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DA LÂMPADA À ENERGIA ELÉTRICA

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Por:   •  6/10/2014  •  Artigo  •  601 Palavras (3 Páginas)  •  991 Visualizações

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Texto Interpretativo - Da lamparina à energia elétrica

DA LAMPARINA À ENERGIA ELÉTRICA

O sítio da vovó Valdenice fica em São João de Iracema, num lugar muito bonito e, o melhor de tudo, é que é pertinho da cidade. É pra lá que eu vou nos finais de semana. No sábado passado, eu resolvi ir ao sitio à noite. Eu já tinha atravessado a porteira quando, de repente a luz se apagou..., mas pernas pra quem te quero! Ao perceber que eu tinha medo de escuro, vovó caiu na risada e resolveu me contar sobre a sua infância, em que apenas uma lamparina e a lua brilhante iluminavam a singela casa de pau a pique onde morava com sua família.

“Eu nasci e fui criada na nossa pequena e sossegada São João de Iracema, mais precisamente onde o Judas perdeu as botas, na calorenta região do noroeste do Estado de São Paulo. Antigamente, nossa cidade era conhecida como “Os Poços”, devido aos boiadeiros que aqui passavam para abastecerem-se de água e refrescarem-se do calor do sertão agreste.

Na vila, a criançada só cuidava de duas coisas: brincar e aprender. Eu nunca mais consegui me esquecer do dia em que a ranzinza da professora me colocou ajoelhada em cima dos grãos de milho e me deu dois tapas na orelha. Que dureza era estudar naquela época!

Nas ruas de terra esburacadas eu me sentia livre e feliz. Divertia-me jogando terra em quem passava, depois caía na gargalhada. Como naqueles tempos todo mundo era amigo de todo mundo, as caras feias eram raras. Quando eu sentia o cheiro bom da comida feita por mamãe no fogão à lenha, ia correndo para casa encher a barriga. Que delícia!

O tempo foi passando devagar, pois aqui até o vento sopra lentamente... a vila foi virando cidade e as casas de pau a pique foram sendo derrubadas e substituídas pelas de tijolos. Os moradores faziam mutirão para ajudar. Em 1966, eu já estava com meus dozes anos, quando a cidade acordou diferente: para meu espanto e de toda população a energia elétrica havia chegado! Foi um alvoroço. Era o fim das lamparinas! Mais do que depressa meu pai Ezequiel fechou a barbearia e foi o primeiro morador da cidade a ir até Fernandópolis comprar um liquidificador e uma televisão. A casa dos meus pais tornou-se a novidade do momento e ficou movimentadíssima: toda hora os vizinhos queriam usar o liquidificador para bater sucos e assistir à televisão.

A danada da televisão era em branco e preto e só pegava um único canal. Quando ela resolvia sair do ar o pessoal ficava vendo listras por um tempo. Nem colocar bombril na antena resolvia. Meu pai faleceu bem velhinho, e, em homenagem ao morador antigo, o nome Ezequiel Pinto Cabral foi colocado na rua onde eu passei a minha infância, bem em frente à praça da igreja matriz. Encho-me de saudade toda vez que passo por essa rua.”

Após abrir o seu coração, vovó, emocionada, me disse: “É, minha neta, apesar de ser do tempo da lamparina, eu jamais poderia esquecer as recordações que ficaram na minha mente até hoje.”

Nós sorrimos e ficamos abraçadas por um longo tempo. Desde então, perdi o medo de escuro e percebi que, apesar da minha cidade ser simples e pequena no tamanho, com seus um mil oitocentos e cinquenta habitantes, ela é grande no meu coração e inesquecível

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