Cristina da Cunha Pereira

DERDIC-PUCSP

CEPRE-UNICAMP

A preocupação com o estudo do texto deu origem à lingüística textual. Segundo Kaufman e Rodriguez (1995), a lingüística textual, que surge na década de 60, coloca em primeiro plano os fatores de produção, recepção e interpretação dos textos enquanto unidades de comunicação. O surgimento desta lingüística ajudou a desviar a atenção da oração para o texto, das unidades morfossintáticas para as unidades semânticas. Na lingüística textual, a preocupação se concentra, principalmente, nas relações que se estabelecem entre os diferentes elementos constituintes do texto, e nas vinculações entre estes elementos e o contexto.

Produzir linguagem significa produzir discursos. O discurso, quando produzido, manifesta-se lingüisticamente por meio de textos. O que as pessoas têm a dizer umas às outras não são palavras nem frases isoladas, são textos.

Assim, pode-se afirmar que texto é o produto da atividade discursiva oral ou escrita que forma um todo significativo e acabado, qualquer que seja sua extensão. Para Kaufman e Rodriguez (1995), o texto é considerado produto da atividade verbal humana; é uma unidade semântica, de caráter social, que se estrutura mediante um conjunto de regras combinatórias de elementos textuais e oracionais, usados para manifestar a intenção comunicativa do emissor. Tem uma estrutura genérica, uma coesão interna e funciona como uma totalidade. Os componentes lingüísticos do texto vinculam-se entre si através de distintas estratégias de coesão e de coerência. Para as mesmas autoras, o conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto e não uma seqüência de frases é chamado de textualidade.

Bastos (1998), que estudou a narrativas escolares, considera a coesão e a coerência como dois fenômenos distintos, embora inter-relacionados e responsáveis pela transmissão do significado no discurso.

A coerência responde pelo sentido do texto. Para a mesma autora, a coerência do texto deriva de sua lógica interna, resultante dos significados que sua rede de conceitos e relações põe em jogo, mas também da compatibilidade entre essa rede conceitual – o mundo textual – e o conhecimento de mundo de quem processa o discurso. A coesão está relacionada com a organização textual, ou seja, como as frases se organizam em seqüências expressando proposições.

Koch (2001), que se dedica ao estudo da construção de sentidos no texto, considera a coesão textual como dizendo respeito ao modo como os elementos lingüísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, por meio de recursos também lingüísticos, formando seqüências veiculadoras de sentidos. A autora refere duas modalidades de coesão: a remissão (ou referência) e a seqüenciação.

A coesão por remissão pode, segundo Koch (op. cit.), desempenhar quer a função de (re)ativação de referentes, quer a de “sinalização” textual. A remissão pode ser efetuada por meio de recursos de ordem “gramatical” – pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos, numerais, advérbios e artigos definidos –, por intermédio de recursos de natureza lexical, como sinônimos, por reiteração de um mesmo grupo nominal ou parte dele, ou ainda pela elipse.

A coesão seqüenciadora é aquela através da qual se faz o texto avançar, garantindo-se a continuidade dos sentidos. A progressão do texto, em português, pode ser feita através da recorrência de termos, de estruturas, de tempo verbal, bem como através de marcas lingüísticas como conectores de diversos tipos, como então, também, além disso, entre outros. Pode se dar, também, através da justaposição, com ou sem partículas seqüenciadoras.

Gêneros textuais

O gênero textual vem passando, ao longo dos séculos, por vários conceitos e classificações. Salles e colaboradoras (2002) referem que o gênero textual tem sido compreendido de diversas formas:

pela distinção entre poesia e prosa;

pela diferença entre o lírico, o épico e o dramático;

pela oposição entre tragédia e comédia

por três estilos: elevado, médio e humilde;

pelo modo de realização – deliberativo, judiciário e epidítico (ostentoso), estes de acordo com as circunstâncias em que são pronunciados.

Já, Marcuschi (2002) considera os gêneros textuais fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social. Para o autor, os gêneros textuais não se caracterizam como formas estruturais estáticas. São eventos lingüísticos, mas não se definem por características lingüísticas: caracterizam-se enquanto atividades sócio-discursivas. Sendo os gêneros fenômenos sócio-históricos e culturalmente sensíveis, não há como fazer uma lista fechada de todos os gêneros. Marcuschi ressalta que, quando dominamos um gênero textual, não dominamos uma forma lingüística e sim uma forma de realizar lingüisticamente objetivos específicos em situações sociais particulares.

Nessa perspectiva, entendem-se os gêneros como um produto coletivo dos diversos usos da linguagem, e que se realizam de diversos modos, de acordo com as necessidades comunicativas do dia-a-dia da comunidade. Como exemplos de gêneros textuais, o autor cita: bilhetes, convites, cheques, cartões diversos (postal, agradecimento, apresentação, natal, aniversário, outros), cartas, receitas culinárias, bula de remédio, artigos de jornal e revista, entrevistas, verbetes de dicionários e de enciclopédias, charges, propagandas, publicidades, quadrinhos, músicas, poemas, resumos, resenhas, ensaios científicos, crônicas, contos, livros em geral, mensagens de e-mail, entre outros.

Tipologia textual

Diferentemente dos gêneros textuais, o tipo textual designa uma espécie de seqüência teoricamente definida pela natureza lingüística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas).

Kaufman e Rodriguez (1995) referem que não existe uma tipologia única, sistemática e explícita; ao contrário, nos diferentes trabalhos referentes ao tema, pode-se encontrar uma diversidade de classificações que levam em conta diferentes critérios. Para as autoras, estas tipologias refletem, em maior ou menor medida, as nossas intuições como

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