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Discriminação contra asiáticos

Por:   •  17/12/2018  •  Ensaio  •  1.560 Palavras (7 Páginas)  •  141 Visualizações

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As raízes da discriminação contra asiáticos no Brasil.

A partir do desenvolvimento tecnológico, ou seja do desenvolvimento da internet e dos aparatos eletrônicos, dissipou-se o acesso à informação através, principalmente, das redes sociais. É preciso compreender que, por maiores que sejam as vantagens oferecidas por estes aparatos, vemos na atualidade que as manifestações de ódio estão cada vez mais recorrentes e preocupantes. Por conta dessa normalização de ataques virtuais, além de outros tipos de disseminação de ódio, tratarei neste ensaio sobre os campos dos preconceitos que são, a normalização e a problemática do uso de certos termos acerca de descendentes asiáticos no Brasil, dos quais vou discorrer ao longo de minha escrita.

É possível observar que esse assunto está sendo discutido em diversas reportagens de sites importantes como: BBC Brasil, Huffpost Brasil, Capricho, CartaCapital, O Globo, UOL e Folha de São Paulo. A partir da pesquisa em veículos de comunicação, foi possível concluir que esse é um fenômeno de discussão relativamente novo, pois as reportagens/artigos datam de 2016 até o dias atuais. Ou seja, não há uma

grande e séria discussão sobre o tema nas mídias antes do ano de 2016, o que revela a invisibilidade do racismo contra asiáticos em nosso país.

Antes de trazer a análise de uma reportagem que demonstra como o racismo contra os asiáticos ainda não tem a devida discussão que deveria ter no Brasil, é importante discorrer sobre um episódio, que serviu como motivação para a escrita do artigo. No programa de auditório do Raul Gil - apresentador do programa de seu nome, na emissora SBT -, que aconteceu no dia 16 de julho, ele pergunta a todas as quatros crianças presentes no palco (sendo todas elas descendentes de asiáticos) se eles são irmãos, e também indaga se eles são Japoneses ou Coreanos, e um dos meninos não responde e Raul Gil diz: “Você não sabe o que você é? Xiiii.” e prossegue “precisa abrir o olho uhmm’’, imitando o sotaque japonês, seguido de várias risadas da plateia. Em seguida, na presença do grupo Kard de k-pop (pop coreano), ele questiona a intérprete se ela sabe falar português e ainda diz à sua audiência “com esse olhão grande tem que esticar ué...’’, e logo depois pergunta aos cantores “eles são parentes?’’

No artigo “Raul Gil e o 'racismo invisível' contra os asiáticos no Brasil’’, escrito no Huffpost por Thiago Mattos, ex-pesquisador na Hanyang University (Seoul) e Pós Graduando em Relações Internacionais na UERJ, ele começa seu texto apontando para o fato de que, mesmo os asiáticos compondo 1,09% da população brasileira, representando um total de 2 milhões de pessoas, ainda assim são vistos como outsiders do país. Podemos perceber tal fato pela pergunta feita às crianças acerca de sua nacionalidade, e pelas piadas que se seguiram, e sabemos que esse tipo de pergunta é raramente feita a pessoas de outras etnias. Ele ainda diz que expressões claramentes racistas e preconceituosas dirigidas a essa parcela da população ainda passam despercebidas, ao mesmo tempo que insultos dessa mesma natureza feitos a negros e homessexuias são em suas próprias palavras: “[...] hoje impensáveis de serem apresentadas de forma impune na grande mídia’’, o que claramente não é feito com os asiáticos.

É importante ressaltar que, o racismo contra negros é uma pauta antiga da civilização Ocidental, por conta, obviamente, da escravidão. O desenvolvimento do capitalismo fez com que a sociedade precisasse de um contingente maior de mercado consumidor, e a escravidão não era mais lucrativa como antes. A partir disso, podemos entender o motivo pelo qual o racismo contra a população negra se torna menos aceitável em nossa população - porém, sabemos também que os ataques à população negra brasileira ainda são muitos, e violentos -, além de outras inúmeras razões das quais não entrarei em detalhes para que possa focar o ensaio na questão asiática.

Mesmo a problemática não recebendo a atenção devida por grande parte dos veículos midiáticos, como outras pautas recebem, isso não quer dizer que elas se constituem de maneiras tão distintas assim. Um exemplo disso é o Black face, que é o ato de pintar/maquiar o rosto ou o corpo inteiro de forma a tentar imitar uma pessoa negra em sua cor e seus traços, algo extremamente estereotipado e racista. Essa prática é de muita importância para entendermos o que é o Yellow Face e o motivo pelo qual esse ato é racista, já que essa foi uma prática que configurou o comercial do qual irei tratar mais para frente.

O comercial começa com um cliente dizendo “Oba, eu gostaria de ver um computador’’ e o lojista diz “Ah, um computador? Um momentinho só’’, ele agacha no balcão e depois volta com o rosto todo pintado de branco e com uma peruca, imitando uma gueixa e tentando imitar a forma como os japoneses falam. “Sinhoro vem comigo né [...] computadoro novidade, este bom.’’. A propaganda termina com a frase “Fingir que é Japonês é fácil! Difícil é ter a tecnologia e a garantia de um Lince da Semp Toshiba (...)’’.

A partir dessa dessa propaganda, pode-se perceber como essa publicidade está repleta de estereótipos. Ao analisar as falas, é possível identificar como os criadores dessa propaganda utilizaram clichês e generalizações acerca de asiáticos, mais específico nesse caso como supostamente os japoneses falam. É interessante pontuar que esse conceito ainda se perpetua nos dias de hoje.

O Darwinismo social traz então à luz às raízes do racismo contra os asiáticos no Brasil. Ao passo que essa teoria foi primeiramente desenvolvida para a justificação da inferioridade negra e a dominação europeia sobre os africanos - e outros povos subjugados, como no caso dos

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