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DURKHEIM NO CONTEXTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

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Por:   •  2/4/2014  •  Tese  •  4.205 Palavras (17 Páginas)  •  278 Visualizações

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DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO

ELABORAÇÃO: Alessandro Porporatti Arbage e Renato Santos de Souza

SEMESTRE: 01/00

ÉMILE DURKHEIM (1858-1917)

I - DURKHEIM NO CONTEXTO DAS CIÊNCIAS HUMANAS

Antes de abordarmos diretamente as importantes contribuições do sociólogo Émile Durkheim achamos importante fazer algumas digressões acerca das ciências humanas, particularmente sobre a origem, o método e o objeto de estudo fundamental da sociologia como área do conhecimento.

Evidentemente que o que une as ciências humanas é exatamente seu objeto de estudo comum que é o ser humano em suas diversas dimensões. A antropologia, a psicologia, a história, a linguística, a economia e a sociologia formam campos específicos de análise das questões referentes ao homem. Com o advento da fenomenologia, que introduziu a noção de essência aos fenômenos, houve a possibilidade de diferenciação de uma realidade de outra e garantiu a existência e a especificidade dos diversos campos analíticos nas ciências humanas.

De um modo geral o humano como objeto de investigação científica tem cinco séculos de história. Nasceu com o humanismo no século XV e perpassou pelo positivismo no século XIX e o historicismo do final do século XIX e início do século XX.

A sociologia, entretanto, permaneceu embrionária durante um longo período, talvez pela percepção tradicional dos pensadores de que a sociedade era basicamente um produto da ação humana, fruto pois da arte e da reflexão das pessoas. Havia um certo consenso em relação a este pressuposto racionalista em que o coletivo seria uma construção deliberada de um grupo segundo Russeau, ou obra de um só segundo Hobbes. A percepção de Aristóteles de que a sociedade deveria ser vista e estudada como um fato natural, e portanto deveria ser regida pelas mesmas leis da natureza, apenas foi encontrar eco significativo com Montesquieu em meados do século XVIII.

Contudo, apenas no século XIX e principalmente a partir do trabalho de Augusto Comte é que são fundadas propriamente as bases da sociologia. Segundo Comte as leis sociais são fundamentalmente leis naturais. A partir desta pressuposição advoga que a sociedade é uma espécie de organismo vivo e os fenômenos sociais, sendo em sua essência fatos naturais, devem poder ser analisados à luz das leis e métodos naturais. Assim como existe a física da natureza deve haver uma física social que explique o comportamento do agregado dos indivíduos que é a sociedade, e esta física social seria exatamente a sociologia. Comte propõe o estudo científico da sociedade a partir dos procedimentos, métodos e técnicas empregados pelas ciências da natureza (biologia, química, física). Entretanto trabalha em uma perspectiva evolucionista da humanidade, pois entende que o progresso da humanidade/sociedade no tempo constitui a principal matéria da sociologia. Parte da premissa de uma constante evolução geral do gênero humano e o objetivo da sociologia seria de determinar a ordem de tal evolução. Utiliza os conceitos de humanidade e sociedade simultaneamente e com significados semelhantes. A perspectiva positivista de Comte originou por um lado a psicologia positivista, a qual afirma que seu objeto não é o psiquismo enquanto consciência mas enquanto comportamento e que portanto pode ser tratado com o método experimental das ciências naturais, e por outro lado a sociologia positiva, a qual tem em Émile Durkheim seu principal expoente e que estuda a sociedade a partir dos fatos sociais como eles se apresentam na prática o que também possibilita a utilização dos métodos das ciências naturais para análise dos fenômenos sociais.

Outro pensador que merece um destaque neste breve apanhado dos precursores da sociologia moderna é Spencer pois ele avança em algumas questões relativamente à Comte. Segundo Spencer a sociedade é uma espécie de organismo vivo. Assim como os organismos que nascem dos germes, evoluem e atingem seu estágio final, a sociedade também estaria fadada a seguir estes passos. Mas diferentemente de Comte, que trabalhava em uma perspectiva mais voltada à meditação filosófica da sociabilidade humana, Spencer preocupou-se em estudar como ocorriam alguns fatos sociais na prática. Estudou a evolução das sociedades e os diferentes tipos sociais como a família, as funções da igreja, o governo político, os fenômenos econômicos, a moral, a linguagem, etc.

Finalmente, merece destaque a contribuição de Albert Schaeffle, um cientista alemão que empresta muitas idéias à Durkheim. Segundo Schaeffle, a sociedade não pode ser analisada como uma simples coleção de indivíduos, ela possui dinâmica própria, tem portanto vida própria, consciência e interesses não necessariamente idênticos ou próximos à média dos interesses dos seus constituintes. Preocupou-se em estudar os fatos sociais como eles ocorrem na realidade e trabalhou na perspectiva de análise (decomposição do fenômenos em suas partes constituintes) e síntese (reconstrução em que se seleciona o significativo do acessório) dos fatos sociais.

Feito este apanhado geral, e criminosamente resumido, acerca da história da sociologia estamos em condições de compreender melhor a contribuição do francês Émile Durkheim (1858 – 1917) propriamente à sociologia.

Como foi referido anteriormente Durkheim parte da idéia fundamental de Comte de que a sociedade deve ser vista como um organismo vivo. Também concordava com o pressuposto de que as sociedades apenas se mantém coesas quando de alguma forma compartilham sentimentos e crenças comuns. Entretanto critica Comte na sua perspectiva evolucionista pois entende que os povos que sucedem os anteriores não necessariamente são superiores, apenas são diferentes em sua estrutura, seus valores, seus conhecimentos, sua forma organizacional. Entende que a sequência das sociedades adapta-se melhor a analogia de uma árvore cujos ramos se orientam em sentidos opostos que uma linha geométrica evolucionista. Também Spencer foi alvo de críticas porquanto Durkheim que, de forma geral, estendeu esta crítica a uma série de outros pensadores. Segundo Durkheim muitos sociólogos trabalhavam não sobre o objeto em si, mas de acordo com a idéia pré-estabelecida acerca do fenômeno. Assim, ele entendia que a perspectiva de analise de Spencer não definia

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