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A Cristologia De Nicolau De Cusa

Por:   •  7/6/2023  •  Artigo  •  4.575 Palavras (19 Páginas)  •  52 Visualizações

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A cristologia de Nicolau de Cusa (1401-1464): análise em diálogo com Joseph Moingt

The christology of Nicholas of Cusa (1401-1464): Analysis in dialogue with Joseph Moingt

Francisco Emanoel Lima Santos

Resumo

A pesquisa com o tema cristologia, do período denominado por Idade Média, é bastante desafiadora. Nessa época, houve inegáveis transformações, especialmente na Baixa Idade Média. As convulsões sociais, políticas e econômicas, e as demandas relacionadas à saúde assinalaram o fim do medievo. Nicolau de Cusa (1401-1464), admirável personagem do final da Idade Média e início da Idade Moderna, teve sua notabilidade que rendeu vultosa produção literária - cerca de 30 obras. Entre as mais destacadas estão De docta ignorantia, De visione Dei, De Concordantia Catholica, De Deo abscondito e De pace fidei. O presente trabalho aborda os aspectos cristológicos do pensamento de Nicolau de Cusa em semelhança com os do teólogo jesuíta francês Joseph Moingt (1915- 2020). Com grandes obras escritas, ficou conhecido também por ter trabalhado no Instituto Católico de Paris. Ambos propõem uma cristologia aberta e humanizadora, sem as amarras da Igreja institucionalizada. A metodologia adotada é a revisão bibliográfica e analítica.

Palavras-chave: Cristo. Cristologia. Homem. Deus-Homem. Liberdade.

Abstract

Research with the theme of Christology, from the period called the Middle Ages, is quite challenging. At that time, there were undeniable transformations, especially in the Low Middle Ages. Social, political and economic upheavals, and health-related demands signaled the end of the Middle Ages. Nicholas of Cusa (1401-1464), an admirable character of the late Middle Ages and Modern

Age, had his notability that yielded a substantial literary production - around 30 works. Among the most prominent are De docta ignorantia, De visione Dei, De Concordantia Catholica, De Deo abscondito and De pace fidei. The present work approaches the Christological aspects of Nicholas’ thought in similarity with those of the French Jesuit theologian Joseph Moingt (1915-2020). With a vast amount of written work, he was also known for having worked at the Catholic Institute in Paris. Both propose an open and humanizing Christology, free from the shackles of the institutionalized Church. The methodology adopted is the bibliographical and analytical review.

Keywords: Christ. Christology. Freedom. God-Man. Man.

Introdução

Neste artigo, pretende-se analisar o pensamento sobre o Deus-Homem de Nicolau de Cusa, que viveu no século XV, em correlação1 com os aspectos cristológicos do teólogo jesuíta Joseph Moingt na sua obra Deus que vem ao homem v. II: da aparição ao nascimento de Deus - Nascimento da editora Loyola (2012). É a continuação de obras anteriores, tendo a seguinte estrutura: Introdução, Capítulo 4: Nascimento de Deus – I A suspensão do tempo: O espírito e o corpo. II O templo novo: A Igreja morada da Trindade. III O véu rasgado: O povo de Deus em êxodo.

Joseph Moingt nasceu na França, em 19 de novembro de 1915. Foi teólogo jesuíta, com especialização em cristologia. Quando tinha 23 anos de idade, no fim de 1938, entrou para o exército por ocasião da Segunda Guerra Mundial. Nesse período, ficou prisioneiro em diversos campos até ser libertado definitivamente em 1945. Após seus estudos, ordenou-se sacerdote em 1949. Depois, ingressou na função de professor em instituições de ensino por muitos anos como no Instituto Católico de Paris. Entre suas obras, destacam-se O homem que vinha de Deus (1993) e Deus que vem ao homem, dividido em tomos: do luto à revelação (v. I - 2002) e da aparição ao nascimento de Deus (v. II-I - 2005 e v. II-II - 2007).2

O artigo parte dos seguintes questionamentos: é possível encontrar pontos de convergência na cristologia de Nicolau de Cusa e Joseph Moingt? Se sim, de que forma o pensamento cristológico dos dois se confundem? Para responder a essas indagações,

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1 Essa correlação não pretende aprofundar os dois pensamentos, mas apenas apontar possíveis convergências entre os dois autores.

2 ALVES, R. G., O conceito de encarnação no horizonte teológico de Joseph Moingt, p. 16-17.

a metodologia adotada é a revisão bibliográfica e analítica, cujo propósito faz o diálogo entre esses dois autores que viveram em épocas distintas, mas pareceram apresentar convergências de pensamento, sobretudo, no que diz respeito à aparição do Deus- Homem que veio ao mundo. Assim como Nicolau de Cusa, Moingt colaborou com a cristologia, como é ressaltado por Guimarães: “Joseph Moingt, autor de uma vasta obra teológica, abrangendo muitas áreas com uma eloquente competência, muito contribuiu para a reflexão, principalmente em se tratando da cristologia”.3

Na referida obra, o teólogo Moingt aborda o tema Deus que vem ao homem: da aparição ao nascimento de Deus, sob o ponto de vista relacionado à modernidade que, aparentemente, havia deixado Deus de lado.4 Mas ressurgiu e, nesse aparecimento de Deus, são revelados a Igreja e o Espírito Santo que buscam dialogar com o mundo, o terceiro personagem. No entanto, discute-se também a vinda de Jesus como enviado do Deus-Pai ao mundo em evento histórico da revelação cristã, o Verbo Encarnado. Declarou Moingt que o “nascimento começa pela vinda de Jesus ao mundo, se manifesta por sua subida para junto do Pai e pela descida do Espírito, continua na origem e no crescimento da Igreja”.5 Nesse sentido, o pensamento dele dialoga com o de Nicolau.

Guimarães comenta que, de maneira geral, a obra de Moingt procura analisar a maneira concreta de transmitir a fé cristã na atualidade. Ele pensa como a mensagem de fé pode ser proclamada de forma compreensível para a humanidade, como resposta às interrogações vitais colocadas não somente como aceitação embasadas em uma autoridade institucional.6

Moingt parece demonstrar em suas obras a visão mais aberta, porém autônoma no que diz respeito à religiosidade e à espiritualidade das pessoas. Dá voz àqueles que necessitam, dialoga com o diferente, tenta inserir as pessoas no espaço da Igreja. Da mesma forma, Nicolau muito se preocupou com a institucionalização da Igreja com tendências exclusivistas e não inclusivas. Para Nicolau de Cusa, Cristo, o Deus-Homem, veio para unir todos em uma só fé. Ele é o evento histórico marcante, a revelação divina aos homens, a mensagem de Deus. Seguindo esse raciocínio, afirma Moingt que

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