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Trabalho de Educação Física

Por:   •  25/8/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.435 Palavras (10 Páginas)  •  135 Visualizações

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1.     Introdução

    Vários são os autores que identificam a relação histórica entre a Educação Física e a saúde, entre eles Ghiraldelli Júnior (1998), Soares (1994) e Carvalho (1995). Carvalho (1995) identifica duas formas de reproduzir a relação citada: uma identifica a prática da atividade física como produtora de saúde e outra como prevenção. Para a autora, ambas constroem sua epistemologia na concepção de que somente o exercício físico é o responsável pela saúde dos alunos, desconsiderando aspectos como: políticas públicas, cultura, contexto social e saneamento.

    Para compreendermos o papel da saúde na Educação Física Escolar no Brasil, é necessário resgatar a história da disciplina e seus respectivos períodos. A introdução da Educação Física nas escolas brasileiras se deu efetivamente através da Reforma Couto Ferraz, em 1851. Através de reforma realizada por Rui Barbosa, em 1882, houve uma recomendação que a ginástica fosse obrigatória. Porém, é somente a partir de 1920 que vários estados incluem a Educação Física em suas reformas educacionais (BETTI, 1991)

    Ghiraldelli (1998), explica que a Educação Física brasileira apresenta concepções históricas, identificando-as em cinco,nos quais os principais são as tendências: Higienista (até 1930), Militarista (de 1930 a 1945) e Esportivista(1964-1985)

    Posteriormente podemos incluir a Educação Física Popular (1985 até os dias atuais). A Educação Física Popular se desmembra em várias abordagens.A seguir analisaremos cada uma delas, tendências e abordagens, e sua relação com a saúde.

2.     A saúde e as tendências pedagógicas da Educação Física Escolar

2.1.     Tendência Higienista (até 1930)

    Esta tendência foi bastante influenciada pela medicina e pela eugenia. Segundo Darido e Rangel (2005) esta concepção possuía como preocupação principal os hábitos de higiene e saúde, valorizando tanto o desenvolvimento físico quanto o moral, a partir do exercício.

    De acordo com Luz (2007), a medicina teve um papel estratégico no desenvolvimento da Educação Física. Para o autor, os saberes e práticas da Educação Física passam a sofrer influências dos saberes da área médica, buscando uma legitimação científica, principalmente na área biomédica, como todos os saberes relativos ao corpo.

    Possuía como característica a utilização da ginástica calistênica, os professores eram da área médica, não havia interação entre alunos e professor, os mais fracos e doentes eram excluídos das aulas e não havia nenhuma interação com as questões pedagógicas da escola (SOARES, 1994).

    O tema saúde era uma preocupação da elite da época, que temendo contaminações, utilizou a Educação Física como um meio de doutrinar as classes mais baixas, no sentido de fiscalizar e promover a assepsia corporal. Tal fiscalização era realizada no início das aulas quando era realizada a inspeção, momento em que os alunos deveriam mostrar aos professores a limpeza corporal – unhas, cabelos, pescoço, braços e pernas. Alunos com qualquer tipo de doença eram eliminados das aulas, aqueles que estivessem demonstrando qualquer tipo de impureza – roupa suja, unhas a fazer, etc., eram sumariamente excluídos. As blusas do uniforme da prática de Educação Física deveriam ser brancas, fato até hoje usualmente corriqueiro nas aulas da disciplina, tal cor foi admitida por representar a pureza e a limpeza (AZEVEDO, 1920).

    Os modelos eugênico, higienista e biologicista de encarar a saúde podem ser considerados os precursores da pedagogia da Educação Física escolar, baseada na apologia ao estilo de vida ativo adquirido pela exercitação mecânica, cujos fundamentos, até hoje produz sentimentos de culpa naqueles que não seguem os direcionamentos impostos por esta tendência da disciplina no que diz respeito à aparência física (SOARES, 1994). Como afirmam Goldemberg e Ramos (2002, p. 25): “devido a mais nova moral, a da ‘boa forma’, a exposição do corpo em nossos dias, não exige dos indivíduos apenas o controle de suas pulsões, mas também o controle de sua aparência física”.

    A seguir, demonstramos a ideologia da Educação Física da época, biologicista, ilustrado por uma passagem do livro ‘Da Educação Physica’ de Fernando de Azevedo (1920, p.70):

    Por meio dessa ginástica, assim caracterizada, devem adquirir-se, sobre o ponto de vista fisico-anatômico: a beleza corporal e, sob o ponto de vista psicológico, a coragem, a iniciativa, a vontade perseverante, ou, em uma palavra, certas aptidões morais, além do equilíbrio funcional dos órgãos, que é a expressão e o índice da saúde do corpo, e, por fim, a beleza na forma e no movimento.

    Oliveira et al. (2005) defendem a hipótese de que a instituição médica, baseada no biologicismo, favoreceu a compreensão da Educação Física como sinônimo de saúde e criação de hábitos higiênicos que afastassem da população a possibilidade de contaminação por doenças e outros agravos, e como um caminho para a promoção da eugenia, ou seja, o melhoramento da raça. Portanto, a medicina contribuiu para a construção de uma Educação Física com bases biológicas, desconsiderando questões que fugissem aos aspectos anatômicos e de rendimento físico.

    Consideramos que, no período da tendência Higienista, corroborando com Ramos e Ferreira (2000), a preocupação da Educação Física era com a formação de um homem ‘brasileiro’, que pudesse representar a nação, observando-se suas características eugênicas, e que, desta forma, reforçava a idéia da saúde utilitarista, de caráter médico-higiênico (RAMOS; FERREIRA, 2000).

    Faria Junior (1991) e Mota (1992) lembram que a busca por indivíduos fortes, a preocupação com os aspectos posturais, a influência médica e a boa aparência eram as metas dos programas de Educação Física da época. Para ambos, o processo de medicalização da Educação Física ainda persiste como método, até os dias atuais.

    A tendência Higienista encerra seu ciclo, em 1930, com o advento de um mundo preocupado, não mais com o desenvolvimento da medicina, mas com a guerra (GHIRALDELLI JUNIOR, 1998).

2.2.     Tendência Militarista (1930 – 1945)

    Totalmente biologicista, como sustenta Daolio (1995), esta tendência expressa a forma como os professores compreendiam os alunos, considerando-os de forma homogênea. Com a implantação do Estado Novo, na década de 30, a escola passa a sofrer transformações nos programas das disciplinas. Assim, os professores de Educação Física passam a atuar recorrendo a filosofia da militarização, institucionalizando os corpos de seus alunos e renegando o aspecto educacional da prática (GUEDES, 1999).

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