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Por:   •  10/10/2013  •  Resenha  •  1.467 Palavras (6 Páginas)  •  419 Visualizações

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Quando nos reportamos aos saberes envolvidos no trabalho docente, adentramos um

campo que exige conhecimentos, habilidades, disposições e competências específicas para o

exercício de uma atividade profissional: a docência. Esses conhecimentos especializados são

tratados na literatura como saberes docentes (Tardif, 2002; Gauthier, 1998; Pimenta, 1999),

ou como conhecimentos profissionais (Shulman, 1987; Montero, 2001).

O autor que deu um passo decisivo na discussão dos saberes docentes no Brasil foi

Maurice Tardif, que juntamente com Claude Lessard e Louise Lahaye publicaram em 1991 na

revista Teoria & Educação n. 4 um artigo intitulado “Os professores face o saber - esboço de

uma problemática do saber docente” em que apontam a escassez de estudos sobre essa

temática e se dispõem a abordar a problemática. Nesse artigo, os autores buscam mostrar que

o saber dos docentes “compõe-se, na verdade de vários saberes provenientes de diferentes

fontes” (p. 216). Entre esses saberes, destacam os saberes das disciplinas, os curriculares, os

profissionais (aqueles que se referem às ciências da educação e à pedagogia), e os da

experiência. O artigo aborda ainda uma importante questão, qual seja a de que “mesmo

ocupando uma posição estratégica no interior dos saberes sociais, o corpo docente é

desvalorizado face aos saberes que possui e transmite”.

Tardif retoma o tema dos saberes docentes em um livro publicado no Brasil em 2002

(Tardif, 2002) em que expande as idéias do texto anterior, vindo a servir como importante

referência para estudos e pesquisas nesse campo. Para o autor “o saber dos professores é

plural, compósito, heterogêneo, porque envolve, no próprio exercício do trabalho,

conhecimentos e um saber-fazer bastante diversos, provenientes de fontes variadas e,

provavelmente, de natureza diferente” (Tardif, 2002, p.18).

É impossível compreender a natureza do saber dos professores, diz o autor, “sem

colocá-lo em íntima relação com o que os professores, nos espaços de trabalho cotidiano,

são, fazem, pensam e dizem”. Quando Tardif comenta que é preciso compreender o que os

professores são, ele está considerando não só os aspectos cognitivos, mas também os afetivos,

ou seja, o que os professores sentem, desejam, imaginam. Ele enfatiza também a relação entre

os saberes mobilizados e o contexto em que se realiza o trabalho docente.

Tardif (2002, p. 15) também argumenta que “o saber dos professores é profundamente

social e é, ao mesmo tempo, o saber dos atores individuais que o possuem e o incorporam à

sua prática profissional, para a ela adaptá-lo e transformá-lo”. O autor explica que ao falar

sobre o caráter social do saber ele quer dizer “relação e interação entre Ego e Alter, relação

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entre mim e os outros, repercutindo em mim, relação com os outros em relação a mim, e

também relação de mim para comigo, mesmo quando essa relação é presença do outro em

mim mesmo”. E conclui que o saber do professor está “sempre ligado a uma situação de

trabalho com outros (alunos, colegas, pais, etc), um saber ancorado numa tarefa complexa

(ensinar), situado num espaço de trabalho (a sala de aula, a escola), enraizado numa

instituição e numa sociedade”. A especificidade dos contextos em que o professor atua

adquire cada vez mais importância,

A docência se realiza geralmente numa escola, ou seja, num lugar organizado espacial

e socialmente, separado dos outros espaços da vida social e cotidiana. Conseqüentemente,

segundo Tardif a forma como este espaço se organiza e as relações que proporciona

influenciam o trabalho de professores e seus saberes. Em suas próprias palavras:

[...] os saberes do professor dependem intimamente das condições sociais e

históricas nas quais ele exerce seu ofício, e mais concretamente das condições que

estruturam seu próprio trabalho num lugar social determinado. Nesse sentido, para

nós, a questão dos saberes está intimamente ligada à questão do trabalho docente no

ambiente escolar, à sua organização, à sua diferenciação, à sua especialização, aos

condicionantes objetivos e subjetivos com os quais os professores têm que lidar, etc.

Ela também está ligada a todo o contexto social no qual a profissão docente está

inserida e que determina, de diversas maneiras, os saberes exigidos e adquiridos no

exercício da profissão (TARDIF, 2002, p.217-218).

O autor defende um postulado que diz que os saberes do professor devem ser

compreendidos numa relação direta com as condições que estruturam seu trabalho. E explica:

“Esse postulado significa que o trabalho docente, como todo trabalho humano especializado,

requer certos saberes específicos que não são partilhados por todo mundo e que permitem

que o grupo de professores

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