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DIFERENÇAS DE GÉNERO NA ESCOLA: INTERIORIZAÇÃO DE HOMENS E MULHERES

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Por:   •  23/3/2014  •  Tese  •  1.700 Palavras (7 Páginas)  •  491 Visualizações

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Texto Complementar: 04

Disciplina: Educação e Diversidade

DIFERENÇAS DE GÊNERO NA ESCOLA: INTERIORIZAÇÃO DO MASCULINO E DO FEMININO

SOUZA, Fabiana Cristina de – UNESP

GE: Gênero, sexualidade e educação / n.23

Agência Financiadora: Não contou com financiamento

Este trabalho está voltado para os aspectos que especificam as relações entre educadora e educandos do ponto de vista do gênero. A abordagem das questões de gênero focalizam as diferenças que são culturalmente construídas entre os sexos, explicitando como se edificam as relações sociais entre homens e mulheres.

Barbosa (1989) afirma que gênero não quer dizer que quando o indivíduo nasce, ele se torna homem ou mulher mas que eles se constróem com divergentes comportamentos, poderes e até mesmo diferentes sentimentos.

Scott (1990) conceitua o gênero mostrando que o corpo se transforma em motivo de investigação histórica e sociológica e que seu significado pode ser diferente de acordo com cada contexto. O uso do termo gênero representa um processo que procura explicar os atributos específicos que cada cultura impõe ao masculino ou feminino, considerando a construção social construída hierarquicamente como uma relação de poder entre os sexos.

Para Louro (1997), é preciso compreender o gênero como “constituinte da identidade dos sujeitos”. Desse modo, o conceito de identidade, muito próximo das formulações críticas dos Estudos Culturais e dos Estudos Feministas, busca entender os indivíduos como possuindo identidades plurais, as quais não são estáveis ou duradouras, mas se modificam e podem até ser contraditórias. A autora coloca a necessidade de se pensar as relações de gênero, as desigualdades entre homens e mulheres, de modo plural, ou melhor, ela afirma que os homens e as mulheres são identificados por gênero, classe, raça, etnia, idade, nacionalidade, etc. e, dessa forma, assumem “identidades plurais, múltiplas” e produzem diferentes “posições de sujeito”. Nessa relação, as redes de poder (das instituições, símbolos, códigos, discursos, etc.) precisariam ser examinadas. Louro (1997) explica que as identidades são múltiplas e plurais, que elas transformam-se e podem nos ajudar a entender que as práticas educativas são “generificadas”, produzindo-se a partir das relações de gênero, de classe e de raça.

Assim, é a identidade de gênero que possibilita à criança reconhecer-se como pertencente ao gênero masculino ou feminino, com base nas relações sociais e culturais que se estabelecem a partir do seu nascimento. Essa idéia ultrapassa a concepção do aprendizado de papéis, que pode tornar-se muito simples, uma vez que caberia a cada sexo conhecer o que lhe convém ou não, adequando-se a essas expectativas. Desse modo, examinar apenas a aprendizagem de papéis masculinos e femininos implica em desconsiderar que a masculinidade e feminilidade podem exercer variadas formas e que complexas redes de poder estão envolvidas nos discursos e nas práticas representativas das instituições e dos espaços sociais, sendo produzidas a partir das relações de gênero. Além disso, a maneira como a família, a escola, agem em relação às meninas e aos meninos são fundamentais no processo de constituição da identidade de gênero.

A pesquisa de caráter etnográfico, teve como objetivo apresentar como o gênero se manifesta e se afirma na prática pedagógica de uma professora de educação infantil gênero e como eram vistas as interações entre meninos e meninas. Numa abordagem qualitativa, como procedimento central de investigação, foram realizadas observações e entrevistas com a professora, no sentido de entender como a docente elabora sua prática sobre as questões de gênero.

Buscou-se analisar os episódios das observações do trabalho da professora e até mesmo sua fala, a partir da igualdade de gênero. Assumimos ainda essa postura por acreditar que vivemos em uma sociedade que, do ponto de vista legal, requer a igualdade como um princípio dos direitos humanos. Nesse sentido, entende-se que atingir a igualdade de gênero não significa que os homens e as mulheres são iguais, mas, sim, que os direitos e oportunidades de uma pessoa são independentes do sexo da mesma pessoa.

Com base nos resultados obtidos, apresentaremos algumas situações observadas na escola e estabeleceremos relações com o conceito de igualdade de gênero. As imagens (desenhos) que apresentaremos, têm como objetivo aproximar nosso olhar, no sentido de “ver com outros olhos”, e direcionar a atenção para as relações de gênero, para os estereótipos sexuais e, principalmente, apresenta-se como uma simbolização do que foi dito pela professora e pelas próprias crianças:

1 “Essa menina é uma graça...”

A situação observada em sala de aula é a de uma menina que se aproxima da professora e pede para ir ao banheiro. A professora autoriza e, olhando para a pesquisadora, faz um elogio à mesma: “Essa menina é uma graça. Quieta. Comportada. O caderno dela dá gosto de ver”.

Esta cena é uma representação fiel do comportamento esperado das meninas. A informação que a professora passa, é que essa aluna está correspondendo ao estereótipo previsto para seu sexo. A menina “quieta e comportada” recebe um elogio por estar cumprindo a conduta desejada.

A mesma situação é ainda reconhecível pela professora durante a realização da entrevista. Primeiramente, a professora tenta mostrar que meninos e meninas têm o mesmo comportamento e diz que ambos levantam do lugar e bagunçam. No entanto, ela acaba delineando as características de cada sexo e apresenta um perfil de menino e um de menina. Ressalta que “é difícil o menino ser como a menina” porque, apesar das exceções, as meninas são mais delicadas para conversar, não falam com brutalidade; já os meninos gostam de bagunçar mais, o que revela uma convicção desigual de condutas para cada sexo.

2 “Há que se impor limites!”

Nesta situação, houve uma conversa da professora com a pesquisadora. A primeira faz uma avaliação sobre o rendimento das crianças no tocante à aprendizagem e mostra que alguns alunos não tinham condições de ir para a primeira série. Falando sobre o seu trabalho, acrescenta: “A professora da Pré-Escola tem que controlar, impor limites nos alunos

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