Carta A Presidente Dilma

Afogados da Ingazeira, 21 de Junho de 2013

Excelentíssima Sra. DILMA ROUSSEFF

Presidente da República Federativa do Brasil

Assunto: Protestos no Brasil.

Senhora Presidente,

Em primeiro lugar, parabenizo Vossa Excelência pela sua eleição como a primeira mulher presidente do Brasil, um fato de enorme importância histórica. Ao mesmo tempo, venho por meio desta, apresentar algumas considerações a cerca das mobilizações populares desencadeadas em todo o país nos últimos dias.

Mais de meio milhão de pessoas protestava em cidades de todas as regiões do Brasil, ocupando vias de capitais numa onda de manifestações iniciada há duas semanas devido à elevação da tarifa de transporte público, e que, hodiernamente, já abarca uma série de reivindicações, motivo pelo qual foram mantidas, malgrado diversas cidades anunciarem o recuo no aumento da tarifa de transporte público.

Ocorre que o Brasil não via uma manifestação popular dessa grandeza desde 1992, ano do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Ademais, é indubitável que mais que um direito, é dever de todos os cidadãos brasileiros se mobilizarem por uma efetiva democracia, um país mais justo, solidário, reduzidas a marginalização e a desigualdade social e regional.

É fato que a corrupção, o excesso de impostos, a deficiência nos setores de saúde e educação pública (principalmente), os investimentos desnecessários para a Copa do Mundo diante de nossa realidade carente e, enfim, o mal investimento do dinheiro público são problemas que devem ser objeto de posturas e políticas governamentais.

O que se reivindica, senhora presidente, são mudanças que venham a assegurar um país melhor. São movimentos apartidários, pacíficos em sua maioria, que, embora apresentem protestos genéricos e não concretos (que seria o ideal) denotam a soberania popular, característica de uma República, pois nesta todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos.

Acontece que o Brasil tem sido o berço da hipocrisia, da corrupção, e da injustiça social, que, lamentavelmente, estampam os jornais em todo o mundo. Os nossos representantes nos envergonham, pois protagonizam tristes cenários políticos, a exemplo do mensalão.

No mais, motivo de muitas críticas e indignação tem sido o investimento bilionário para a Copa do Mundo, vez que o Brasil a sediará, enquanto faltam leitos em hospitais públicos, médicos bem qualificados, ou melhor, um sistema de saúde pública, digno de um país em desenvolvimento, e além disso, a deficiência na segurança e na educação pública são flagrantes, bem como a necessidade de estímulo à economia das regiões Norte, Centro-oeste e Nordeste, esta tão prejudicada pela seca dos últimos anos.

Senhora presidente, nossos professores da rede pública de ensino ganham um salário mísero, enquanto deputados estaduais e federais embolsam mensalmente uma fortuna. Como acreditar na prosperidade e no desenvolvimento pleno do Brasil, se a educação ainda é tão desvalorizada? “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

O Brasil, além de ser uma República federativa,