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Preconceito Linguistico

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Por:   •  28/3/2014  •  1.619 Palavras (7 Páginas)  •  578 Visualizações

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"O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da historia entre a língua e gramática normativa"

O Livro é resultante da tese, o jogado de palavras do título fornece a primeira pista: uma simples troca de fonemas marca a relação entre o problema lingüístico e o social: dramática versus gramática.

A mesma ponte reaparece na segunda parte do título, ao correlacionar apego à tradição gramatical e exclusão.Delineia-se, assim, o eixo condutor da obra que se caracteriza por uma pesquisa linguistica séria, uma reflexão política lúcida e uma linguagem clara e fluente.

Em "Primeiras palavras”, o autor apresenta DLP como "resultado de uma longa reflexão sobre as concepções de língua e de linguagem na sociedade brasileira", lamentando "a existência e o vigor de um preconceito lingüísitco profundamente arraigado na cultura deste país". O ensaio percorre trilhas sociolinguísticas, movido pela utopia de possibilitar, a cada cidadão brasileiro, a aceitação de seu próprio falar. O leitor, seduzido pelo convite, também passa a sonhar com o dia em que estaremos todos repetindo, com orgulho, o verso da canção "minha pátria é minha língua".

Os cinco capítulos do livro tratam de gramática tradicional, da relação entre preconceito e ideologia, da questão da norma culta padrão, provocando o leitor a pensar sobre papel do lingüista diante dessas questões. Uma parte da argumentação se apóia na analise de exemplos extraídos de um site da internet.

Bagno transcreve passagens desse site que exemplificariam a distinção entre língua coloquial e língua formal. Com fundamentação e engenho, Bagno aponta o equivoco embutido na comparação. Ela pretenderia evidenciar a especificidade de cada variedade lingüística, em função da situação específica de comunicação, mas acaba por apresentar uma classificação preconceituosa, já que explicita o valor "positivo" de uma variedade de lingua "escrita, formal, padrão" em contraposição ao valor "negativo" da outra - " lingua falada, coloquial".

Se por um lado, o autor do site ilustra o emprego da linguagem "informal", aparentando valorizar esse registro, por outro deixa transparecer seu valor "menor", em relação ao padrão culto de linguagem. Bagno aponta outra falha séria do site, decorrente da inconsistência terminológica, ao misturar, indistintamente, as duas modalidades da língua - a falada e a escrita - e as diversas variedades linguísticas. Nem sempre a língua falada é "informal", ela também pode ser "culta", mas o site funde as duas categorias, chegando a polarizar, de um lado, o "informal / o falado" e, de outro, o "formal / escrito". Ou seja: onde ficam o formal/falado? E o informal/escrito? Trata-se de problema sério, em página disponível a todos os usuários da internet, induzindo os que o consultam a erros conceituais e terminológicos, além de realimentar o preconceito lingüístico.

Bagno propõe uma saída para o ensino: "Sou da opinião de que a disciplina Língua Portuguesa deve conter uma boa qualidade de atividades de pesquisa, que posibilitem ao aluno a produção de seu próprio conhecimento lingüísitco, como arma eficaz contra a reprodução irrefletida e acrítica da doutrina gramatical normativa. Para cada assunto a ser abordado (colocação de pronomes, estratégias de relativização, refência verbal, concordância nominal etc) seria o caso de levantar um corpus o mais diversificado possível para que nele se buscasse apreender as regras das diferentes variedades de língua, a distribuição dos usos de acordo com a modalidade de língua, com o registro, com o gênero de texto etc." ( o. c. p 159).

O autor exemplifica esse tipo de proposta, analisando, inicialmente, três textos retirados de jornal, nos quais discute a questão do gênero jornalístico; ou, melhor dizendo, dos "gêneros jornalísticos", no plural.

A partir das propostas de Castilho sobre as concepções de linguagem e a de Bortoni-Ricardo para a análise do português do Brasil, a argumentação prossegue, centrada na investigação de cinco fenômenos sintáticos, observados numa série de corpora: 1) estratégias de relativização; 2) retomada anafórica de objeto direto de 3ª pessoa; 3) pronomes sujeito-objeto; 4) pseudopassivas "sintéticas" ou "pronominais"; 5) regências dos verbos em IR e CHEGAR com idéia de movimento. O resultado é um mapeamento de usos, em diferentes variedades, na modalidade falada e na escrita, evidenciando as diversas "línguas" que todos nós utilizamos.

O ponto de chegada, prenunciado desde o início, é a constatação da "urgente necessidade de romper com a falsa sinonímia ensino de língua = ensino de gramática, sobretudo quando nessa relação, como já foi demonstrado, gramática nada tem a ver com intuição lingüística do indivíduo enquanto falante nativo de uma língua, nem com a fascinante investigação filosófica das relações do ser humano com sua linguagem e dos seres humanos entre si por meio da linguagem" ( grifos do autor- o.c. p 306).

Da "gramática" à "dramática", Bagno descortina os três atos do drama da linguagem: "1º ato: ter o que dizer; 2º ato: querer dizer; 3º ato: poder dizer". Este último, o mais complexo, encenaria toda uma série de exclusões sociais.

Citações de Foucault embasam e afunilam a discussão em direção a uma proposta concreta: "Nossa prática deve subordinar a língua à linguagem, a gramática à dramática, fazer da gramática o instrumento para tocar a música da linguagem - justamente o oposto do que se tem feito tradicionalmente até hoje (o.c. p. 311).

É provável que o leitor se pergunte: e agora? Como prosseguir meu trabalho como professor de LP1? Embora a obra deixe claro que a resposta a essa questão só vá ser respondida, gradativamente, por cada docente, ao lado de seus discípulos em sala de aula, o segundo livro retoma a discussão, voltando-se agora, diretamente, para a atividade pedagógica.

Marcos Bagno, em Português ou Brasileiro? relaciona a teoria à aplicação prática, propondo roteiros de pesquisa destinados à utilização em sala de aula. De modo coerente, o autor aplica sua própria sugestão, "fazendo da gramática

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