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Empreendedor

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Por:   •  19/3/2015  •  6.367 Palavras (26 Páginas)  •  183 Visualizações

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A partir da aplicação do conceito de empreendedorismo à organização surge a orientação empreendedora, que se refere ao processo empreendedor, ao empreendedorismo no nível da organização. Originalmente o conceito de orientação empreendedora emergiu da literatura do gerenciamento estratégico. Como decorrência disso, tem sido uma tendência usar conceitos provenientes dessa literatura para observar o empreendedorismo a nível da organização (de forma especial os estudos de KHANDWALLA, 1977; MILLER e FRIESEN, 1982; MILLER, 1983; COVIN e SLEVIN, 1989 e 1991). De acordo com Lumpkin e Dess (1996), uma orientação empreendedora refere-se aos processos, práticas, e atividades de tomada de decisão que conduzem a novos negócios. Ela emerge de uma perspectiva de escolha estratégica a qual afirma que oportunidades de novos negócios podem ser empreendidas com sucesso de forma intencional. Assim, ela envolve as intenções e ações de atores chaves funcionando em um processo dinâmico gerador visando a criação de novos negócios. Ou seja, ele envolve ações deliberadas. A orientação empreendedora e o gerenciamento empreendedor são conceitos análogos utilizados para caracterizar uma organização empreendedora, ou seja, uma organização que possui uma postura empreendedora. Covin e Slevin (1989) afirmam que organizações com postura empreendedora são caracterizadas por freqüente e extensiva inovação em produto e tecnologia, orientação agressiva competitiva, e forte propensão dos gerentes a assumir riscos. Segundo eles, um particular padrão comportamental ocorre periodicamente, invade todos os níveis organizacionais e reflete uma filosofia estratégica global em efetivas práticas gerenciais. Alguns estudos têm relacionado a orientação empreendedora com o bom desempenho da organização, sugerido que a orientação empreendedora pode influenciar positivamente a performance de uma organização (MILLER, 1983; COVIN e SLEVIN, 1991; ZAHRA, 1993; ZAHRA e COVIN, 1995; WIKLUND e SHEPHERD, 2005). Zahra e Covin (1995), por exemplo, apontam para o fato de que organizações empreendedoras têm um impacto positivo nas medidas de performance financeira. Segundo eles, estes efeitos na performance tendem a ser modestos ao longo dos primeiros anos e crescem ao longo do tempo, sugerindo que um comportamento empreendedor pode, de fato, contribuir para o progresso da performance financeira da organização em longo prazo.

2 Ireland et al. (2005) citam como exemplo dessa abordagem os trabalhos de Alvarez, 2003 e Vésper, 1982. 3 Lumpkin e Dess (1996) sugerem a leitura de Cooper e Dunkelberg, 1986; Schollhammer, 1982; Webster, 1977.

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Para Wiklund e Shepherd (2005) a orientação empreendedora contribui positivamente para a performance de pequenas empresas. Eles afirmam que a orientação empreendedora pode prover a habilidade de descobrir novas oportunidades, facilitando a diferenciação e a criação de vantagem competitiva. A partir de estudo longitudinal com 413 pequenas empresas, os autores concluem que uma orientação empreendedora pode ajudar a superar dificuldades decorrentes de ambientes pouco dinâmicos, onde novas oportunidades raramente aparecem, e de limitado acesso a recursos financeiros. Segundo eles, pequenas empresas em ambiente sob tais condições podem ter uma performance superior se tiverem uma forte orientação empreendedora. Covin e Slevin (1991) propõem um modelo conceitual de empreendedorismo como comportamento de uma organização, como uma postura empreendedora. Eles apontam que variáveis externas à organização, variáveis estratégicas e variáveis internas da organização moderam a relação entre postura empreendedora e performance da organização. Lumpkin e Dess (1996), ao tratar da orientação empreendedora relacionada à performance também destacam os fatores moderadores dessa relação como sendo fatores ambientais e fatores organizacionais. Em sentido semelhante, Miller (1983) aponta para o fato de que o empreendedorismo é integralmente relacionado a variáveis de ambiente, estrutura, estratégia e personalidade do líder, e que este relacionamento varia sistematicamente e logicamente de um tipo de organização para outro. Segundo ele, em pequenas empresas o empreendedorismo é predominantemente influenciado pelo líder, sua personalidade, sua força, e sua informação. Wiklund (1998) afirma que assim como o comportamento empreendedor a nível individual pode afetar a ação organizacional, em muitos casos os comportamentos empreendedores individual e organizacional podem ser muito semelhantes, como é o caso de pequenas empresas. Covin e Slevin (1991) também apontam que um modelo de comportamento empreendedor permite uma intervenção gerencial de modo que o processo empreendedor possa ser visto com muito menos desconhecimento e mistério. A orientação empreendedora tem sido caracterizada por algumas dimensões que representam certo comportamento da organização, o que será abordado na seqüência.

4 Dimensões da Orientação Empreendedora

Diversos estudos têm focado em dimensões que caracterizam uma orientação empreendedora. Miller (1983) propôs três dimensões4 para caracterizar e testar o empreendedorismo nas organizações: inovatividade, assumir riscos e proatividade. Segundo ele, uma organização empreendedora empenha-se nesses aspectos, ao passo que uma organização não empreendedora é aquela que inova muito pouco, é altamente aversa a riscos, e não age proativamente perante seus competidores, sendo apenas imitadora das mudanças do mercado competidor. Essa caracterização de dimensões proposta por Miller é construída com base no trabalho de Schumpeter e também é consistente com estudos mais recentes como o de Guth e Ginsberg (1990), assim como tem influenciado diversas outras pesquisas sobre organizações empreendedoras. Lumpkin e Dess (1996) apontam que um grande número de pesquisadores5 tem adotado uma abordagem baseada nessa conceitualização original de Miller.

4 Essas dimensões são originárias da literatura de gerenciamento estratégico, a partir das 11 dimensões do processo estratégico propostas por Miller e Friesen (1978). 5 Lumpkin e Dess (1996) citam os estudos de Covin e Slevin, 1989; Ginsberg, 1985; Morris e Paul, 1987; Naman e Slevin, 1993; Schafer, 1990.

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A partir dos estudos de Miller, os pesquisadores Lumpkin e Dess (1996) propõem mais duas dimensões para caracterizar e distinguir o processo empreendedor: agressividade competitiva e autonomia. Assim, para eles uma orientação empreendedora é caracterizada por cinco dimensões chave: autonomia, inovatividade, assumir riscos, proatividade e agressividade

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