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A CORPOREIDADE E AS DIMENSÕES HUMANAS

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Por:   •  7/5/2014  •  1.455 Palavras (6 Páginas)  •  982 Visualizações

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A corporeidade é um conceito e um fenômeno. Conceito porque traduz epistemologicamente o evento do sujeito histórico. Fenômeno porque caracteriza a ação humana no contexto social. Como fenômeno e evento social que o sujeito constrói na relação com o meio em que vive, envolve as dimensões humanas. Os aspectos humanos desenvolvidos durante o processo de maturação (biológico) e socialização (cultura) constituem as dimensões humanas nomeadas como social, política, emocional, biológica e cultural.

A relação estabelecida entre a corporeidade e as expressões do sujeito implica em vivências no meio sociocultural que resultam no desenvolvimento dos domínios do comportamento referentes aos aspectos cognitivos e sócio-afetivos. A análise do fenômeno da corporeidade perpassa pela compreensão de conceitos subjacentes, entre eles: corpo, consciência corporal e omnilateralidade.

Há representações de corpo nas diferentes culturas e momentos históricos. Da ação motora autômata e da consciente, do corpo como instrumento de trabalho. Na antiguidade, os gregos buscavam a harmonia entre corpo e mente com atividades artísticas e atléticas. Com a Modernidade há um privilégio do reflexivo, e o ativo é tido como menos importante. Portanto, há uma segmentação entre corpo e alma, o corpo é cindido.

Descartes radicalizou a separação corpo e alma para livrar a ciência das amarras da igreja (ESPÍRITO SANTO: 1998, p. 104). O dualismo cartesiano vem com uma intenção: se por um lado o que é materializado pode ser comprovado, toda a realidade é explicável e tem um funcionamento linear, mecânico, por outro lado o que abstrato, subjetivo e relativo à alma cabe a igreja.

Como conseqüência desse processo de modernização o homem é materializado em sua imagem, trato e existência. A maquinização dos corpos é superdimensionada pelo contexto social, pela indústria cultural e pela mercadorização dos corpos, que industrializados se tornam corpo-objeto.

A Motricidade Humana concebe o homem em todas as suas dimensões e na sua singularidade, e tem como princípio o transcender . O que está embutido na nomenclatura é o movimento humano histórico, cultural, que através da consciência corporal e do movimento intencional e não alienado, constrói a análise, a crítica, a cidadania.

As situações vivenciais, quando aprendizagem, constroem a corporeidade do sujeito. Corporeidade é a história de vida, a experiência do corpo vivido expressa pela motricidade, conjunto de ações intencionais ou motríceas e que se faz no ser sendo, isto é, na medida em que se constrói história e cultura e dessa forma, o sujeito se apropria da realidade, distanciando-se da objetificação de si, por meio da consciência corporal. A consciência corporal se traduz como o conjunto de manifestações corporais estabelecidas entre os homens e o meio.

A aprendizagem pela corporeidade possibilita a problematização da realidade a partir do movimento e do corpo. Os conceitos (cultura, tempo, espaço, trabalho, lazer ) são trabalhados na descodificação (ARAGÃO, 2004, 2005; FREIRE, 1974, 1981) da realidade pelo corpo. O movimento é o movimento do cotidiano que constrói conhecimento e consciência pela apropriação da realidade, no processo da consciência corporal (MELO, 2005).

É na relação com o meio, e pelo movimento intencional, que as estruturas psico-cognitivas fixam-se e liberam outras. Nessa sucessão motrícea, o organismo se desenvolve. Então, a aquisição da linguagem implica a maturação do sistema nervoso, a integração num grupo social e a motivação afetiva. Como é próprio de todo sistema auto-organizativo, a linguagem resultante de um amadurecimento cinestésico amplia, por sua vez, a consciência.

A consciência é um campo psíquico que reúne funções e que podem resultar em atos, se faz em atos de percepção, imaginação, volição, especulação, paixão, com os quais dirigi-se para alguma coisa, a consciência é consciência de alguma coisa, visa algo e portanto é intencional. O processo de conscientização se dá no espaço relacional e se constitui na ação sobre o meio.

A consciência corpórea, como constituinte do processo de conscientização, portanto de construção de identidade, contribui para o autoconhecimento e para a compreensão do sujeito construído na interação, estabelecendo, via movimento experimentado/vivido, correlações cognitivas. É no fluxo da ação-cognição que se dá à formação de "corpo inteiro".

Isto, em decorrência da impossibilidade de decompor uma percepção, fazendo dela uma reunião de partes ou sensações (MERLEAU-PONTY, 1990, p. 46), assim, a consciência corpórea se constitui nesse fluir do sensitivo para o cognitivo em faces de um mesmo ato, em vivências únicas. O processo perceptivo da consciência corpórea tem seu correspondente na fase subjetiva da consciência.

A consciência corpórea também é a percepção do entorno, da realidade, com a ajuda do corpo. “Perceber é tornar presente qualquer coisa com a ajuda do corpo” (MERLEAU-PONTY apud MANUEL SÉRGIO 1994, p. 28), e com a ajuda da memória, evocando conceitos subsunçores para a compreensão e significação do que está sendo percebido.

Para além do domínio corporal, a consciência corpórea é formada no domínio cognitivo, porque a percepção do mundo ocorre pela sensibilidade, pelo campo do sentir, quando o sujeito incorpora o que percebe e opera no campo cognitivo, desenvolvendo o processo de conscientização também via consciência perceptiva ou corpórea. Trabalhar a consciência sinaliza para a unicidade humana na dimensão ou no “double face” corpo/mente.

Segundo Melo a noção de consciência corpórea é complexa porque traz em si aspectos sociais, simbólicos e cinestésicos. Melo propõe refletir sobre as relações estabelecidas entre a existência corporal e o mundo, em que perpassam a aceitação própria do corpo a partir das imagens impressas, nesse corpo, pela sociedade (GONZÁLEZ & FENSTERSEIFER,

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