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BOAVENTURA – A ILUSÓRIA DESGLOBULIZAÇÃO

Por:   •  28/5/2018  •  Resenha  •  697 Palavras (3 Páginas)  •  213 Visualizações

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BOAVENTURA – A ILUSÓRIA “DESGLOBALIZAÇÃO”

Entende-se por globalização a intensificação de interações transnacionais para além do que sempre foram as relações entre Estados nacionais, as relações internacionais, ou as relações no interior dos impérios, tanto antigos como modernos. São interações que não são, em geral, protagonizadas pelos Estados, mas antes por agentes econômicos e sociais nos mais diversos domínios. Escrevendo a mais de vinte anos Boaventura chama a atenção para complexidade e mesmo o caráter contraditório da realidade que se aglomerava sob o termo “globalização”, muito do que era considerado global tinha sido originalmente local ou nacional.

A globalização, ao contrário do que o nome sugeria, não eliminava as desigualdades sociais e as hierarquias entre os diferentes países ou regiões do mundo e também produzia vítimas (normalmente ausentes dos discursos dos promotores do processo) que teriam agora menor proteção do Estado, fossem elas trabalhadores industriais, camponeses, culturas nacionais ou locais, etc.

Por causa da dinâmica da globalização, as vítimas ficavam ainda mais presas aos seus locais e na maioria dos casos só saíam deles forçadas. Boaventura denomina a estes processos de contraditórios globalismos localizados e localismos globalizados.

A resistência das vítimas beneficiava por vezes das novas condições tecnológicas tornadas disponíveis pela globalização hegemônica. Podemos diagnosticar como desglobalização, as manifestações referidas que são dinâmicas nacionais e subnacionais. Quanto às primeiras, salientam-se o Brexit, pelo qual o Reino Unido decidiu abandonar a UE, e as políticas protecionistas do presidente dos EUA, Donald Trump, e a sua defesa do princípio da soberania, insurgindo-se contra os tratados internacionais (sobre o livre comércio ou a mudança climática), mandando erigir muros para proteger as fronteiras, envolvendo-se em guerras comerciais – entre outras, com o Canadá, a China e o México

Assiste-se à emergência ou reacendimento da afirmação de identidades nacionais ou religiosas em luta pela secessão ou autogoverno no interior de Estados, de fato, plurinacionais. Essas manifestações constituem como sempre contraditórias, de uma nova fase de globalização mais dramática, mais excludente e mais perigosa para a convivência democrática, se é que não implicam o fim desta. Alguns deles, contra as aparências, são afirmações da lógica hegemônica da nova fase, enquanto outros constituem uma intensificação da resistência a essa lógica.

Para Boaventura não parece que estejamos diante de um momento de desglobalização, e sim estamos antes perante novas manifestações da globalização, algumas delas bem perigosas e patológicas. O apelo ao princípio da soberania por parte do presidente dos EUA é apenas o vincar das desigualdades entre países que a globalização neoliberal tem vindo a acentuar.

A soberania dominante, combinada com a auto regulação global do capital financeiro, dá azo a fenômenos tão diversos quanto sub-financiamento dos sistemas públicos de saúde e educação, a precarização das relações laborais, a chamada crise dos refugiados, os Estados falidos, o descontrole do aquecimento global, os nacionalismos conservadores.

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