7 Lições De Liderança Do Passado Da Seleção Brasileira E Aplicáveis No Presente

A Seleção Brasileira alcançou recordes negativos na segunda Copa do Mundo realizada em sua própria casa, culminando com a acachapante derrota para a Alemanha na semifinal. Ainda que as derrotas tenham um sabor mais do que amargo e fazem com que o turbilhão de emoções nublem a objetividade por um tempo, manter o foco na alteração dos fatores que levaram a estes resultados, a positividade e ação assertiva são essenciais para que o momento se torne aprendizado.

E ainda que sucessos passados não garantam êxitos futuros (e o Felipão aprendeu isto muito bem), as lições positivas que tivemos em outros momentos da gloriosa história da Seleção Brasileira podem ser ensinamentos importantes não apenas para os líderes que terão a missão de juntar os cacos do selecionado nacional de futebol, mas também em outras organizações que podem (ou não) passar por crises.

1. Saber escutar é importante, principalmente a sua equipe.

Em 1958, na Suécia, a seleção brasileira não foi bem nos dois primeiros jogos, indo para o terceiro e decisivo jogo precisando vencer ou se arriscando a ser eliminada precocemente. Preocupado com a situação, Bellini, Didi e Nilton Santos, líderes dos jogadores, reuniram-se com o treinador Vicente Feola com o intuito de conversar sobre a situação e passar algumas sugestões. Dentre as sugestões dadas pelos jogadores e acatadas pelo treinador, estavam a promoção ao time titular de um jogador chamado Garrincha e do jovem talentoso e potencial chamado Pelé, além de Zito. Com os três em campo, a seleção brasileira passou a mostrar um estilo de jogo que encantou o mundo e sagrou-se, finalmente, campeã mundial de futebol.

A lição: nenhum líder tem condição de saber tudo o que acontece a seu redor. Por isto, é importante ouvir o máximo possível e dar voz a seus liderados, valorizando suas sugestões e dando e recebendo "feedbacks" construtivos. O envolvimento que isto gera aumenta o comprometimento da equipe e a possibilidade de que as soluções acertadas em conjunto tenham êxito.

A propósito, a seleção brasileira jamais perdeu um jogo com Pelé e Garrincha juntos em campo.

2. Construir relações é essencial para se alcançar os resultados, pois apoio nunca é demais.

O país sede para a Copa de 1970 foi o México. A Inglaterra era uma das favoritas ao título (foi a campeã na edição anterior da Copa) e estava no mesmo grupo do Brasil na primeira fase da competição. Com medo do chamado "Mal de Montezuma", a delegação inglesa levou toda a água e comida que seria consumida por eles durante a competição. Não é preciso muito para deduzir o que esta decisão provocou na população local, e a imediata antipatia gerada contra a seleção da rainha Elizabeth.

Quando perguntado sobre qual seria a decisão dos brasileiros, o embaixador João Batista Ribeiro respondeu: "O que é bom para os mexicanos é bom para os brasileiros.". O resultado da declaração foi a imediata simpatia dos locais pela seleção nacional, que foi crescendo ao longo da competição e culminou com a antológica invasão do gramado do Estádio Azteca após a grande final, vencida pelos brasileiros.

A lição: construir relações é importante para se conquistar resultados. Confiança, interesse, simpatia, empatia, coração e mente abertos são essenciais para se criar e manter relacionamentos com seus liderados e todos à sua volta, e ajuda na construção de um legado duradouro. Até hoje, a seleção brasileira de 1970 é lembrada com simpatia pelos mexicanos.

Nesta Copa, quem melhor entendeu esta lição foi a Alemanha. Os resultados na popularidade e na simpatia resultantes certamente durarão por muitos anos.

3. Tenha substitutos preparados e motive-os adequadamente, pois vai que...

Em 1962, Pelé, já um astro do futebol mundial, sofre uma contusão no segundo jogo da seleção brasileira, contra a Tchecoslováquia. Terminado o jogo, é constatada a gravidade da contusão, e o maior goleador de todos os tempos está fora da Copa do Mundo. Entra em campo Amarildo, O Possesso, que assume a responsabilidade de substituir o astro com galhardia e se torna um dos principais responsáveis na conquista do bicampeonato.

Em 1994, o lateral esquerdo Leonardo, um dos principais jogadores da equipe nacional, é expulso por agressão no jogo contra os Estados Unidos. Suspenso pelo resto da Copa, é substituído pelo jogador Branco, que vinha de contusão e esteve, inclusive, ameaçado de corte. Não apenas Branco o substituiu muito bem como foi o autor de um dos gols mais importantes da história da seleção brasileira, o terceiro na vitória contra a Holanda, nas quartas de final.

Na mesma Copa de 1994, o jogador Raí, principal esperança de criação no meio campo brasileiro, foi sacado do time por motivos técnicos.

A lição: ter pessoas preparadas, em sua equipe, para assumir funções e atividades é um cuidado a ser tomado pelo líder, principalmente porque não temos controle das situações que podem acontecer com a equipe. Alguém pode estar mal tecnicamente, e precisa ser substiuído, por mais difícil que seja a decisão. Sem um “plano B”, a equipe pode ficar vulnerável, e a espinha dorsal do planejamento ser quebrada.

O trocadilho da frase anterior é proposital.

4. Mantenha a leveza e o desfrute, o foco no resultado não pode ser um peso.

Em 1962, a Copa se realizou no Chile, e Garrincha foi a grande estrela da conquista do bicampeonato, principalmente depois da contusão de Pelé. Sua atuação na semifinal contra o time da casa foi tão espetacular que o jornal chileno Mercúrio estampou em sua manchete, no dia seguinte ao jogo: “De Que Planeta Veio Garrincha?”.

Apesar da evidente responsabilidade, Garrincha nunca perdeu uma leveza que muitos confundiam com alienação. Após o jogo semifinal, perguntado sobre