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Comunicação E Expressão

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Por:   •  31/5/2014  •  2.282 Palavras (10 Páginas)  •  232 Visualizações

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Comunicação e Expressão

Unidade 2: Variedades linguísticas

Professora Doutora Débora Mallet Pezarim de Angelo

Variedades linguísticas

Nesta unidade, você vai encontrar pessoas usando a linguagem verbal – aquela que é composta por palavras – de diversas formas, tentando se adequar à situação. Para tanto, será preciso entender os seguintes conceitos: variedades ou normas linguísticas; norma padrão, norma coloquial, norma profissional e norma de espaço físico.

Pegar um jacaré?

Seu Paulo é biólogo e tem um neto surfista, Olavo. Um dia, Paulo ouviu seu neto dizer numa conversa ao telefone com um amigo que tinha tomado um caldo e que amanhã ia à praia pegar um jacaré. Sem entender muito bem, afinal o local onde eles estavam era de clima quente e não havia contexto para esse tipo de alimentação, foi conversar com o rapaz e questionar o porquê dessa escolha. Aproveitou para esclarecer que jacaré é um réptil que vive em água doce e que o rapaz não acharia nenhum jacaré no mar.

Como Olavo explicaria a seu avô o que são esses termos?

Ah, tá!

A expressão “pegar jacaré” pode ser entendida como sinônimo de “surfar”.

Na situação vivida pelo sr. Paulo e seu neto, Olavo, vemos que as pessoas se expressam usando a língua de modos diferentes: os dois entendem algumas palavras ou expressões de modo diverso, o que reflete suas faixas de idade, valores, adequação às situações comunicativas. No telefonema informal de Olavo a um amigo, “tomar caldo” e “pegar jacaré” são expressões que ambos compreendem e que cabem na conversa descontraída. Já em uma situação mais formal, o rapaz precisa se expressar de outro modo. Seu Paulo, por sua vez, usa as mesmas expressões com sentidos diferentes. Será que eles estão errados?

Muitas pessoas, por diferentes razões (entre elas, certamente, pela formação escolar), acreditam que haja um único modo “certo” de falar e escrever a língua portuguesa e que todos os outros usos estão “errados”. Para entender melhor essa ideia, observe os textos a seguir.

Nas duas imagens apresentadas, observa-se uma mesma personagem: uma mulher, em uma mesma situação (dando explicações para outra, que parece ser sua aluna). Na primeira cena, ela fala de acordo com a norma padrão da língua; na segunda, fala de maneira mais coloquial. Nesse contexto, é preciso perguntar: qual a forma mais adequada de falar?

Todos nós passamos por situações como essas no dia a dia e fazemos escolhas linguísticas, de acordo com cada situação. Desse modo, pode-se compreender que não está “errado” mudar a forma de falar nas diferentes situações de comunicação vividas. Essa é apenas uma adaptação da fala ao contexto.

É importante destacar que a variação na fala (e, às vezes, na escrita) das pessoas não se dá apenas de acordo com as situações. Há outros tipos de diferenças como a pronúncia, o tipo de vocabulário, o usos de palavras específicas de profissões, a maneira de organizar as frases, entre outras. De acordo com os modernos estudos linguísticos, não há “certo” ou “errado” para nenhum uso da língua, mas, sim, adequado ou inadequado ao contexto.

Isso quer dizer que “nós vai” não é um erro de português? Observe o seguinte:

Fala coloquial Fala padrão

“Eu vou” “Eu vou”

“Você vai” “Tu vais”

“Ele(a) vai” “Ele(a) vai”

“Nós vai” “Nós vamos”

“Vocês vai” “Vós ides”

“Eles(as) vai” “Eles(as) vão”

Observa-se que na fala coloquial há uma regra diferente de uso da fala padrão. Mas há regras nas duas maneiras, pois cada falante, em qualquer situação de comunicação, não se expressa de um modo inventado naquele momento, mas de uma forma consagrada por ele e por muitos outros indivíduos de sua comunidade.

A lógica que existe na primeira conjugação do verbo “ir” de nosso exemplo é a seguinte:

• Apenas a 1ª pessoa do singular (eu) apresenta uma forma diferente das demais (provavelmente para marcar a diferença entre “quem fala” e os outros); • Nas demais pessoas, o verbo não varia, mas a ideia de singular ou plural fica no pronome. Assim, “você vai” é diferente de “vocês” vai”. Já na lógica da norma padrão, cada pessoa apresenta uma forma verbal diferente. Além disso, no plural (nós, vós e eles) há uma dupla marca de plural, na pessoa (nós, vós e eles) e no verbo (vamos, ides e vão).

Concluindo: o que vemos aqui não são usos “certos” ou “errados” do português, mas usos que seguem regras diferentes. Todos os usos linguísticos

seguem uma lógica de seus grupos usuários e não podemos dizer que a lógica do grupo “x” é melhor do que a lógica do grupo “y”. Elas são simplesmente diferentes.

Uma norma ou variedade linguística é um conjunto de normas fixado, usado e consagrado por uma comunidade de falantes de um dado idioma. Todas as variedades linguísticas seguem princípios lógicos, não sendo, portanto, possível dizer que uma norma é melhor do que outra. No entanto, a norma padrão é a mais prestigiada socialmente, sendo exigida em situações mais formais de comunicação.

Estudando algumas variedades

Há diversas normas ou variedades linguísticas, mas vamos estudar algumas:

1) Norma de espaço físico

Em cada região do país (e mesmo dentro de uma mesma região), as pessoas falam de forma

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