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VILA MARIA ZÉLIA

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Por:   •  29/10/2014  •  2.468 Palavras (10 Páginas)  •  448 Visualizações

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VILA MARIA ZÉLIA

São Paulo, com toda a sua imensidão territorial possui inúmeras vilas antigas espalhadas por diversos pontos da cidade. Boa parte destas vilas foram construídas por industriais, que optavam por ceder moradias decentes aos seus funcionários próxima às suas instalações fabris. E uma delas, que abordaremos hoje aqui, é a Vila Maria Zélia.

A inauguração da Vila Maria Zélia em 1917

A HISTÓRIA DA VILA

Inaugurada em 1917, a Vila Maria Zélia começou a ser construída em 1912, pelo médico e industrial Jorge Street, para dar abrigo aos 2500 funcionários que trabalhavam na filial do Belenzinho da poderosa tecelagem Cia Nacional de Tecidos da Juta, cuja sede estava localizada nas imediações da Rua Gabriel Piza, em Santana.

A matriz era um sucesso, com funcionários trabalhando em tempo integral e a fábrica produzindo a todo vapor, inclusive em capacidade máxima, o que levou o empresário a ampliar suas instalações, optando por uma região como o Belenzinho que já recebia muitas indústrias à época e que poderia rapidamente dar abrigo a uma nova instalação industrial.

O terreno escolhido no Belenzinho foi adquirido do Coronel Fortunato Goulart, um grande proprietário de terras da região e sua extensão ia desde a atual Avenida Celso Garcia (nas proximidades do Marco da Meia Légua) até às margens do Rio Tietê, cujo traçado então era bem mais sinuoso do que hoje, já retificado.

Para projetar a nova vila operária, Jorge Street (foto ao lado), sempre preocupado com o bem estar de seus funcionários, procurou na Europa um arquiteto que pudesse colocar na prática a sua ideia de instalações dignas, que não fossem caridosas, mas sim compatíveis com a sua visão de justiça social. Foi ai que a escolha recaiu para o francês Paul Pedraurrieux.

Pedraurrieux optou por inspirar-se nas vilas estrangeiras que estavam sendo construídas naquelas primeiras décadas do século 20, cuja inspiração não estava somente no plano de ruas, mas também presente nas edificações residenciais, escolas, e nos estabelecimentos comerciais que haveriam de ser construídos no local.

O que foi erguido era uma autêntica miniatura de cidade européia dentro da capital paulista, como se fosse um bairro à parte do Belenzinho. Foi construído ali uma capela, dois armazéns, duas escolas (meninos e meninas separado), um coreto, praça, campo de prática esportiva, salão de festas e ainda ambulatórios e consultórios médicos, avanços que não poderiam ser vistos nas demais vilas operárias da época (Nota: a preocupação com o bem estar do trabalhador por parte de Jorge Street era tanta que ele em 1931 chegou a ser diretor trabalhista no governo do Presidente Getúlio Vargas).

Planta atual da Vila Maria Zélia

A vila seria inaugurada durante o ano de 1917, após 5 anos de muito trabalho para deixa-la pronta. Todo o trabalho de Paul Pedraurrieux foi acompanhado de perto por Jorge Street que não queria que nada saísse do plano original. Graças a sua determinação tudo foi feito como o planejado, sem alterações.

A festa de inauguração da vila foi um grande acontecimento não só para o industrial mas para a Cidade de São Paulo. Para a cerimônia de inauguração vieram políticos e industriais de várias parte de São Paulo e o Cardeal Arcebispo de São Paulo Dom Duarte Leopoldo e Silva foi responsável pela missa inaugural, visitando e abençoando todos os cantos da vila, sendo seguido por uma enorme multidão enquanto percorria o local (foto abaixo).

Uma vez inaugurada, a vila foi rapidamente ocupada pelos operários que já trabalhavam na fábrica ao lado, cuja inauguração foi pouco antes da vila.

Já a fábrica, por sua vez, era tão grandiosa nos números como sua matriz no bairro de Santana. Em suas instalações destinadas a fiação, tecelagem e estamparia de algodão, a fábrica da Maria Zélia possuía no seu início de 2000 teares e 84 mil fusos, além de cerca de 3000 motores elétricos cujo funcionamento tornava a empresa uma das maiores consumidoras de energia elétrica da capital. Trabalhavam na época 2500 funcionários, que somados aos 3500 de Santana atingiam um total de 6000 funcionários no grupo.

Apesar de todo este crescimento vertiginoso e da produção indo de vento em popa, o empresário acumulou dívidas cujo pagamento começou a se complicar. Para liquidar parte delas, Jorge Street decidiu vender a vila e a fábrica em 1924. Tudo foi comprado pela família Scarpa que ao tomar posse da vila imediatamente optou por mudar o nome do local, que passou então a ser conhecido como Vila Scarpa.

Mesmo não tendo agradado aos operários o novo nome da vila seria mantido durante todo o período que a família Scarpa ficou como proprietária do complexo. Em 1929, com a crise financeira que assolou o mundo e o Brasil, a família Scarpa também sofre com dificuldades para pagar algumas hipotecas. E é assim que o Grupo Guinle toma posse do local e reestabelece, tão logo assume a propriedade, o nome original Vila Maria Zélia.

Uma das ruas da Vila em 1917

Os grandes problemas da vila começariam na verdade na virada dos anos 30, quando devido a débitos fiscais com o Governo Federal a vila e a fábricam são confiscadas pelo IAPI (atual INSS).

Após ter passado para o governo a fábrica é desativada em 1931.Ela permanceria fechada por oito anos até ser comprada em 1939 e reaberta como a Goodyear. Durante estes anos os moradores puderam permanecer no local sem pagar, já que era procurado um destino para os imóveis residenciais. A partir de 1939 os moradores do local tornaram-se inquilinos, pagando aluguel ao IAPI até o ano de 1968, quando finalmente foram autorizados a comprar os imóveis em que moravam através do sistema BNH.

Já no caso dos prédios funcionais (as escolas e os armazéns) eles permaneceram (e permanecem até hoje) como propriedade federal do INSS. A capela local é administrada pela Paróquia de São José do Belém. As escolas e o armazém estão abandonados há décadas, mas a capela tem funcionamento normal.

O NOME MARIA ZÉLIA

Apesar de ser uma vila bastante conhecida e presente na memória da cidade, nem todos sabem quem é a Maria Zélia que é agraciada com o nome do local. A resposta é muito simples e está na própria família de seu fundador.

Maria Zélia

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