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Comunicação E Expressão

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Por:   •  21/4/2014  •  10.035 Palavras (41 Páginas)  •  232 Visualizações

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UNIDADE 1: AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DE TEXTO

"Ao escrever não posso fabricar como na pintura, quando fabrico artesanalmente uma cor. Mas estou tentando escrever-te com o corpo todo, enviando uma seta que se finca no ponto tenro e nevrálgico da palavra. Meu corpo incógnito te diz: dinossauros, ictiossauros e plessiossauros, com sentido apenas auditivo, sem que por isso se tornem palha seca, e sim úmida. Não pinto idéias, pinto o mais inatingível "para sempre". Ou "para nunca", é o mesmo. Antes de mais nada, pinto pintura. E antes de mais nada te escrevo dura escritura. Quero como poder pegar com a mão a palavra."

(Clarice Lispector - Água Viva)

PRÉ – QUESTIONAMENTO:

1. Que condições você julga necessárias para a produção de um texto?

2. Onde está o sentido de um texto: no leitor, escritor, no próprio texto ou contexto?

3. Que relação se torna necessária entre escritor e leitor para a leitura de um texto?

Ao ler a mesma fábula que foi escrita por autores diferentes, em épocas diferentes, tente dar a moral da história de acordo com tais escritores.

Moral da história:

Quem desdenha quer comprar.

Moral: a frustração é uma forma de julgamento tão boa como qualquer outra.

É fácil desdenhar daquilo que não se alcança.

Adiantaria se chorasse?

A Raposa e as uvas

Esopo

Uma raposa entrou faminta num terreno onde havia uma parreira, cheia de uvas maduras,

cujos cachos se penduravam, muito alto, em cima de sua cabeça. A raposa não podia resistir à tentação de chupar aquelas uvas, mas, por mais que pulasse, não conseguia abocanhá-las. Cansada de pular, olhou mais uma vez os apetitosos cachos e disse:

- Estão verdes...

La Fontaine

Certa raposa astuta, normanda ou gascã, quase morta de fome, sem eira nem beira, andando à caça, de manhã, passou por uma alta parreira carregada de cachos de uvas bem maduras.

Altas demais - não houve impasse:

"Estão verdes. . . já vi que são azedas, duras. . ."

Monteiro Lobato

Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisa de fazer vir água à boca. Mas tão altos que nem pulando.

O matreiro bicho torceu o focinho.

- Estão verdes - murmurou. - Uvas verdes, só para cachorro.

E foi-se.

Nisto deu o vento e uma folha caiu.

A raposa ouvindo o barulhinho voltou depressa e pôs-se a farejar. . .

Millôr Fernandes

De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os tempos, saiu do areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que descia por um precipício a perder de vista. Olhou e viu, além de tudo, à altura de um salto, cachos de uvas maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas. Caiu, tentou de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo que tinha, não conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu, dizendo entre dentes, com raiva: "Ah, também, não tem importância. Estão muito verdes." E foi descendo, com cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme. Com esforço empurrou a pedra até o local em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra, perigosamente, pois o terreno era irregular e havia o risco de despencar, esticou a pata e. . . conseguiu ! Com avidez colocou na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito verdes !

1. Qual seria a razão de estes escritores darem diferentes moral para a história?

2. Onde está o verdadeiro sentido do texto? No escritor?

A fábula "A Raposa e as uvas" de Esopo foi escrita também por La Fontaine no século XVII e, depois de mais de dois séculos, traduzida e adaptada para o português (sem alteração) por Monteiro Lobato. Em seu livro Fábulas (1922), Monteiro Lobato coloca a personagem Dona Benta contando às crianças do Sítio do Picapau Amarelo (Narizinho, Pedrinho e Emília) várias fábulas, algumas criadas por ele e a maioria de Esopo e La Fontaine, traduzidas e adaptadas.

Trinta anos mais tarde, Millôr Fernandes apresenta uma versão modificada de "A Raposa e as uvas", alterando o desfecho e a moral da fábula.

As fábulas de Esopo têm como características a concisão e a objetividade. A efabulação inicia-se de imediato com o motivo central da história e os acontecimentos se sucedem num ritmo acelerado.

A julgar pelo testemunho de seus contemporâneos, as fábulas de La Fontaine são verdadeiros textos cifrados que denunciavam misérias, desequilíbrios e injustiças de sua época. Embora tenha alterado ou enriquecido substancialmente os argumentos e o espírito das fábulas que retomou dos Antigos, ele não tocou no caráter ou na simbologia que seus antecessores atribuíram aos animais.

No livro Fábulas, de Monteiro Lobato, há, após cada fábula, um comentário dos personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo.

Millôr Fernandes, humorista, desenhista, jornalista, autor e tradutor de peças de teatro, publicou além de Fábulas fabulosas,

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