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Por:   •  20/2/2015  •  Artigo  •  716 Palavras (3 Páginas)  •  290 Visualizações

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Explique porque a descrição de Vespúcio sobre os indígenas “ sem fé, sem rei, sem lei” revma série de viajantes aportou no Brasil do século XVI aos inícios do XIX, legando relatos variados sobre esse estranho e longínquo país, em especial acerca da natureza e de seus naturais, ora considerados detraídos, ora elevados em sua moral e costumes. É certo que, até a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808, a entrada de estrangeiros esteve basicamente impedida ou limitada. No entanto, a proibição não evitou a vinda de religiosos, soldados, comandantes, corsários ou meros curiosos, que deixaram relatos passados avidamente de mão em mão.

Além do mais, uma certa visão fantasiosa, que "andava muito além do que os olhos podiam ver ou a razão admitir", alimentava as narrativas extravagantes de uma quantidade considerável de viajantes, em tudo imaginárias ou até sobrenaturais, como as encontradas no Navigatio Sancti Brendani Abbatis, na Cosmographia de Ético, na Imago mundi de Pierre d'Aily, ou nas viagens de John Mandeville, entre tantas outras obras divulgadas no começo do século XVI. Em meio a essas regiões maravilhosas, poderia estar o Paraíso Terrestre, com sua primavera eterna, seus campos férteis, fontes da juventude; mas também uma terra inóspita, habitada por monstros disformes. A literatura insistia de tal maneira nesses seres de quatro braços e um olho só na testa, andróginos pigmeus, sereias encantadas e tudo o que a imaginação poderia alcançar, que não é de admirar o fato de Colombo ter admitido, numa de suas primeiras cartas, que não encontrara monstros humanos e que, ao contrário, as pessoas a quem conhecera eram muito bem-feitas de corpo: "Não são negros como na Guiné e seu cabelo é liso". Mas continuaram existindo monstros nos desenhos e nos mapas da época, assim como monstros se viram associados aos relatos sobre as práticas de antropofagia, que acabaram por motivar discussões filosófico religiosas cerca da índole dos gentios: descendentes de Adão e Eva para alguns, bestas-feras para outros.

Essa literatura proliferaria nos séculos XVI e XVII com os primeiros viajantes chegando ao Novo Mundo. O encontro com a América seria o feito mais grandioso da história moderna ocidental; numa época em que era bem melhor "ouvir" do que "ver", o pensamento europeu voltava-se - entre assustado e maravilhado - para essa Nova Terra, em tudo distinta. Por isso mesmo, as narrativas de viagem aliavam fantasia com realidade e buscavam na natureza americana aquilo que imaginavam previamente: um deslocamento do mito do Paraíso Terrestre.

Já a curiosidade pelas novas gentes gerava um movimento paradoxal: se a curiosidade fora condenada por santo Agostinho como um desejo pecaminoso, acabou estimulada pelos cronistas da época.6 Desse modo, enquanto a natureza brasileira seria elevada, o retrato das "gentes locais" foi um tanto diverso. Por mais que as imagens negativas não tivessem o impacto das visões edênicas, o certo é que fantasias sobre os nativos se aproximaram de um antiparaíso, ou até do inferno. Essa humanidade - que praticava o canibalismo e a feitiçaria, além de agir com lascívia - poderia ser condenada.

E foi a essa literatura, sobretudo a francesa ou a traduzida para o francês, que Taunay teve acesso. Por meio de tais relatos é possível entender um certo repertório

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