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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: PAPEL RECICLADO

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Por:   •  11/9/2013  •  2.052 Palavras (9 Páginas)  •  759 Visualizações

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Resumo – o termo desenvolvimento sustentável está em constante discussão atualmente, principalmente no meio empresarial, já que existe uma preocupação com os recursos naturais do planeta. E foi justamente pensando em termos sustentáveis, que descreve-se aqui o processo produtivo do papel reciclado comparado ao processo produtivo de papel em geral, buscando destacar a sustentabilidade dos processos, com intuito de diminuir os impactos causados ao meio ambiente.

Palavras–chaves: Papel Reciclado, Fabricação de Papel, Sustentabilidade.

1. Introdução

No Brasil, o setor produtivo de papel e celulose contribui de forma relevante para o desenvolvimento do país, que possui o menor custo de produção do mundo e, atualmente, é o sétimo produtor mundial de celulose, o décimo primeiro produtor de papel e possui um dos quinze maiores mercados consumidores, de acordo com dados de 2007 da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (2009). Em relação à reciclagem do papel, o país se posiciona em 6º lugar na recuperação de papéis recicláveis, correspondendo ao percentual de 45% do total produzido (ABTCP, 2009). Isso se deve ao fato de que o Brasil detém avançada tecnologia no plantio e uma imensa massa florestal com elevado potencial de exploração econômica (OSORIO, 2007).

Segundo Gallon, Salamoni e Beuren (2008), com o aumento da conscientização ambiental, agrava-se a importância de que o papel seja reciclado após sua utilização pelo público, ainda que o processo de reaproveitamento de materiais seja aplicado há séculos na fabricação de novos produtos. Nesse sentido, a reciclagem é um importante aspecto da filosofia preservacionista, resultando em benefícios para as empresas e para a coletividade.

Tashizawa e Pozo (2010) afirmam que os conceitos de desenvolvimento econômico e responsabilidade socioambiental precisam interagir com os objetivos das organizações do século 21. Portanto, é imprescindível que as empresas atuem de forma ecologicamente responsável, tendo em vista a preservação do meio ambiente em contexto harmonioso.

O conceito de sustentabilidade originou-se na década de 1980 proveniente da conscientização crescente de que é fundamental que os países garantam o desenvolvimento de suas economias sem provocar impactos ambientais ou sacrificar o bem-estar de futuras gerações. Dessa forma, ser sustentável é respeitar e aceitar a interdependência de diferentes aspectos da existência humana, dos seres vivos entre si e em relação ao meio ambiente; operar a empresa, sem causar danos aos seres vivos e sem destruir o meio ambiente, mas, ao contrário, restaurando-o e enriquecendo-o; reconhecer as necessidades e interesses das outras partes (grupos comunitários, instituições educacionais e religiosas, força de trabalho e público), reforçando a rede de relacionamentos que as mantém integradas (SAVITZ, 2007, p. 2-3).

Portanto, o objetivo geral deste trabalho é descrever o processo produtivo de papel reciclado, destacando seus pontos sustentáveis, bem como verificar se a fabricação do produto é tão sustentável quanto a ideia que ele passa para o consumidor.

2. Referencial Teórico

De acordo com Piotto (2003), o papel é um material constituído, em maior porcentagem, de celulose e também de outras matérias-primas não fibrosas (materiais minerais, agentes de colagem, amido, corantes e pigmentos) que variam de acordo com o tipo e a utilização do papel (impressão, escrita, embalagem, fins sanitários, cartões, cartolinas e especiais).

Ainda segundo Piotto (2003), a fabricação do papel comum apresenta três fases sequenciais principais, denominadas:

a) extração e produção da celulose a partir de, principalmente, eucalipto e pinus;

b) preparação da massa - separação de impurezas brutas; refinação; preparação das fibras de celulose com aplicação dos materiais minerais, produtos químicos e aditivos; e depuração das impurezas remanescentes;

c) entrada na máquina de papel - procedimentos de formação das folhas de papel e acabamentos para diversas aplicações do produto.

Gallon, Salamoni e Beuren (2008) afirmam que na reciclagem do papel existem apenas duas fases em indústria, denominadas: preparação da massa a partir das aparas e entrada na máquina de papel. Portanto, as diferenças se encontram apenas nos procedimentos iniciais, enquanto a fase de entrada na máquina de papel é a mesma para os dois tipos de fabricação.

Primeiramente, na reciclagem do papel a matéria-prima (aparas de papel velho, celulose e pasta químico-mecânica) é direcionada ao equipamento de desagregação (hydrapulper), no qual adiciona-se a água e é feita a remoção de impurezas brutas (grampos, clipes, pedras, arames e plásticos), separando-as das fibras de celulose. No funcionamento desse equipamento, o material se transforma em pequenos pedaços de papel que formam uma massa (GALLON; SALAMONI; BEUREN, 2008).

Ainda segundo os autores, no processo seguinte, a massa é bombeada por tubulações para um tanque de descarga e depois passa para a fase de depuração, em que serão removidas outras impurezas remanescentes da desagregação (areia, plásticos, palitos, isopor e pastilhas de papel).

Os mesmos autores explicam que após a depuração, a massa segue para os engrossadores, onde será extraída a água para modificar a consistência da suspensão fibrosa, a qual será estocada nas torres de massa. Assim, adiciona-se água na massa extraída das torres para baixar sua consistência novamente, direcionando-a aos tanques, com destino aos equipamentos de refinação.

A suspensão fibrosa segue para os tanques de estocagem da fase da máquina de papel. A caixa de entrada recebe a massa para distribuição uniforme sobre a tela formadora da folha na mesa plana, em que há a retenção de fibras e o escoamento da água (diluição da massa). As prensas removem parte da água e compactam a folha sob pressão, aplicando-se, em seguida, o sistema de aquecimento da secagem. Assim, na calandra e na enroladeira são feitos os acertos de espessura e aspereza, enquanto no acabamento de rebobinamento será feito o corte do papel bruto em diversas larguras (variam a partir do tipo de produto final desejado), finalizando a reciclagem do papel (PIOTTO, 2003).

As indústrias, em geral, buscam preservar ao máximo a atmosfera, hidrosfera e a litosfera, atendendo as exigências da legislação referentes à qualidade da água, solo e gás. Como a água é fundamental na remoção de impurezas, formação da massa e nas mudanças de consistência das suspensões fibrosas, a emissão de efluentes na água utilizada é um dos impactos ambientais mais significantes dentre os causados pela produção de papel e celulose (WBCSD, 2004). Com isso, segundo a ABTCP (2004), a indústria de papel e celulose tem investido em tecnologias de reutilização dessa água.

Após a reciclagem do papel, a água utilizada segue para um filtro (composto por peneiras) para a retirada dos resíduos pesados. Depois ela passa por um segundo filtro para a retenção dos resíduos mais leves. Então, a água será encaminhada para um tanque de tratamento adequado, pelo qual se tornará novamente potável. Dessa forma, parte da água é retornada ao meio ambiente e a outra parte é reutilizada na reciclagem pela própria fábrica (GALLON; SALAMONI; BEUREN, 2006). As tabela I e II abaixo indicam, respectivamente, o consumo de água por fonte em indústria e a reutilização de água:

TABELA I – CONSUMO DE ÁGUA POR FONTE EM INDÚSTRIA (m³)

2009 2010

Água de superfície (rios, lagos, áreas úmidas, oceanos) 579.918.186,50 642.808.794,70

Água subterrânea 22.317.692,20 22.317.692,20

Água de chuva coletada 911,00 960,00

Abastecimento municipal ou

outras empresas 483.288,40 525.426

Total 602.720.078,40 668.292.696,70

Fonte: BRACELPA, 2010.

TABELA II – ÁGUA RECICLADA E REUTILIZADA.

2009 2010

Total de água reutilizada (m³) 228.579.514,13 228.642.149,64

% de água reciclada / reutilizada

em relação ao total 38,00% 34,30%

Descarte total (m³) 378.812.879,80 340.513.121,20

Fonte: BRACELPA, 2010.

A indústria de celulose e papel não gera uma grande quantidade de resíduos perigosos. Esses resíduos retidos nos filtros são devidamente separados e enviados aos aterros sanitários apropriados ou encaminhados para outros segmentos industriais, onde possivelmente se tornam matéria-prima para algum outro tipo de fabricação (BRACELPA, 2010). Além disso, na produção de papel, todas as sobras são recicladas na própria unidade ou encaminhadas para reciclagem em outras fábricas, em forma de aparas de papel (BRACELPA, 2010).

Para melhor eficiência energética dos processos na indústria de produção de celulose e papel (comum e reciclado) é necessária a implementação de um programa de automação industrial denominado Advanced Process Control (APC). Segundo a ABTCP (2009), é uma técnica relativamente nova no setor de Papel e Celulose, sendo que as primeiras aplicações nos países mais desenvolvidos foram implantadas no começo da década de 90. Até os dias de hoje existe mais de 10.000 aplicações instaladas no mundo, majoritariamente na área petroquímica 65%, celulose-papel representa 5% deste total. O Gráfico I abaixo retrata o consumo de energia fracionado no processo de produção de papel e celulose considerando um consumo de 1470 kWh / ton de papel produzido no Brasil:

GRÁFICO I - Consumo de energia na indústria de papel e celulose

Fonte: ABTCP (2009).

Visando a importância da aplicação da reciclagem na indústria de papel e celulose como forma de minimizar os impactos no meio ambiente, Bellia (1996) relata que, além de reaproveitar o papel já existente, a reciclagem de papel proporciona uma redução de energia para a produção de papel e celulose da ordem de 23% a 74%, redução na poluição do ar de 74%, redução na poluição da água em torno de 35% e redução de 58% no uso de água.

3. Metodologia

Esta pesquisa é de natureza aplicada, em que houve uma busca de conhecimentos para elaboração deste trabalho, sendo abordada de forma qualitativa com descrição dos fatos sem a abordagem de números. Sua classificação é feita em relação aos fins e aos meios.

Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa descritiva que expõe as características do processo de produção do papel e descreve o processo de reciclagem; e explicativa, na qual tornam-se inteligíveis as informações contidas no material bibliográfico consultado.

Quanto aos meios, a pesquisa é bibliográfica, em que foram utilizados materiais acessíveis ao público, como, por exemplo, teses, dissertações, livros e artigos; e laboratorial, na qual não houve pesquisa de campo e foram feitos um fluxograma e uma maquete para simular o ambiente estudado.

4. Resultados

Fluxograma

Tabela

Maquete

5. Conclusão

A produção de papel reciclado depende diretamente da existência do próprio papel comum e, consequentemente, do incentivo do governo em relação à coleta seletiva desse produto. Com isso, a recuperação e reutilização do papel geram benefícios socioeconômicos, como, por exemplo, renda para cooperativas de catadores; e ambientais, ao recuperar e recolocar os materiais no ciclo de consumo com atitudes preservacionistas.

Por um lado, o preço de mercado do papel reciclado é maior que o do papel comum, o que é uma desvantagem no acesso ao produto estudado, tornando-o menos atrativo para o mercado consumidor. Isso ocorre devido à balança comercial desfavorável, já que existe muito mais demanda do que oferta do papel reciclado, ou seja, existem poucas fábricas de reciclagem de papel para muitos consumidores em potencial.

Por outro lado, as vantagens apresentadas na reciclagem do papel são os apontamentos de sustentabilidade, como, por exemplo, redução do consumo, tratamento e reutilização da água; tratamento e possível reaproveitamento de resíduos extraídos do processo de reciclagem em diferentes tipos de indústria; e redução dos impactos ambientais gerados pelo consumo excessivo de energia elétrica.

Portanto, pode ser afirmado que a reciclagem de papel é um processo sustentável e que gera um produto que beneficia o meio ambiente e a sociedade, concluindo os objetivos do trabalho.

6. Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA TÉCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP. 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA TÉCNICA DE CELULOSE E PAPEL - ABTCP. A Inserção do Setor de Papel e Celulose no Contexto da Implementação dos Esforços Globais para a Estabilização do Clima. Maio, 2009. Disponível em: <http://www.abtcp.org.br>. Acessado em: 17/03/2013.

BELLIA, V. Introdução à economia do meio ambiente. Brasília, IBAMA, p. 262, 1996.

GALLON, A. V.; SALAMON, F. L.; BEUREN, I. M. O processo de fabricação de papel reciclado e as ações associadas aos custos ambientais em indústria de Santa Catarina. ABCustos Associação Brasileira de Custos, v.3, n.1, jan./abr., p. 45-67, 2008.

GALLON, A. V.; SALAMON, F. L.; BEUREN, I. M. Tratamento dos resíduos no processo de fabricação de papel reciclado em indústria de Santa Catarina. XXVI ENEGEP. Fortaleza, CE, Brasil; outubro, 2006.

OSORIO, E. Indústria de Papel e Celulose: estudo de caso da implantação da vcp florestal no extremo sul do rio grande do sul. Dissertação (Monografia para o Departamento de Ciências Econômicas) – Centro Socioeconômico / Departamento de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007.

PIOTTO, Z. C. Eco-eficiência na Indústria de Celulose e Papel: estudo de caso. Orientador: Dra. Dione Mari Morita. 2003. 379 p. Dissertação (Doutorado em Engenharia Hidráulica e Sanitária) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

SAVITZ, A. W. A Empresa Sustentável: o verdadeiro sucesso é o lucro com responsabilidade social e ambiental (com Karl Weber). Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

TASHIZAWA, T.; POZO, H. Gestão de Operações Socioambientais: estratégias de sustentabilidade na cadeia produtiva das empresas. Patrimônio: Lazer & Turismo, v.7, n.11, jul./ago./set., p. 38-65, 2010.

WORLD BUSINESS COUNCIL FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT – WBCSD. Towards a Sustainable Paper Cycle. Genebra, Suíça: 1996.

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