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Por:   •  12/11/2014  •  7.453 Palavras (30 Páginas)  •  280 Visualizações

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HIV

Intervenção Cognitivo-Comportamental e

Adesão ao Tratamento em Pessoas com HIV/Aids1

Quintino de Medeiros Faustino2

Eliane Maria Fleury Seidl

Universidade de Brasília

RESUMO - Foram investigados efeitos da intervenção cognitivo-comportamental sobre a adesão inadequada à terapia antirretroviral. Participaram dois homens (P1 e P2) acometidos pela Aids. Uma mulher soropositiva (P3) funcionou como controle. Foram comparadas avaliações de comportamento de adesão, estratégias de enfrentamento, expectativa de autoeficácia para aderir à terapia e variáveis biológicas de três momentos - linha de base (LB), imediatamente após (M2) e três meses depois (M3) da intervenção. Os participantes P1 e P2 relataram aumentos nos níveis de adesão à terapia, nos escores de autoeficácia e no enfrentamento focalizado no problema. A participante P3 manteve adesão insuficiente e baixos escores de autoeficácia. Conclui-se que a intervenção cognitivo-comportamental teve efeitos positivos sobre a adesão à terapia antirretroviral.

Palavras-chave: intervenção cognitivo-comportamental; HIV/Aids; adesão ao tratamento antirretroviral; enfrentamento; autoeficácia.

Cognitive-Behavioral Intervention and

Adherence to the Treatment by Persons with HIV/AIDS

ABSTRACT - The study investigated the effects of cognitive-behavioral intervention on inadequate adherence to the antiretroviral therapy. The participants were two men with AIDS (P1 and P2). A HIV positive woman (P3) was a control subject. It was compared behavior adherence evaluation, strategies of coping, expectation of self-efficacy and biological variables of three periods – baseline (BL), immediately after (M2) and three months after (M3) the intervention. The participants P1 and P2 reported increases on the levels of adherence to the therapy, on the scores of self-efficacy and on problem-focused coping. The participant P3 maintained unsatisfactory levels of adherence and low scores of self-efficacy. It was concluded that cognitive-behavioral intervention has positive effects on the adherence to the antiretroviral therapy.

Keywords: cognitive-behavioral intervention; HIV/AIDS; antiretroviral treatment adherence; coping; self-efficacy.

1 Artigo derivado da dissertação de mestrado do primeiro autor apresentada ao Instituto de Psicologia, da Universidade de Brasília, sob orientação da segunda autora.

2 Endereço para correspondência. Condomínio Jardim Botânico V, Conjunto “H”, Casa 34, Jardim Botânico. Brasília, DF. CEP 71.680-368. Fone: (61) 8136-9578, (61) 3208-3878. E-mail: quintino@unb.br /quintinomedeiros@yahoo.com.br.

O advento da terapia antirretroviral (TARV) permitiu uma diminuição considerável nas manifestações clínicas associadas à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), ao lado de um ganho visível na qualidade de vida e no prognóstico das pessoas em tratamento. Seu principal objetivo é retardar o surgimento do quadro de imunodeficiência e melhorar a capacidade imunológica da pessoa infectada (Ministério da Saúde, 2007). A TARV se caracteriza por esquemas terapêuticos complexos. Para que as pessoas sob tratamento possam lidar com tais exigências, é imperativo o desenvolvimento de determinadas habilidades comportamentais e cognitivas (Kelly & Kalichman, 2002).

Estudos apontam a resistência viral, a toxicidade dos medicamentos e a necessidade de níveis elevados de adesão como as principais barreiras ao sucesso prolongado da TARV (Ministério da Saúde, 2007). Além disso, para que a TARV seja eficaz, os estudos indicam a necessidade de uso dos medicamentos em níveis equivalentes ou superiores a 95% das doses recomendadas, o que torna o tratamento ainda mais desafiador, especialmente frente aos relatos na literatura de que 30 a 50% dos pacientes não conseguem manter tais níveis de adesão (Aspeling & van Wyk, 2008; Molassiotis, Morris & Trueman, 2007; Russel & cols., 2003).

A adesão ao tratamento, como outros comportamentos de saúde, tem sido estudada por vários modelos teóricos da psicologia. Dentre esses modelos, a abordagem cognitivo-comportamental tem destacado a relação entre variáveis psicológicas - percepção de controle, otimismo, autoeficácia, habilidades de enfrentamento do estresse, crenças de saúde e atitudes relacionadas à doença e ao tratamento - e comportamentos de adesão (Barros, 2003; Gebo, Keruly & Moore, 2003; Sun, Zhang & Fu, 2007; Tuldrà & Wu, 2002).

O caráter educativo da abordagem cognitivo-comportamental tem se mostrado particularmente útil, favorecendo o desenvolvimento de habilidades, por parte de pessoas portadoras de doenças crônicas, para lidar de maneira eficaz com sua condição ao longo do tempo. Para tanto, o modelo propõe as seguintes estratégias para melhorar a capacidade de realização das escolhas e maior autocontrole sobre a condição de saúde: o desenvolvimento de habilidades relacionais, a administração do estilo de vida, a redução do estresse e o fortalecimento de habilidades para resolução de problemas,

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Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Jan-Mar 2010, Vol. 26 n. 1, pp. 121-130

Q. M. Faustino & E. M. F. Seidl

como estratégias para melhorar a capacidade de realização das escolhas e maior autocontrole sobre a condição de saúde (Cade, 2001; Wessler, 1996/1999).

White e Freeman (2000/2003) assinalam que o trabalho em grupo de base cognitivo-comportamental permite o desenvolvimento de tais habilidades. Entre as técnicas mais utilizadas para o alcance desse objetivo podemos citar a contestação de pensamentos e o balanço de vantagens e desvantagens (Feilstrecker, Hatzenberger & Caminha, 2003), o autorregistro e monitoramento (Rehm, 1996/1999) e o relaxamento (Feilstrecker & cols., 2003; Lipp, 1997).

Uma proposta de intervenção com enfoque cognitivo-comportamental em grupo para melhorar a adesão ao tratamento em pessoas soropositivas foi avaliada por Murphy, Lu, Martin, Hoffman e Marelich (2002). Os inscritos foram distribuídos randomicamente no grupo controle (n=25) e no grupo de intervenção (n=27). Em ambos, os participantes realizaram avaliação inicial (linha de base) e duas avaliações de seguimento, uma logo após o encerramento da intervenção e outra, três meses depois. Ao final do estudo observou-se que o grupo experimental apresentou níveis maiores de adesão

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