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Comunicação E Cinema

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Por:   •  2/6/2014  •  1.246 Palavras (5 Páginas)  •  191 Visualizações

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Divã no divã

Ao longo dos últimos anos, são inquestionáveis os avanços conquistados pelas mulheres perante a sociedade. A mulher moderna é aquela que conquistou lugar no mercado de trabalho, que busca a sua independência financeira e vem conquistando seu espaço. Mas a que custo isso ocorre? Não é porque possui uma carreira profissional que a mulher deve abandonar as suas antigas funções em casa. Cuidar do marido, da casa e dos filhos não se trata de escolha e sim de uma obrigação dentro de uma sociedade machista.

Quando opta por “trabalhar fora” a mulher deve ter consciência de que não abandonará as tarefas que sempre esteve acostumada a fazer, apenas acrescentará mais uma atividade à sua longa lista de obrigações. Acredito que a mulher de hoje vive na iminência de uma crise psicológica, pois além de ter que lidar com tantos afazeres, ela ainda precisa provar para a sociedade que os realiza com perfeição. Primeiro precisa provar que é boa mãe e esposa, e segundo, necessita mostrar que tem competência para trabalhar tanto quanto os homens. O pior é que ela paga um preço muito caro por isso: a sua própria felicidade.

(...) “se uma sociedade paga pela obediência a suas normas severas com um incremento de doenças nervosas, essa sociedade não pode vangloriar-se de ter obtido lucros à custa de sacrifícios; e nem ao menos falar em lucros.” (FREUD - Moral Sexual Civilizada e Doença Nervosa Moderna).

Com base nessa contextualização e também com apoio nos estudos de Freud, Laura Mulvey e E. Ann Kaplan será analisada a representação da mulher no filme Divã do diretor José Alvarenga Jr.

Segundo Laura Mulvey, os termos utilizados por Freud para conceber a feminilidade são os mesmos que havia criado para os homens, ocasionando assim problemas de linguagem e de expressão. “Esses problemas refletem, de maneira bastante precisa, a real posição das mulheres na sociedade patriarcal (reprimidas, por exemplo, sob a generalizada forma masculina da terceira pessoa do singular).

No filme fica clara essa posição secundária da mulher. Mercedes, a protagonista interpretada por Lília Cabral, vive teoricamente como toda mulher gostaria de viver: possui uma casa, um marido, dois filhos e também um emprego. Ainda assim a personagem não é feliz, pois nenhum desses elementos é garantia de felicidade eterna, apesar de se vender essa imagem para a mulher desde que ela ainda é muito pequena. Por isso Mercedes busca em seu psicanalista a reposta para as suas angústias. Ela acredita ser plenamente feliz porque possui tudo aquilo que a sociedade considera passaporte para a felicidade, mas não consegue entender a incompletude que sente.

Gustavo, marido da protagonista interpretado por José Mayer, é o típico estereótipo do homem brasileiro. Ama tomar cerveja assistindo futebol, lê apenas o caderno de esportes do jornal, não gosta de arte, odeia “discutir relação” e nunca presta atenção no que a mulher diz ou faz há muito tempo.

Já Mercedes é o típico estereótipo da boa esposa e mãe. Dedicada aos filhos e ao marido, adora arte, utiliza roupas e corte de cabelo básicos, enfim, nunca ousa mudar, o casamento a moldou dessa maneira.

A vida sexual do casal é sem graça e não possui frenquência, fazendo inclusive com que Mercedes busque por meio da masturbação uma forma de satisfazer os seus desejos sexuais. Para Freud “o comportamento sexual de um ser humano frequentemente constitui o protótipo de suas demais reações ante a vida”, talvez seja por isso que a personagem é tão apática e enquadrada nos padrões que a sociedade lhe impôs.

“Em conseqüência da fraca potência do marido, a mulher não se satisfaz, permanecendo anestesiada mesmo nos casos onde uma poderosa experiência sexual poderia ter superado sua predisposição para a frigidez decorrente de sua educação.” (FREUD)

Quando descobre que o marido está tendo um caso extraconjugal, Mercedes se permite mudar e busca também uma relação amorosa. É no amante que ela se redescobre, pois é através dele que ela volta a sentir prazer, prazer este proporcionado pelo “falo” que ela não possui, mas deseja ter. Há nesse momento uma tentativa de subversão da personagem, ela corta os cabelos, muda completamente o figurino, se torna mais sensual, mais ávida por sexo.

O problema é que a protagonista não possui essa sensualidade intrínseca, a sua mudança de comportamento depende do outro, depende justamente daquele que possui o “falo”. Mercedes ainda está presa às armadilhas do inconsciente patriarcal por isso

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