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Por:   •  3/9/2014  •  Resenha  •  1.967 Palavras (8 Páginas)  •  219 Visualizações

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As transformações que vêm ocorrendo na sociedade colocam grandes desafios para a Escola, uma vez que – em que pese os avanços observados no que se refere ao atendimento às demandas das camadas majoritárias da população – ainda convive-se com problemas que acompanham a educação há algum tempo, tais como falta de recursos financeiros, desvalorização da carreira do magistério, centralização pedagógica, dentre outros. São inegáveis as transformações sociais provocadas pela globalização e pelo hibridismo cultural inerentes à condição pós-moderna. Vivemos um tempo de predomínio das racionalidades, das linguagens e da instabilidade dos paradigmas de verdade. Falar de gestão escolar nesse contexto é por demais complexo.

Considerando a dinâmica social em que está inserida a escola na sociedade pós-moderna, profundas mudanças alteraram o saber-fazer educativo. O conhecimento e a aprendizagem sofreram rápidas e novas interpretações, e métodos de ensino se tornaram obsoletos diante das novas referências metodológicas impostas pela sociedade do conhecimento. A economia neoliberal estruturada sob as tecnologias da informação promoveu não só a instabilidade, a internacionalização e a desterritorialização do capital (não mais restrito às fronteiras nacionais), mas também a aproximação entre culturas distintas, a troca de informações e a emergência de linguagens novas oriundas dos diversos hibridismos decorrentes da globalização. As novas tecnologias aproximaram as pessoas em escala mundial, o mundo virtual criou novas formas de sociabilidade, de troca de informações e experiências.

Na sociedade globalizada, a gestão escolar precisa acompanhar a dinâmica em que as transformações ocorrem ante o desenvolvimento tecnológico impulsionado pelas necessidades colocadas pelo sistema produtivo. Nesse contexto, a lição mais importante para a gestão da escola está justamente na necessidade da mudança permanente, em sua capacidade de se adequar de forma crítica às circunstâncias do novo tempo.

Para os autores Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 61) a globalização pode ser definida como “[...] uma gama de fatores econômicos, sociais, políticos e culturais que expressam o espírito da época e a etapa de desenvolvimento do capitalismo em que o mundo se encontra atualmente”. Nessa perspectiva, a educação é impactada em função da relação existente entre o contexto social mais amplo e a educação em particular. Da escola é esperada uma função que, em face dos determinantes apresentados, precisa ser adequada, e isso gera modificações em relação aos seus objetivos, necessidades e valores, cuja influência fundamental ocorre pelo avanço das novas tecnologias.

A globalização representa uma forma de reorganização e reestruturação econômica, na qual o capitalismo estabelece estratégias para sua manutenção. Veloso (2012) explica que o capitalismo, cujo fundamento principal é a produção de mais-valia, apresenta características que se acentuam com o seu desenvolvimento, sendo uma delas a automação, que está baseada na gradual e contínua incorporação da ciência e da tecnologia ao processo produtivo. Uma das consequências disso é a chamada acumulação flexível que se caracteriza pela flexibilidade dos processos de trabalho e dos mercados de produto e consumo, a qual gera, dentre outras coisas, desenvolvimento de novas formas organizacionais, consumo individualizado, informalização do trabalho, alto ritmo de inovação dos produtos, e outros.

O processo produtivo, ao incorporar as novas tecnologias, passa a exigir um novo trabalhador, que seja mais qualificado para o mundo do trabalho, compreendendo-se que essas qualidades sejam aquelas vinculadas à versatilidade, à qualificação intelectual, à capacidade de incorporar e aplicar os conhecimentos relativos a novas tecnologias, à autonomia e à busca permanente de aprendizagem. Assim é que a educação torna-se elemento central, uma vez que “[...] a educação e o conhecimento passam a ser, do ponto de vista do capitalismo globalizado, força motriz e eixos de transformação produtiva e do desenvolvimento econômico” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 124). Nessa perspectiva, a educação deve capacitar o trabalhador para satisfazer as exigências do processo produtivo não somente do ponto de vista da mão de obra necessária, mas também como consumidor frente a um mercado diversificado e competitivo. O que se depreende é que esse projeto é incompatível com a construção de uma educação cidadã, democrática e promotora da igualdade social.

Ocorre que a educação é um campo de contradições, no qual diferentes interesses se confrontam, e, nesse sentido, a formação requerida pelo atual modelo produtivo encontrará um campo fértil para ações pedagógicas que confrontem essa abordagem e, eventualmente, a redirecionem no sentido de um novo projeto de sociedade. Quando se afirma que é preciso dotar os sujeitos dos conhecimentos necessários para a participação consciente e consequente na sociedade, se reconhece a importância do desenvolvimento de habilidades e competências para a aprendizagem permanente, para o domínio das novas tecnologias, para a autonomia, para o trabalho em equipe, para a resolução de problemas, dentre outros.

A gestão escolar na contemporaneidade traz como modelo a pedagogia da competência, que muito se aproxima da racionalidade técnico-instrumental. O modelo de produção capitalista neoliberal, ancorado nas novas tecnologias como base de organização do trabalho, requer profissionais com alta qualificação, possuidores de um conjunto de competências e habilidades que favoreçam a inovação e a competitividade. Esses profissionais precisam demonstrar que possuem uma série de competências e habilidades qualificadoras, tais como: versatilidade; flexibilidade; independência; responsabilidade; polivalência; eficiência; comunicabilidade; capacidade de iniciativa, invenção, inovação e de tomar decisões; espírito de cooperação e criatividade; capacidade de raciocínio, pensamento e abstração, ou seja, é fundamental que sejam capazes de “aprender a aprender” constantemente (FARIA; SILVA FILHO, 1994, p. 88). Um dos principais desafios dos gestores escolares está justamente em equilibrar a pedagogia da competência baseada no conhecimento e na racionalidade técnico-instrumental que sustenta o capitalismo. Nesse sentido, Campos (2010, p. 76) reitera que o equilíbrio da gestão está em conciliar a formação humana ética considerando as forças oponentes do mercado.

Nesse sentido, a escola deve absorver as mudanças, sem deixar de questionar os seus reais propósitos, tendo clareza sobre seu compromisso com a educação de qualidade e visando à construção de uma sociedade democrática e igualitária.

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