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Bioquimica Do Meio Bucal

Trabalho Universitário: Bioquimica Do Meio Bucal. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  8/10/2013  •  4.694 Palavras (19 Páginas)  •  9.716 Visualizações

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BIOQUÍMICA DA SALIVA E MEIO BUCAL

1. - INTRODUÇÃO

A saliva presente na cavidade oral , é constituída por várias secreções e outros componentes .Refere-se que esta mistura inclui: as secreções de todas as glândulas salivares (maiores e menores ) ; os produtos do metabolismo da flora bucal ; as células bacterianas ; as células epiteliais escamadas , e as secreções creviculares gengivais (da gengiva narginal dos dentes ) .

1.1 - Fisiologico

A secreção salivar é um líquido aquoso que contém, em solução, uma multiplicidade de substâncias, principalmente proteínas e glicoproteínas. Dentro das glicoproteínas destacam-se a mucina, moléculas de alto peso molecular que conferem à saliva a propriedade de viscosa mucinosa. Quando a proporção de mucina predominar sobre a concentração de proteína na saliva, fala-se de secreção mucosa; no segundo caso, quando for maior a concentração de proteína fala-se de secreção serosa.

As células produtoras de saliva podem ter duas características citológicas diferentes, segundo o tipo de secreção salivar que sejam capazes de secretar. Por exemplo, as células que secretam saliva mucosa apresentam menor densidade eletrônica, são células claras, contendo poucos grânulos no citoplasma, que pelo fato de secretar mucina, são chamados grânulos mucinogênicos.

Estas células claras encontram-se nas glândulas salivares menores e, entre as maiores, principalmente na glândula sublingual e estão na parótida. As células salivares isoladas, espalhadas na mucosa bucal e faríngea, em geral, são apenas células com grânulos de mucinogênio (claras). As células secretoras de saliva serosa têm características diferentes; são escuras, porque contêm alta proporção de grânulos de zimogênio, isto é, formadores de proteínas, entre elas enzimas (zimo = fermento).

Estas células só existem nas glândulas salivares maiores, mas predominam definidamente na glândula parótida (são praticamente as únicas) e diminuem, proporcionalmente, na submandibular, sendo escassas na sublingual. Estas células (claras e escuras) diferem ainda, entre si, pelas características do núcleo.

2 - DESENVOLVIMENTO

2.1 - Composição química da saliva.

Além de conter ar, que lhe dá os aspecto espulmoso , a saliva tem como principais componentes químicos : água (99,5%), ptialina (0,1%) , nitrogênio , enxofre , potássio , sódio , cloro , cálcio , magnésio , ácido úrico e ácido cítrico.

Possuem proteínas estruturais ( mucinas , estaterrina , aglutininas , lactoferrina , gustina e sialina ) , enzimáticas ( amilase , fosfatase ácida , estearase , lisozima , peroxidase, anidrase carbônica e calicreína ) e imunológicas ( imunoglobulinas , IgA salivar ou imunoglobulinas secretoras : SigA )

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Figura 01: Composição química da saliva.

2.2 - Glândulas Salivares.

São glândulas exócrinas , localizadas no vestíbulo (bucais e labiais ) e na cavidade bucal ( do assoalho , da língua e palatinas ) , constituídas por ácinos seromucosos e mucosos . As glândulas salivares são estimuladas pelo sistema nervoso autônomo e pelos hormônios vasopressina e aldosterona .As glândulas mais ativas são as submandibulares e as menos ativas são as sublinguais , figura 02.

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Figura 02: Glândulas.

A saliva é produzida e secretada pelas glândulas salivares menores , que são glândulas dispersas em toda a camada de epitélio que reveste o palato , os lábios , as bochechas , as tonsilas e a língua , secretam apenas muco com a função de conservar a umidade da mucosa oral ; e as glândulas salivares maiores , que estão localizadas fora das paredes da cavidade oral. Constituídas por três pares de glândulas , são considerados como as principais responsáveis pela secreção da saliva . São elas: as parótidas , as submandibulares e as sublinguai

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Figura 03: Glândulas.

2.3 - Função da Saliva.

• Regulação do pH do meio bucal a 6,9 através dos tampões salivares, mucina, bicarbonato e mono fosfato,evitando as lesões produzidas pelos excesso de ácidos e de bases;

• Digestão inicial dos polissacarídeos, como o amido e o glicogênio, que são convertidos em maltose;

• Proteção da mucosa bucal e dos dentes, com uma lubrificação perfeita, evitando o ressecamento dessas unidades biológicas;

• Autólise ou limpeza da boca através dos movimentos mastigatórios

• Aglutinação das partículas alimentares para a formação do bolo alimentar que, perfeitamente lubrificado, desliza suavemente pelas paredes do tubo digestivos.

2.4 - Microorganismos presente na saliva.

Possui bactérias cocos gram positivas (Staphilococos , Streptococos) e cocos gram negativos (Neisseria , Veilonella) , bacilos gram negativos (bacterióides , fusobacterium), espiroqueta. As mais importantes são : S . mutans , S. salivariuse , S sagüis .

As funções dos microbiotas são favorecer o densenvolvimento da cárie em regiòes de sulcos , fossulas e fissuras ; promover aderência entre as glicoproteínas salivares ; na sacarose – polímeros adesivos ( enzima glicuroniltransferase : sacarose : glucano e frutano).

2.4.1 - Os principais problemas da saliva.

a) Contaminação do preparo cavitário :

No ato da restauração dentária deve-se ter muito cuidado com o isolamento do dente a ser restaurado, para evitar que a saliva contamine o preparo cavitário ou, ainda , que ela conduza microorganismos patogênicos de meio bucal para o interior dos tecidos , por via intrapulpar .

b) Alteração química dos materiais restauradores:

A saliva, também, ao se misturar com os materiais restauradores , pode-lhes causar alterações de cor , dar-lhes um tempo de vida menor , tornando-os menos consistentes , mais suscetíveis , portanto , a fraturas e ao processo de corrosão , etc .

c) Alteração na composição da saliva:

Isto pode levar à alteração do odor da saliva , resultando em halitose ou, ainda , causar deficiência na gustação , resultando em hipogeusia . A saliva pode ter sua composição química alterada nos seguintes casos, principalmente : nos fumantes ; nos pacientes em regime de emagrecimento; nos pacientes que fazem uso de certos medicamentos ,como os anorexígenos , por exemplo ;nos casos em que há bloqueio dos órgãos emunctórios (glândulas de secreção) , e em enfermidades diversas , tais como na insuficiência supra-renal e outras .

d) Alteração da viscosidade da saliva:

As alterações na viscosidade salivar também podem resultar em doenças obstrutivas das glândulas salivares , conhecidas por sialolitíases .

e) Alteração no fluxo salivar :

As alterações no fluxo salivar também podem causar halitose . O fluxo salivar pode vir diminuído (xerostomia) ou aumentado (sialorréia) em relação ao fluxo normal .

f) Xerostomia:

Ocorre quando o fluxo salivar é reduzido ao ponto de causar secura da boca. É causada por: medicamentos xerostômicos , como a atropina ; medicamentos anorexígenos ; radioterapia da cabeça e pescoço ; deficiência de vitaminas do complexo B ; nos pacientes diabéticos ; na menopausa ; na ansiedade ; o álcool e a cafeína podem reduzir o fluxo salivar ; e nos idosos a saliva é mais viscosa e em menor quantidade , causando-lhes uma halitose característica .

g) Sialorréia (sialismo / ptialismo):

Ocorre quando a saliva é produzida em grande abundância . Isto ocorre : por medicamentos sialogogos ,como a pilocarpina ; na intoxicação mercurial ; nos distúrbios gástricos (azia) ; na erupção dentária ; no estresse psicogênico , e nos pacientes com deglutição atípica .

h) Halitose:

Alterações tanto na composição química da saliva como na sua viscosidade ou, ainda , no fluxo salivar podem produzir mudanças no seu odor , resultando em halitose .

i) Fonte de transmissão de doenças:

Além de todos os problemas citados anteriormente , devemos ter muito cuidado com a saliva , principalmente pela possibilidade de ela ser uma fonte de transmissão de doenças infecto-contagiosas as mais diversas , desde um simples resfriamento , passando por doenças estigmatizantes como a tuberculose até outras doenças mais complicadas e perigosas , como a hepatite B e a Aids .

Com relação à Aids , sabe-se que o HIV já foi isolado da saliva , mas ainda não se tem comprovação científica de que ela , pura e simplesmente , transmita esse vírus ; porém , se a mesma contiver resquícios de sangue ,por exemplo , poderá se transformar numa fonte perigosa de transmissão dessa doença.

A mesma coisa vale para a hepatite B , haja vista que na cavidade bucal o VHB fica mais concentrado nos sulcos gengivais , estando o cirurgião – dentista freqüentemente exposto à infecção por esse vírus ao executar rotineiramente raspagens subgengivais e curetagens gengivais muitas vezes em pacientes AgHBs positivos , situações em que sem duvida a saliva desses pacientes se misturará ao sangue extravasdo dos tecidos periodontais .

Outras doenças que podem ser transmitidas via saliva são : gripe , herpes , caxumba, sarampo , escarlatina , herpangina e outras .

3. CONCLUSÃO

Conclui que a necessidade de o profissionais de Odontologia se resguardarem contra doenças desagradáveis , passando a adquirir o hábito rotineiro do uso de todos os meios de proteção disponíveis , tais como luvas , máscaras, gorros , óculos , aventais etc . não apenas quando forem manipular diretamente com sangue , mas sim durante todo o seu trabalho diário com pacientes, situação em que estão expostos à saliva dos mesmos .

Conclui também que a saliva é de grande interesse para médicos da cavidade oral, pois possui varias funções e contem vários tipos de microrganismo o meio bucal é uma parte intima do paciente por isso devemos trabalhar com respeito e correto .

4. BIOQUÍMICA DO MEIO BUCAL

O meio bucal apresenta na sua constituição além de várias moléculas bioquímicas, há presença de alguns tipos de microrganismos. Estes microrganismos para se manterem e proliferarem necessitam de uma fonte de carbono como alimento utilizando os restos alimentares que permanecem no meio bucal como o carboidrato, a proteína e os lipídeos. Como conseqüência dessa ingestão, eles produzem o ATP que passa a ser a energia necessária para a manutenção das suas atividades celulares. Como conseqüência dessa formação de energia tem-se a produção de resíduos que são excretados por esses microrganismos no meio bucal e conseqüentemente provocam alteração no dente. No caso, dos microrganismos anaeróbios o produto final desse processo metabólico é o acido láctico, que ao ser excretado no meio bucal provoca uma acidez podendo ocasionar o desgaste do esmalte do dente, possibilitando a formação da cárie dentária.

*Digestão do Amido e do Glicogênio

Amido é a substância de reserva energética dos vegetais. Faz parte da nossa alimentação, sendo digerido na boca pela ação das amilases.

O glicogênio, é a reserva energética de carboidratos dos animais, existindo em todos os tecidos, inclusive na polpa dental, no fígado, nos músculos e nos outros tecidos.

Tanto o amido quanto o glicogênio são macromoléculas. O amido pode-se apresentar na forma de alfa amilase, ou amido solúvel. O glicogênio tem a estrutura química da amilopectina.

Na digestão do amido na boca, é muito importante a atividade da amilase salivar, que mede o tempo mínimo que a enzima leva para digerir totalmente o amido em condições ótimas de temperatura, pH e concentração de cloretos.

A importância é que após a hidrólise total do amido teremos a maltose, que pela ação da maltase, converte-se em glicose.

A fermentação da glicose na via glicolítica produz ácido láctico, um ponto marcante para o início da cárie dental. A atividade da amilase salivar funciona como um índice relativo da atividade da cárie dental. Normalmente a atividade da amilase salivar é de 100 a 150 ua/ml de saliva.

Amilase salivar elevado = maior taxa de ácido láctico, maior susceptibilidade à cárie dental.

Amilase salivar baixo = menor taxa de ácido láctico, menor susceptibilidade à cárie dental.

O grão de amido é uma mistura de dois polissacarídeos, amilose e amilopectina, polímeros de glicose formados através de síntese por desidratação (a cada ligação de duas glicoses, no caso, há a "liberação" uma mólecula de água).

Amilose:

Macromolécula constituída de 250 a 300 resíduos de D-glicopiranose, ligadas por pontes glicosídicas α-1,4, que conferem à molécula uma estrutura helicoidal.

Amilopectina:

Macromolécula, menos hidrossolúvel que a amilose, constituída de aproximadamente 1400 resíduos de α-glicose ligadas por pontes glicosidicas α-1,4, ocorrendo também ligações α-1,6, que dão a ela uma estrutura ramificada. A amilopectina constitui, aproximadamente, 80% dos polissacarídeos existentes no grão de amido.

Na digestão o amido é decomposto por reações de hidrólise em carboidratos menores. Essa hidrólise é efetuada pelas enzimas amilases existentes na saliva e suco pancreático.

▪ A enzima α-amilase ( α-1,4-glicano hidrolase ) rompe as ligações glicosídicas α-1,4 da amilose originando uma mistura de maltose, amilopectina e glicose. Rompe também as ligações α-1,4 da amilopectina, originando uma mistura de polissacarídeos denominadas dextrinas.

▪ A enzima β-amilase ( β-1,4-glicano maltohidralase ) rompe as ligações α-1,4 dos polissacarídeos resultantes da hidrólise da amilopectina, originando maltose pura.

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O QUE É FERMENTAÇÃO?

A fermentação não deve ser confundida com a respiração anaeróbica (processo no qual algumasbactérias produzem energia anaerobicamente formando resíduos inorgânicos). Trata-se, na verdade, de um processo anaeróbio de transformação de uma substância em outra, produzida a partir de microorganismos, tais como bactérias e fungos, chamados nestes casos de fermentos.

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A fermentação é um conjunto de reações químicas controladas enzimaticamente, em que uma molécula orgânica (geralmente a glicose) é degradada em compostos mais simples, libertando energia. Em alguns casos a fermentação é usada para modificar um material cuja modificação seria difícil ou muito cara se métodos químicos convencionais fossem escolhidos. A fermentação é sempre iniciada por enzimas formadas nas celas dos organismos vivos. Uma enzima é um catalisador natural que provoca uma mudança química sem ser afetado por isto.

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Hoje sabemos que os processos fermentativos resultam da atividade de microorganismos, como as leveduras ou fermentos (fungos) e certas bactérias. A levedura comum é um fungo composto de minúsculas células tipo vegetais similares às bactérias. Suas enzimas invertase e zimase quebram o açúcar em álcool e gás carbônico. Elas crescem o pão e transformam suco de uva em vinho. Bactérias azedam o leite produzindo ácidos láctico e buturico. Células do corpo humano produzem enzimas digestivas, como pepsina e renina que transformam comida em uma forma solúvel. Exemplo de fermentação é o processo de transformação dos açúcares das plantas em álcool, tal como ocorre no processo de fabricação da cerveja, cujo álcool etilico é produzido a partir do consumo de açúcares presentes no malte, que é obtido através da cevada germinada.Outro exemplo é o da massa do (bolo, pão) onde os fermentos (leveduras) consomem amido.

De um modo geral o termo fermentação também é usado na biotecnologia para definir processos aeróbios.

COMO PODE OCORRER A FERMENTAÇÃO?

Há dois tipo de fermentação:

• Fermentação aeróbica: ocorre na presença de oxigênio do ar, como por exemplo no ácido cítrico e na penicilina.

• Fermentação Anaeróbica: ocorre na ausência de oxigênio, como por exemplo na cerveja, no vinagre, no iogurte e até em cãimbras.

*Fermentação Láctica

Fermentação láctica é o processo metabólico no qual carboidratos e compostos relacionados são parcialmente oxidados, resultando em liberação de energia e compostos orgânicos, principalmente o ácido láctico, sem qualquer aceptor de elétrons externo. É realizado por um grupo de microrganismos denominado de bactérias ácido-lácticas, as quais têm importante papel na produção/conservação de produtos alimentares. Pode ser classificada em dois tipos, de acordo com a quantidade de produtos orgânicos formados: homolática e heteroláctica.

Os microrganismos produzem as amilases e dextranases, que digerem o amido, glicogênio e outros polissacarídeos, também estão aptos a produzirem outras oxidases, que digerem outros oligossacarídeos.

Assim a sacarase, desdobra a sacarose em glicose e frutose; a lactase desdobra a lactose em glicose e galactose; e a maltase desdobra a maltose em duas moléculas de glicose. Em seguida, ocorre a via glicolítica que desdobra a glicose e o glicogênio em ácido láctico.

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Este tipo de fermentação láctica recebe o nome de homolática em virtude de ser produzido apenas o ácido láctico.

Há também a fermentação heteroláctica que envolve uma reação de autooxido-redução em que uma molécula de ácido pirúvico se oxida a ácido acético à custa de outra molécula que se reduz a ácido láctico e a gás carbônico:

CH3 – CO – COOH + CH3 – CO – COOH ( CH3 – COOH + CH3 – CHOH – COOH + CO2

Ácido pirúvico Ácido pirúvico Ácido acético Ácido láctico Gás carbônico

*Fermentação alcoólica

A fermentação alcoólica é o processo químico de tranformação dos açúcares em álcool. Este processo é desencadeado por leveduras, sendo por vezes necessário adicioná-las para que o processo se inicie.

É o processo através do qual certos açúcares, principalmente a Sacarose, Glicose e Frutose são transformados em Álcool Etílico (ou Etanol).

Para que isto ocorra, entretanto, torna-se necessária a acção de um "polo enzimático" para o desdobramento destes açúcares em álcool. Estas enzimas são fornecidas por microorganismos denominados "Leveduras" ou "Fermento".

As leveduras são células com um diâmetro médio ao redor de 5 micrómetros, e só podem ser vistas através de um microscópio. Importa realçar a temperatura de fermentação. Ao fermentar, o mosto liberta calor e eleva a sua temperatura.

Pode calcular-se que a temperatura se eleva um grau centígrado por cada grau de álcool que o mosto contém. Quer isto dizer que um mosto que inicia a sua fermentação a 15º C, e que tem 10% vol., atingirá uma temperatura da ordem dos 25º C.

A temperatura influencia o desenvolvimento da fermentação. Esta é impossível abaixo dos 12º C e tanto mais rápida quanto mais elevada for a temperatura. Porém, as temperaturas mais elevadas exterminam as leveduras responsáveis por laborar os aromas e propiciam o aparecimento da indesejável acidez volátil, pelo que se torna necessário controlá-la o que pode prolongar o tempo de fermentação de um mosto até às três a quatro semanas.

Existem várias formas, mais ou menos sofisticadas, de conseguir controlar a temperatura de fermentação - desde sistemas eléctricos de refrigeração a simples chuveiros sobre cubas de aço inox, passando por adegas bem frescas.

Os microrganismos do meio bucal, especialmente Sacharomyces cerevisae e Candida, transformam a glicose em álcool etílico, conforme a via glicolítica anteriormente descrita, resultado, ao final, ácido pirúvico, que se descarboxila produzindo etanal, que por sua vez se reduz a etanol:

1. Glicose ( CH3 – CO – COOH

2. CH3 – CO – COOH ( CH3 – CHO

3. CH3 – CHO ( CH3 – CH2OH

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*Putrefação

As enzimas bacterianas (colagenases, gelatinases, etc.) atuam sobre:

- as proteínas da dieta

- as proteínas salivares

- as proteínas teciduais da mucosa bucal (periodonto de proteção) em casos de ulceração e irritação

A invasão do periodonto leva a transformações bioquímicas que resultam em pus como material necrótico:

- dor

- odor fétido

As transformações bioquímicas da putrefação podem ser esquematizadas como se segue:

1) DESAMINAÇÃO

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• pH elevado.

• facilita a

• invasão de

Microrganismos.

• Início da

Periodontose

2) DESCARBOXILAÇÃO

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• Bases orgânicas

tóxicas.

• Facilitam instalação do

Tártaro.

• Odor desagradável

3) MISTAS

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Exemplos de produtos tóxicos e fétidos:

- Tirosina ( Fenol (ácido, cáustico e tóxico)

- Triptofano ( Escatol e Escatoxil (substância fétida)

- Ornitina (Putrescina (substância fétida)

- Lisina ( Cadaverina (substância fétida)

- Cisteína (Gás sulfídrico

O gás sulfídrico, e os tióis (derivados do Enxofre), escatol, amônia e amina são tóxicos, irritantes da mucosa bucal e de odor fecalóide, portanto respondem pelo mau hálito ou halitose em certas pessoas.

Cárie

Cárie é uma doença com pelo menos 500.000 anos de idade, como evidenciam os registros esqueléticos. Esta remonta aos tempos bíblicos (VerBíblia). Foi detectada em todos os povos, em todas as raças e em todas as épocas.

Na América, a cárie incide em cerca de 95% da população, incluindo os Estados Unidos, país de elevado padrão higiênico. Assim, a cárie dental constitui, inegavelmente, sério problema social.

Ao longo do tempo, foram propostos diferentes conceitos sobre a etiologia da cárie dentária. No final do século passado, Miller introduziu a teoria quimiositária, afirmando que diversos microrganismos da cavidade bucal eram capazes de produzir ácido através da fermentação do açúcar, e que estes dissolviam os cristais de hidroxiapatita dos dentes. Paul Keyes, estabeleceu o clássico conceito de três círculos superpostos indicando que no dente, os microrganismos e o substrato devem estar presentes, ao mesmo tempo, para o desenvolvimento da cárie dentária.

O conceito de causalidade, atualmente aceito, é bem mais complexo do que os sugeridos por KEYES e MILER, pois sabe-se que o acumulo de microrganismos capazes de converter carboidratos em ácidos nem sempre resulta em lesões de cárie. Por exemplo, o acúmulo freqüente de placa observado ao longo de margem gengival na superfície lingual de molares inferiores, raramente leva ao desenvolvimento de lesões de cárie, pois essas áreas estão em contato constante com a saliva. Do ponto de vista filosófico, tanto os microrganismos capazes de produzi ácidos a partir da fermentação de açúcares fermentáveis podem ser considerados fatores necessários, mas não suficientes para o desenvolvimento da cárie dentária. Ao longo dos anos, pesquisas revelaram uma multiplicidade de fatores biológicos ou determinantes que podem influenciar ou não a cariogenicidade, da placa. Dessa forma, na atuação a cárie dentária é caracterizada como uma doença multifatorial.

Thystrup, Bruun (1992) e Fejerskov (1994), todavia, alertaram para o fato da importância relativa dos vários determinantes ser diferente. De acordo com esses autores, o fator essencial que determina se a placa será ou não cariogênica, é o atrito mecânico e a descamação que ocorre na boca. Por outro lado, a velocidade de progressão da lesão é influenciada pela complexa interação entre os fatores individuais e externos. De acordo com esta interpretação, a cárie dentária deve ser considerada como um processo patológico localizado, que ocorre em "áreas de estagnação" dos dentes, onde é permitido o desenvolvimento da placa cariogênica. Define-se áreas de estagnação como sendo locais que favoreçam o crescimento bacteriano.

Locais:

A cárie é um fenômeno essencialmente de superfície e nele intervém obrigatoriamente os microorganismos.

Na produção de cárie, exige-se o contato entre os microorganismos envolvidos e o substrato glicídico na superfície do dente. Deste contato resulta a produção da placa dental e na intimidade dela ocorre a fermentação do material glicídio e protéico, resultando em ácidos que iniciam a descalcificação do esmalte dentário.

O trinômio: dente-microorganismos-glicídios é condição sine qua non para a produção da cárie dental. Rompida esta cadeia, a cárie não se produz. Neste particular, merece especial citação a experiência levada a termo por Kite, Shaw e Sognnaes, da qual concluíram que a dieta cariogênica em ratos deixa de sê-lo quando administrada, aos mesmos animais, por sonda gástrica. A ração só favorece a cárie se entrar em contato com a superfície dental.

Os fatores locais são, pois, mais importantes que os fatores gerais ou sistêmicos em relação à etiologia da cárie dental.

Na realidade, podemos dizer que os fatores locais procuram explicar a causa direta da cárie dental, e os fatores gerais ou sistêmicos explicam as condições coadjuvantes, que predispõem e facilitam a instalação da cárie.

As provas da prevalência dos fatores locais sobre os gerais se avolumam dia a dia. Três hipóteses químico-parasitárias-locais foram formuladas para explicar a etiologia da cárie:

Teoria acidogênica: Miller e Fosdick

A maioria, hoje tende a esposar a idéia original de Miller, 1890, defendida por Fosdick e seus associados, para a flora acidogênica é a principal responsável pelo comprometimento do esmalte.

Os microrganismos acidogênicos da placa dental decomporiam os açúcares, resultando em ácidos, notadamente o ácido lático, que inicia a dissolução do esmalte dentário. Em seguida, os microrganismos proteolíticos se instalam na lesão inicial, atacando a matriz orgânica protéica do esmalte, resultando em novo contingente ácido, representado pelos aminoácidos, hidroxiácidos,cetoácidos, ácido cético, ácido sulfúrico, etc., que prosseguem descalficificando e destruindo todo o esmalte, propiciando a invasão de toda a estrutura dentária pelos microrganismos do meio bucal.

Assim sendo, a teoria acidogênica explica os eventos bioquímicos, conforme as seguintes etapas:

▪ Dissolução do esmalte

A hidroxiapatita, em meio ácido, fragmenta-se em unidades de ortofosfato de cálcio insolúvel e, posteriormente, em ortofosfato monoácido de cálcio solúvel.

1. Ca10(PO4)6 * (OH)2 → 3Ca3(PO4)2

2. 3Ca3(PO4)2 → 6CaHPO4

▪ Proteólise da matriz esmalte

A matriz protéica da matriz esmalte pela ação das proteínas elaboradas pelos microrganismos proteolíticos produzem aminoácidos diversos, e estes, através de enzimas específicas, sofrem os processos bioquímicos de desaminação, descarboxilação, oxidação e redução,originando vários outros ácidos, que prosseguem com a destruição da estrutura dentária.

Podemos resumir esses eventos, conforme a seqüencia de reações:

1. Proteínas da matriz (proteases)→ R - CH * NH2 - COOH

2. R-H * NH2-COOH → hidroxiácidos, cetoácidos, ácidos acético, ácido cítrico, ácido sulfúrico, etc.

Teoria proteolítica: Bodecker e Gottieb

Esta teoria, iniciada por Bodecker, em 1927, e defendida por Gottieb e outros, admite ataque inicial pelas enzimas proteolíticas elaboradas pelos microorganismos que penetram pelas lamelas e fendas do esmalte e, aí, colonizam-se. Segue-se, então, a produção de ácidos que descalcificam o esmalte.

As reações bioquímicas são as mesmas descritas na teoria acidogênica, mas primeiro ocorrem as reações da Etapa II, que transformam as proteínas das lamelas e das fendas em ácidos. Em seguida, ocorrem as reações da Etapa I, que acabam por solubilizar o esmalte dentário, completando-se a invasão da estrutura dentária pelos microorganismos do meio bucal.

Teoria da proteólise com quelação: Evan, Prophet e Schatz

De acordo com Evam e Prophet, proteólise e desmineralização ocorrem em pH ligeiramente ácido (6,0-6,9), o que serviu de base a Schatz e colaboradores para lançar a teoria da proteólise comquelação, segundo a qual, o cálcio das estruturas dentárias é retirado na forma de complexos orgânicos chamados quelatos de cálcio, que são solúveis em pH neutro ou ligeiramente ácido

Gerais ou sistêmicos

São fatores coadjuvantes que predispõem o organismo à instalação da cárie dental.

Fatores hereditários

A hereditariedade é muito importante, pois o patrimônio genético herdado dos pais determina o biótipo constitucional característico, aparecendo descendentes que são mais ou menos resistentes à cárie dental, como as observações clínicas demonstradas.

Nutricionais ou dietéticos

Estes fatores são capazes especialmente importantes, principalmente durante a odontogênese, influindo decisivamente na maior ou menor resistência das estruturas dentárias à cárie.

Analisaremos os seguintes fatores:

▪ Proteínas

As proteínas são constituintes orgânicos fundamentais das matrizes do esmalte e da dentina. Primeiro ocorre a formação da matriz protéica e, em seguida, há a precipitação dos sais de cálcio, organizando-se o esmalte e dentina.

▪ Minerais

1. Cálcio e fósforo: são particularmente importantes na formação dos cristais de hidroxiapatita - Ca10(PO4)6 * (OH)2 -, que se precipitam protéicas, produzindo o esmalte e a dentina perfeitamente calcificados e endurecidos.

2. Flúor: coube aos bioquímicos, mais uma vez, contribuir com forte parcela na demonstração da importante função do flúor no que diz respeito à manutenção da higidez dental. Ao elemento flúor, cuja presença nos tecidos dentários foi assinalada há século e meio, compete desempenhar relevante papel de proteção do dente. (Ver: Flúor odontológico.)

▪ Carboidratos

▪ Vitaminas

1. Vitamina A

2. Vitamina D

3. Vitamina C

4. Vitamina B6

Hormonais

Os hormônios tireoidianos, tiroxina e l-tironina, agem sinergicamente com a vitamina C na formação da matriz dentinária.

1. Hormônios tireoidianos: nos pacientes que apresentam hipotireoidismo, os dentes são mal formados, feios, mal calcificados e muito susceptível à cárie.

2. Hormônios paratireoidianos: o paratormônio, juntamente com a vitamina d, preside a calcificação dos tecidos duros.

3. Hormônios hipofisários: é importante na formação do órgão do esmalte, que contem os ameloblastos, que são as células encarregadas de formação da matriz protéica e sua calsificação, originando o esmalte.

4. Insulina: a insulina regula o metabolismo da glicose, sem ila aumenta muito a nível de glicemia, o que diminui a relação cálcio-fósforo do esmalte e da dentina, pré-dispondo mais os dentes à cárie.

4. – REFERENCIA BIBLIOGRAFIA.

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• http://pt.wikipedia.org/wiki/Fermenta%C3%A7%C3%A3o_l%C3%A1ctica

• http://julia3mcesb.blogspot.com/

• http://pt.wikipedia.org/wiki/Amido

• http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1rie_dent%C3%A1ria

• Livro: Bioquímica Odontológica - Flávio Leite Aranha

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