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O COMANDO DA TAREFA 3

Por:   •  12/2/2016  •  Relatório de pesquisa  •  4.679 Palavras (19 Páginas)  •  324 Visualizações

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TAREFA 3

Descreva uma experiência pedagógica pessoal (com seus alunos e/ou equipe escolar) a qual tenha proporcionado mudanças do ponto de vista da ação docente e das tendências pedagógicas.

Pontue com clareza:

  • o contexto em que foram desenvolvidas as atividades, descrevendo a ação didática;
  • metodologias utilizadas;
  • integrações curriculares (se houve ação trans, multi, inter e/ou transversalidade).

 

Mencione ainda, o conteúdo abordado e os saberes escolares trabalhados ao longo do desenvolvimento do projeto. Informe também o que os resultados desse trabalho agregaram aos seus conhecimentos.

A pesquisa constituiu-se de uma abordagem qualitativa, com metodologia bibliográfica, contendo análise de relatos de experiências ocorridos na unidade escolar Escola José Miranda Braz, na cidade de Zé Doca no Maranhão.

Os agentes da pesquisa foram os professores e toda equipe educacional do PEJA. As análises foram trianguladas a partir da literatura corrente sobre o assunto, vivência da professora e pesquisadora e as observações sobre o campo referido. No trabalho está destacado a importância do professor se apropriar e utilizar a Pedagogia histórico- crítica, compreendendo a bagagem cultural trazida pelos alunos à escola, conduzindo-os à mudanças social emancipatórias possíveis.

Também está pontuado as discussões avaliativas das políticas públicas e sugestões de ações inclusivas a serem implantadas, reafirmando a importância da “profissionalidade” docente na gestão participativa, assim como o papel da escola para a inserção social dos alunos do PEJA. A pesquisa foi teoricamente fundamentada no corpo conceitual de Bourdieu, com os conceitos de: agente, campos, habitus, estratégia e capital cultural; na concepção emancipatória de Freire e fundamentos de autores como: Ball, Bonomino, Saviani, Silveira, Mantoan, entre outros.

RELATOS DE EXPERIÊNCIAS E ANÁLISES 

Estes relatos evidenciam algumas dificuldades entre tantas outras presentes nos alunos do PEJA e como a equipe vem gerenciando inúmeras situações no cotidiano da Escola José Miranda Braz.

As mais evidentes se concentram na própria socialização e falta de compreensão da própria língua nativa. Gerenciar as práticas pedagógicas, consiste em discutir junto aos seus pares e coordenação os acontecimentos da semana, trocando experiências em um processo dialético de construção do conhecimento. Entre brincadeiras, situações-problemas propostos, discussões e reivindicações, levam o aluno a super as barreiras existentes. Muitos relatos poderiam ser escolhidos, como o do Fernando, que alegremente contava que o carteiro não “mangava” mais dele, pois ele agora sabia ler e escrever e não precisa mais sujar o dedo para assinar; a história do Davi que não conseguia ordenar um pensamento lógico e agora consegue passar um recado; a da Josirene, que foi às compras e dizia ter assinado um contrato e ter recebido elogios por sua caligrafia; do Hermison que em menos de um mês já estava lendo frases e pequenos textos com compreensão e expunha com estas palavras: “eu pensei que nunca fosse saber ler e escrever”.... Muitas histórias... Da aluna Maria que estava depressiva e agora fala em tirar a carteira de motorista para melhorar em seu trabalho; da Ana que se compromete a pagar uma promessa se conseguir ler. Escolhi a história do Menino do Boné para ser mais detalhada, pois sugere uma reflexão pertinente a nós educadores para o momento atual.

Relato: O menino do boné 

Primeiras Semanas do Ano Letivo de 2015 - Após conversas com os alunos, iniciei o processo de aproximação com cada um deles conhecendo suas histórias, respeitando e acreditando em suas capacidades... Entre um trabalho no quadro e o tempo de transcrição do quadro para o caderno do mesmo, ia chamando os alunos para um teste diagnóstico, onde dizia a eles, que não precisavam se preocupar, pois apenas queria conhecê-los para a partir dali, ajudá-los. (o teste constava de reconhecimento do sistema numérico, reconhecimento do alfabeto, palavras isoladas, frases e texto).

O grau de complexidade era apresentado à medida que o aluno conseguia compreender o que lhe era proposto. Este processo se deu com todos em minha
mesa ou comigo sentada ao lado do aluno. O lugar que me posicionei durante as aulas, já demonstrava acessibilidade, pois a todos dediquei atenção diariamente. Percebi que a maioria não reconhecia nem mesmo o alfabeto e assim trabalhava com os meus alunos, buscando conhecê-los através dos seus saberes, valorizando os conhecimentos do mundo.

A bagagem cultural que cada um trazia até aquele momento e ampliava por meio de reflexões sobre diferentes assuntos de interesse deles, dos noticiários de jornais, dos direitos trabalhistas, entre outros. O PEJA tem a característica da entrada de alunos a qualquer momento, assim como sua promoção, bastando estarem aptos, segundo o professor, para enfrentarem novos desafios em etapas subsequentes.

Foi então que adentrei em minha sala e percebi bem ao fundo um aluno de boné na cabeça mais distanciado dos demais e com uma atitude corporal que julguei desafiadora em relação a mim. Após minhas intervenções habituais e ter perguntado o nome do aluno, expliquei como funcionavam as aulas e pedi para que ele se aproximasse dos demais. Ouvi, em tom ríspido, que não iria, que permaneceria ali mesmo. Respirei e disse: - Pois bem, fique tranquilo, sente onde quiser, porém me fará falar mais alto para que você possa escutar e em tom amistoso disse que sentia a garganta, mas ele não se comoveu. Disse então: “- eu chamo todos os alunos novos a minha mesa para conversar e perceber como estão? Você pode vir?”. Ele novamente me disse: - Não!! Não quero, não vou aí! Eu expliquei que não poderia ajudá-lo, pois se não sabia o que ele precisava aprender, não teria como ajudá-lo.

Sua postura me sinalizava que eu teria problemas... Novamente com paciência e seriedade disse: “- a cadeira está aqui, caso queira é só sentar...” Continuei a aula com os demais que perceberam a tensão do momento, mas nada falaram... (hoje não seria assim, se isto voltasse a acontecer em sala, pois os alunos já sabem argumentar e compreendem que eles podem intervir, pois sabem que todos os momentos fazem parte da educação e eles são parte integrante da mesma). Para minha surpresa, o Menino do Boné depois de um tempinho sentou-se na cadeira que eu indicara momentos atrás. Eu o tratei com naturalidade e antes que começasse o teste diagnóstico, ele sussurrando me disse: “- a senhora irá mandar eu tirar o boné?”. E eu disse: “- Por quê? Ele respondeu: Porque lá embaixo me disseram que não poderia usá-lo aqui, mas eu não quero tirar”. Ele neste instante virou-se rapidamente para o lado da aba do boné e deixou que visse sua orelha decepada.

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