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Analise Multifatores

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Por:   •  3/1/2015  •  546 Palavras (3 Páginas)  •  182 Visualizações

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Mas antes de realizar por completo o afastamento, alguns diálogos realizados com os pesquisadores, sobretudo Ronaldo Francini-Filho, que o processo para a definição te tal área não fora tão trivial. Várias reuniões foram realizadas, foram utilizados de vários recursos para poder chegar a um entendimento básico para que a definição final fosse acordada. Recentemente, Ronaldo mencionou que inclusive fora utilizado uma foto panorâmica para que a comunicação entre pesquisadores e pescadores tivesse um mínimo de entendimento. Segundo ele, isso foi tão apropriado no início, que eles indicaram uma área como sendo importante para se criar a referida zona de proteção, porém do ponto de vista da visão das correntes da ecologia e biologia marinha, se tratava de um sequeiro ao qual não tinha nenhuma condição de abrigar os recursos pesqueiros e pelo esforço de proteção realizar o aumento de peixes para áreas adjacentes.

Destarte, tal situação aparenta certa contradição entre as afirmações dos pescadores e dos agentes públicos, terceiro setor e de universidades. Se analisarmos apenas pela forma dos discursos apresentado por ambos os lados, poderia ser considerado que alguém estaria mentido. A contradição está na carga normativa que cada um utiliza para marcar os seus pontos de vista, enquanto recurso de retórica. Seria um pouco maniqueísta se apenas considerar o conteúdo desprovido da carga normativa, uma vez que o ator fala para o outro a partir não só do ponto de vista pessoal, mas sim das instituições e normas pertencentes de cada um.

Segundo Acserald (2004) os conflitos ambientais se definem a partir das relações de poder em dois espaços que são relacionados aos modos de apropriação de base material da sociedade. O espaço da distribuição ao quais os sujeitos sociais são dotados de capacidade diferencial de acesso a bens e recursos ambientais, como sendo um tipo de capital material ao qual desenvolvem as lutas sócias, políticas e econômicas, mudança e ou conservação da estrutura de distribuição de poder. O segundo espaço de confronto das representações, valores e crenças, que organizam as visões de mundo, legitimando ou não os modos de apropriação de distribuição do poder, onde desenrola uma luta simbólica (ACSERALD, 2004).

Situando a partir da ideia das representações normativas que cada ator apresenta, e balizando tal perspectiva na ideia de campo, vemos que cada um produz um determinado conjunto de crenças e valores tendo como pressuposto a utilização de seu capital cultural incorporado ou habitus. Neste sentido, o campo deve ser entendido como um sistema simbólico de dominação, ou poder simbólico que são duplamente construídos em estruturas estruturantes e de estruturas estruturadas (BOURDIEU, 2007).

Partindo dessas premissas iniciais, o enquadrando do objeto na temática de conflitos socioambientais em Unidades de Conservação, ao qual considero a constituição do campo de conflitos, como espaço de estabelecimento de uma autoridade ou um poder, a partir de um sistema de relações objetivas entre as posições dos agentes neste campo (BOURDIEU, 2007). Partindo dessa premissa, presumo a hipótese que no caso da Resex do Corumbau, a constituição deste campo, tendo como marco importante à elaboração de seu plano de manejo e seu zoneamento, não produziu acordos duradouros, mas condições de divergência, ao quais os atores em disputa (ambientalistas e pescadores locais) modelam e remodelam a representação de natureza como forma de justificar os objetivos e interesses de cada ator.

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