A Filosofia Grega e a Teologia Cristã
Por: 261572 • 3/10/2025 • Resenha • 437 Palavras (2 Páginas) • 26 Visualizações
A Filosofia Grega e a Teologia Cristã: de Platão a Aristóteles na obra de Santo
Agostinho e São Tomás de Aquino
A Idade Média foi marcada por um intenso diálogo entre a fé cristã e a filosofia gre-
ga. Desde os primeiros séculos, os Padres da Igreja buscaram nos conceitos filosóficos
instrumentos para explicar a fé, defender a doutrina e estruturar uma visão de mundo coe-
rente. Nesse processo, destacam-se dois nomes fundamentais: Santo Agostinho, que en-
controu em Platão a base conceitual para sua reflexão teológica, e São Tomás de Aquino,
que, séculos depois, se apoiou em Aristóteles para compor uma síntese entre fé e razão.
1. Platão e Santo Agostinho: a primazia da alma e a busca do Bem supremo
Um dos principais pontos da filosofia de Platão apropriados por Santo Agostinho foi
o dualismo corpo-alma. Platão, especialmente no
Fédon
, sustentava que a alma é imortal,
proveniente de uma realidade superior das ideias, enquanto o corpo é transitório e limita-
do. Segundo o filósofo, “enquanto tivermos corpo e nossa alma estiver misturada a esse
mal, jamais possuiremos suficientemente o objeto de nosso desejo: a verdade”¹.
Agostinho retoma esse dualismo, mas o interpreta à luz do cristianismo. Para ele, a
alma é criada diretamente por Deus, possui dignidade superior ao corpo e é nela que se
encontra a “imagem e semelhança divina”. Como afirma Belisario, “o cristianismo absor-
veu da tradição platônica a concepção de que a alma é superior ao corpo, mas deu a essa
ideia um fundamento teológico, situando-a na criação divina”². Assim, a interioridade e a
vida espiritual tornam-se centrais para o pensamento agostiniano.
Outro ponto essencial é a teoria do conhecimento. Enquanto Platão defendia a
anamnese
— a ideia de que conhecer é recordar verdades eternas já presentes na alma
—, Agostinho cristianizou essa noção ao falar da iluminação divina. Segundo ele, “a men-
te do homem não seria capaz de conhecer a verdade se não fosse iluminada pela luz que
vem de Deus”³. O conhecimento, portanto, não é apenas esforço humano, mas participa-
ção na verdade divina.
Além disso, Agostinho encontra em Platão a ideia do
Sumo Bem
. Platão concebia
que a vida humana deveria ser orientada
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