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Preconceito Linguistico

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Por:   •  17/6/2014  •  2.375 Palavras (10 Páginas)  •  352 Visualizações

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Preconceito Linguístico

Temos de fazer um grande esforço para não incorrer no erro milenar dos gramáticos tradicionalistas de estudar a língua como uma coisa morta ,sem levar em consideração as pessoas vivas que a falam .O preconceito linguístico está ligado ,em boa medida ,á confusão que foi criada ,no curso da história, entre língua e gramática normativa.

A gramática não é a língua ,é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dele ,a chamada norma culta .Essa descrição autoritária ,intolerante e repressiva que impera na ideologia geradora do preconceito linguístico.

Enquanto a águado rio/língua ,por estar em movimento ,se renova incessantemente ,a água do igapó/gramática normativa envelhece e só se renovará quando vier a próxima cheia. Numa série de afirmações que já fazem parte da imagem (negativa)que o brasileiro tem de si mesmo e da língua falada por aqui .Outras afirmações são até bem- intencionadas ,mas mesmo assim compõem uma espécie de "preconceito positivo", que também se afasta da realidade.

A escola tenta impor sua norma linguística como se ela fosse ,de fato ,a língua comum a todos os 160 milhões de milhões de brasileiros ,independentemente de sua idade ,de sua origem geográfica ,de sua situação socioeconômica ,de seu grau de grau de escolarização.

Embora a língua falada pela grande maioria da população seja o português, apresenta alto grau de diversidade e de variabilidade ,mas principalmente por causa da trágica injustiça social que faz do Brasil o segundo país com a pior distribuição de renda em todo o mundo.

Assim da mesma forma como existe milhões de brasileiros sem terra, sem escola, sem teto sem trabalho, existem muitos também sem língua .Pois se fomos acreditar no mito da língua única, existem milhões de pessoas neste país que não têm acesso a essa língua, que é a norma literária, culta empregada pelos escritores e jornalistas, pelas instituições oficiais, pelo órgãos do poder (são os sem -língua).

O que muitos estudos empreendidos por diversos pesquisadores têm mostrado é que os falantes das variedades linguísticas desprestigiadas têm sérias dificuldades em compreender as mensagens enviadas para eles pelo poder público, que se serve exclusivamente da língua-padrão.

Muitas vezes, os falantes das variedades desprestigiadas deixam de usufruir diversos serviços a que tem direito simplesmente por não compreenderem a linguagem empregada .O fato de no Brasil o português ser a língua da imensa maioria da população não implica automaticamente, que se esse português seja um bloco compacto, e coeso e homogêneo, é preciso que a escola e as demais instituições voltadas para educação e a cultura abandonem esse mito e passemos a reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso país.

A variação constitutiva das línguas humanas ocorrendo em todos os níveis sempre existirá independente de qualquer ação normativa, assim quando se fala em "Língua Portuguesa " está se falando de uma unidade que se constituem de muitas variedades.

Brasileiro não sabe português, só em Portugal se fala bem português

Essas duas opiniões tão habituais, corriqueiras, comuns, e que na realidade são duas faces de uma mesma moeda enferrujada, refletem o complexo de inferioridade, o sentimento de sermos até hoje uma colônia dependente de um país mais antigo e mais "civilizado". Não é difícil encontrar intelectuais renomados que lamentem a "corrupção" do português falado no Brasil, língua de "Matutos de caipiras infelizes" arremedo tosco da língua de Camões.

O brasileiro sabe português sim. O que acontece é que o nosso português é diferente do português falado em Portugal, do ponto de vista linguístico, porém a língua falada no Brasil já tem uma gramática isto é regras de funcionamento e cada vez mais se distância da gramática da língua falada em a Portugal, por isso os linguistas(os cientistas da linguagem)preferem usar o termo português brasileiro, por ser mais claro e marcar bem essa diferença.

Na língua falada, as diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil são tão grandes que muitas vezes surgem dificuldades de compreensão. O único nível que ainda é possível uma compreensão quase total entre brasileiros e portugueses é o da língua escrita formal, porque a ortografia é praticamente a mesma com poucas diferenças.

O mito de que brasileiros não sabem português também afetam o ensino das línguas estrangeiras. É muito comum verificar entre professores de inglês, francês ou espanhol um grande desanimo diante das dificuldades de ensinar o idioma estrangeiro. É o nosso eterno trauma de inferioridade, nossos desejos de nos aproximar o máximo possível, do cultuado padrão ideal ou seja que é a Europa.

As regras que aprendemos na escola em boa parte não correspondem a língua em que realmente falamos escrevemos no Brasil. Por isso achamos que o "português é uma língua difícil" porque temos que decorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós.

Todo falante nativo de uma língua sabe essa língua, saber uma língua no sentido cientifico significa conhecer intuitivamente empregar com naturalidade as regaras básicas de funcionamento dela, esta provado e comprovado que uma criança entre os 3 e 4 anos de idade já domina perfeitamente sua língua.

Na visão preconceituosa dos fenômenos da língua, transformação de L em R nos encontros consonantais, como em Craudia, chicrete, praca, bronco pranta etc...e as vezes considerada até como um sinal de atraso mental. Assim o problema não esta naquilo que se fala mas em quem fala o quê. Neste caso o preconceito linguistico é decorrência de um preconceito social, do mesmo modo que existe o preconceito contra a fala de determinada classes sociais também existe o preconceito contra a fala característica de certas regiões.

O modo como a fala nordestina é retratada, todo personagem de origem nordestina é, sem exceção, um tipo grotesco, rústico, atrasado, criado para provocar o riso, o escárnio e o deboche dos demais personagens e espectador. Palatalização o fenômeno é o mesmo, por que na boca de um ele é "normal" e na boca de outro ele é "engraçado"," feio ou errado"? porque o que está em jogo aqui não é a língua, mas a pessoa que fala essa língua e a região geográfica onde essa pessoa vive.

Não existe nenhuma variedade nacional, regional ou local que seja intrinsecamente

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