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A Organização Burocrática

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Por:   •  6/5/2013  •  3.480 Palavras (14 Páginas)  •  360 Visualizações

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Desde os mais remotos tempos, os seres humanos tem-se agrupado em diferentes tipos de sistemas sociais para resolverem seus problemas e garantirem a perpetuação da sua espécie. Uma das possíveis classificações de tais sistemas sociais podem ser feita a partir do seu grau de organização interna. Motta e Pereira (1986) sugerem que estes sistemas sociais podem ser de três tipos: (1) inorganizados, (2) semi-organizados, e (3) organizados. Nas sociedades modernas, sejam elas capitalistas ou socialistas, um tipo especial de sistema social organizado vem se destacando: a organização burocrática. As burocracias são um fenômeno antigo, mas modernamente se tornaram um fator social dominante. A unidade básica do sistema de produção da antiguidade era a família; hoje passou a ser a empresa burocrática. Praticamente todos os aspectos da vida humana no mundo atual se relacionam de alguma forma com estas organizações formais. Do instante em que nasce, até sua morte, o ser humano, quando não está oficialmente ligado à uma burocracia, certamente faz uso de algum produto ou serviço realizado por este tipo de sistema social.

As organizações são indiscutivelmente o tipo de sistema social predominante das sociedades industriais. Enquanto que no passado a sociedade era constituída por um sem-número de pequenos sistemas sociais desorganizados, hoje são as organizações — e organizações cada vez maiores e melhor estruturadas — que dominam o panorama social contemporâneo. Enquanto que num passado não muito remoto eram a família, a tribo, o clã, o feudo, a pequena empresa familiar de caráter agrário, artesanal, ou eventualmente comercial, os sistemas sociais dominantes, no mundo moderno apenas a família, embora muito modificada, conserva sua importância. As pequenas empresas tendem a desaparecer, e aqueles outros tipos de sistema social já desapareceram, dando lugar às grandes empresas, ao estado moderno com todo o imenso conjunto de serviços que presta, aos clubes, às escolas, às igrejas, às associações de classe. Hoje, raramente uma pessoa trabalha, defende seus interesses e mesmo se diverte por conta própria, de forma isolada. Ela está inserida em organizações que coordenam seu trabalho, seu estudo, seus interesses, suas reivindicações.

Nota de rodapé: (1) Capítulo do seguinte trabalho: KOPELKE. André. Auto-atualização e organizações burocráticas. Florianópolis. 1998. Dissertação (Mestrado em Administração) — Centro Sócio-Econômico. Universidade Federal de Santa Catarina.

As organizações burocráticas também são consideradas importantes dentro da sociedade contemporânea por estarem estreitamente relacionadas ao desenvolvimento econômico, político e social de um determinado país. Max Weber (1963) identificou as organizações burocráticas como um elemento característico de sociedades relativamente avançadas quanto ao desenvolvimento capitalista. Weber não se preocupou em conceituar a burocracia, e procurou defini-la através da enumeração de suas características. Guerreiro Ramos (1983) mostra que na concepção de Weber a burocracia é um agrupamento social em que rege o princípio da competência definida mediante regras, estatutos, regulamentos; da documentação; da hierarquia funcional; da especialização profissional; da permanência obrigatória do servidor, na repartição, durante determinado período de tempo; e da subordinação do exercício dos cargos a normas abstratas.

Uma das principais causas da emergência da burocracia sobre os demais tipos de organização é a sua eficiência, ou seja, a coerência dos meios em relação aos fins visados, que se traduz num emprego mínimo de esforços (meios) para a obtenção de um máximo de resultados (fins).

“A razão decisiva para o progresso da organização burocrática foi sempre a superioridade puramente técnica sobre qualquer outra forma de organização. O mecanismo burocrático plenamente desenvolvido compara-se às outras organizações exatamente da mesma forma pela qual a máquina se compara aos modos não-mecânicos de produção. Precisão, velocidade, clareza, conhecimento dos arquivos, continuidade, discrição, unidade, subordinação rigorosa, redução do atrito, e dos custos de material e pessoal, são levados ao ponto ótimo na administração rigorosamente burocrática, especialmente em sua forma monocrática. Em comparação com todas as formas colegiadas, honorificas, e avocacionais de administração a burocracia treinada é superior, em todos esses pontos. E no que se relaciona com tarefas complicadas, o trabalho burocrático assalariado não só é mais preciso, mas em última análise, frequentemente mais barato do que até mesmo o serviço honorífico não remunerado formalmente”. (Weber, 1963, p. 249).

Mas o autor alerta para a necessidade de um outro elemento para que a burocracia atinja um grau máximo de eficiência. A sua natureza específica, bem adaptada ao capitalismo, desenvolve-se mais perfeitamente na medida em que a burocracia é desumanizada, na medida em que consegue eliminar dos negócios oficiais o amor, o ódio, e todos os elementos pessoais, irracionais e emocionais que fogem ao cálculo. E essa a natureza específica da burocracia, louvada como sua virtude especial. Quanto mais complicada e especializada se torna a cultura moderna, tanto mais seu aparato de apoio externo exige o perito despersonalizado e rigorosamente objetivo, em lugar do mestre das velhas estruturas sociais, que era movido pela simpatia e preferências pessoais, pela graça e pela gratidão.

Portanto, a superioridade da burocracia sobre os outros tipos de organização é conseqüência do seu formalismo, do seu caráter impessoal e profissional decorrente da desumanização. Esta característica é uma condição fundamental para que se obtenha a previsibilidade do comportamento de seus membros. “Sem previsão não são possíveis nem o planejamento nem o controle de uma organização. É através da previsão que se estabelecem as metas a serem atingidas, seja pela organização como um todo, seja por cada um de seus funcionários. É através da previsão que se controla por antecipação, evitando-se que a diferença entre o planejado e o realizado aumente” (Morta e Pereira, 1986, p.50).

Do ponto de vista ideal, uma organização burocrática deve funcionar como uma máquina, estando todos os seus elementos perfeitamente ajustados e regulados. Charles Perrow (1976) afirma que para uma produção ser eficiente as organizações devem estar inseridas num ambiente estável e o seu pessoal não deve ser influenciado por fatores externos à organização.

Porém, em sociedades complexas, o ambiente externo é altamente instável com constantes mudanças. Além disso, os seres humanos não podem ser reduzidos à aparelhos mecânicos. Um indivíduo,

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