Conceituando Alfabetização E Letramento

A autora começa conceituando alfabetização, que é considerada como o ensino das habilidades de codificação e decodificação transposta para a sala de aula. (pág11) Depois desse primeiro momento, exemplifica alguns métodos e experiências de autores consagrados e professores alfabetizadores, tanto na prática docente, quanto na infância. Um dos autores citados é Graciliano Ramos, que fala sobre sua experiência com a “Carta do ABC”. É um método em que primeiro se aprende todas as letras para depois ter contato com os primeiros textos. Todavia, Graciliano faz uma crítica ao método, já que ao final da alfabetização sabia ler e escrever, mas não conseguia interpretar o que lia. “E para a surpresa dele, nem a professora entendia o que lia (...) e não admitia que os alunos errassem.” (pag12,13)

Muitas das experiências da alfabetização foram consideradas traumatizantes para os alunos, principalmente pelos castigos e ênfase na repetição, a chamada “decoreba” em que fomos submetidos durante grande parte da nossa vida escolar. Porém, a partir da década de 80, essa forma de alfabetizar começou a ser altamente criticada, e estudos na área da psicologia passaram a “romper com a concepção de língua escrita como código, o qual se aprenderia considerando atividades de memorização”. (pag15) “Ou seja, é a partir da interação com a língua escrita através de seus usos e funções que essa aprendizagem ocorreria, e não a partir de textos “forjados” como os presentes nas cartilhas tradicionais.” (pag16)

Surge então o conceito “analfabetismo funcional” para caracterizar “as pessoas que possuem as habilidades de codificação e decodificação mas não conseguem fazer uso da escrita em diferentes contextos sociais.” (pag16) A partir dessa visão, podemos concluir que o ”o fenômeno do analfabetismo passou a envolver não só aqueles que não dominam o sistema de escrita alfabética mas também as pessoas com pouca escolarização”. (pag16)

Para Soares, o termo letramento “significa o estado ou condição que assume aquele que aprende a ler e a escrever” (pag16). No dicionário Houaiss, é definido como “um conjunto de práticas que denotam a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito”. (pag16) Alfabetização é diferente de letramento, porém são termos associados. Isso porque “o domínio do sistema alfabético de escrita não garante que sejamos capazes de ler e produzir todos os gêneros de texto”. (pag17) Para Soares, “o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se torne ao mesmo tempo alfabetizado e letrado.” (pag18)

A escola possui um papel primordial na formação de leitores e escritores competentes. “Cabe à escola oportunizar essa interação, criando atividades em que os alunos sejam solicitados a ler e produzir diferentes textos.” (pag19)

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