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FICHAMENTO SOBRE SINDICALISMO

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Por:   •  14/11/2014  •  2.044 Palavras (9 Páginas)  •  395 Visualizações

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FICHAMENTO SOBRE SINDICALISMO

Atritos com patronatos

As estratégias que os anarquistas usavam em ação direta sobre os empregadores eram facilitadas em pequenas empresas. Como recurso externo usavam greves como forma de pressão operária sobre os empresários. Dessa forma, esses pequenos estabelecimentos cediam às condições expostas pelos trabalhadores. Mas, como estratégia, os proprietários começaram a se reunir em associações para buscar resultados eficazes de forma conjunta para repressão das ações anarquistas.

Os empresários começaram a criar mecanismos que impedissem a mobilização dos operários, elaborando listas negras. Além dessas listas negras, alguns patrões, pretendiam implantar outros tipos de mecanismos como:

- carteiras de identificação em canteiros, em 1927;

-demissões em massa e contratação de empregados em outras cidades. Recurso utilizado na década de 30, sucessivamente.

Essas atitudes dos empresários eram vinculadas com ação policial e estatal. Com essas atitudes, os sindicatos buscavam táticas que rompessem com as forças do patronato.

Sobrevivência econômica dos sindicatos

“A manutenção financeira dos sindicatos era obtidas através de um esforço constante de mobilização por meio de festivais, rifas, leilões, etc.” (AZEVEDO, p. 110).

As taxas cobradas não eram suficientes devido ao número reduzido de trabalhadores existentes em algumas categorias.

A federação era sustentada pelo repasse de fundos provenientes dos sindicatos filiados. O prédio da federação abrigava vários sindicatos devido à redução de custos [...] (AZEVEDO, p. 110).

Resistência ao sindicalismo oficial

Para a militância anarquista, os sindicatos oficiais representavam concorrência por demonstrar mais garantias aos trabalhadores.

Além dos benefícios prometidos, o uso de ameaças também foi utilizado para pressionar os trabalhadores de São Paulo a se afastarem das idéias ditas “subversivas”. (AZEVEDO, p. 112).

Com o objetivo de fugir às perseguições, criaram-se sindicatos oficiais com estruturas e títulos semelhantes aos libertários, fato que provocou certa confusão junto aos trabalhadores. A Plebe chegou a denunciar tais organizações, classificando-as de “Pseudo-Federações” articuladas como uma “surda manobra” daqueles que pretendiam ludibriar os trabalhadores brasileiros. (AZEVEDO, p. 112).

Confrontos com a polícia

As perseguições policiais, prisões e deportações era uma constante no cotidiano sindical, especialmente dos anarquistas, comunistas e trotskistas. (AZEVEDO, p. 129).

Os sindicalistas, ao realizarem qualquer atividade mais arrojada - como discursos públicos, propaganda ou colagem de cartazes -, viam-se perseguidos e eram repetidamente aprisionados. (AZEVEDO, p. 129).

O Comitê Pró-Presos Sociais, existente em 1927, foi rearticulado em 1933, dada a frequência das prisões. Os protestos eram feitos através de manifestações públicas, de ofícios ou telegramas enviados ao chefe de polícia e de boletins informativos distribuídos junto à classe trabalhadora. (AZEVEDO, p. 129).

A preservação da identidade nos grupos libertários

Atuaram em 1927 a 1937, segundo Azevedo, “... grupos anarquistas e anarco-sindicalistas que tinham a função de desenvolver a propaganda dos ideais libertários nos sindicatos ou na sociedade em geral”.

Azevedo ainda diz que as associações anarquistas também foram perseguidas pela repressão policial, mais com menor frequência e sem sofrer com concorrências semelhantes àquelas das uniões sindicais.

O breve período de reorganização, viabilizado pelo fim do estado de sítio em 1927, demonstrou a persistência de núcleos de militantes que se encontravam impossibilitado de se exporem nos anos anteriores e que agora buscavam espaços para sua atuação. (AZEVEDO, p. 131).

Antigas associações ressurgiram e outras foram fundadas a partir da organização do Comitê Pró-Presos e Deportados Por Questões Sociais no Rio de Janeiro [...] e do Comitê de Relações dos Grupos Anarquistas de São Paulo [...] (AZEVEDO, p. 131).

Modalidades das associações anarquistas

Com o objetivo de propagar seus ideais e reafirmar sua identidade libertária, garantindo sua continuidade enquanto movimento social, os anarquistas criaram uma série de formas de ação que tinham na cultura, na educação e no lazer os principais instrumentos de propaganda doutrinária. (AZEVEDO, p. 134)

Formas de atuação libertária

• Ateneus e escolas modernas;

• Centro de cultura e grupos de estudos;

• Grupos de ensino do esperanto;

• Grupos de jovens;

• Grupos de propaganda e agitação;

• Grupos editores de jornais;

• Editora e distribuidora de livros;

• Grupos de teatro amador;

• Ligas anticlericais;

• Federações e comitês.

A preservação dos princípios de organização

Visando a compreensão da estrutura organizativa desses grupos, iremos analisar os estatutos de alguns deles, como forma de viabilização e de manutenção da ideológica. De modo peculiar, os estatutos das associações anarquistas e dos sindicatos sob sua influência eram intitulados como “bases de acordo”, precedidos por uma “afirmação de princípios”.

Os neoclássicos dão algumas pinceladas adicionais no conceito de organização formal. A organização consiste em um conjunto de posições funcionais hierárquicas orientado para o objetivo econômico de produzir bens ou serviços. Os princípios fundamentais da organização formal são: Divisão do trabalho

O objetivo imediato e fundamental de toda organização é a produção de serviços.

Para ser eficiente, a produção deve basear-se na divisão do trabalho, que nada mais é do que a maneira pela qual um processo complexo pode ser decomposto em uma série de pequenas tarefas que o constituem. A divisão do trabalho começou a ser praticada a partir da Revolução Industrial, provocando uma mudança radical no conceito de produção pela fabricação maciça por meio da máquina em substituição ao artesanato e da aplicação da especialização do trabalhador na linha de montagem.

O importante era que cada pessoa produzisse a maior quantidade possível de unidades dentro de um padrão de qualidade, objetivo que somente poderia ser atingido por uma relativa automatização na atividade humana baseada na repetição constante da mesma tarefa.

Especialização

Como consequência do princípio da divisão do trabalho surge a especialização: cada órgão ou cargo passa a ter funções e tarefas específicas e especializadas.

Níveis hierárquicos

Outra consequência do princípio da divisão do trabalho é a diversificação funcional dentro da organização.

A pluralidade de funções imposta pela especialização exige o desdobramento da função de comando, cuja missão é dirigir todas as atividades para que elas cumpram harmoniosamente as respectivas missões. Isso significa que, além de uma estrutura de funções especializadas, a organização precisa também de uma estrutura hierárquica para dirigir as operações dos níveis que lhe estão subordinados. Daí o princípio da hierarquia: o princípio escalar. Em toda organização formal existe uma hierarquia que divide a organização em camadas ou níveis de autoridade. Na medida em que se sobe na escala hierárquica, aumenta o volume de autoridade do administrador. Ao mesmo tempo em que diminui a necessidade de conhecimento técnico-operacional.

Autoridade

Para os clássicos, a autoridade é conceituada como um poder formal, ou seja, o direito de dar ordens, de comandar outros, para que executem ou deixem de executar algo, da maneira considerada, pelo possuidor dessa autoridade, como adequada para a realização dos objetivos da empresa ou do órgão. Fayol dizia que a “autoridade é o direito de dar ordens e o poder de exigir obediência”, conceituando-a como poder formal e poder legitimado. Assim, como condição básica para a tarefa administrativa, a autoridade investe o administrador do direito reconhecido de dirigir subordinados para que desempenhem atividades voltadas ao alcance dos objetivos da empresa.

A autoridade formal é um poder concedido pela organização ao indivíduo que nela ocupa uma determinada posição. Para os neoclássicos, autoridade é o direito formal e legítimo de tomar decisões, transmitir ordens e alocar recursos para alcançar os objetivos desejados da organização.

Responsabilidade

A responsabilidade é o outro lado da moeda. Significa o dever de desempenhar a tarefa ou atividade para a qual a pessoa foi designada. O grau de autoridade é proporcional ao grau de responsabilidade assumida pela pessoa. Para os autores neoclássicos, a responsabilidade provém da relação superior-subordinado e do fato de alguém ter autoridade para exigir determinadas tarefas de outras pessoas. É a relação contratual pela qual o subordinado concorda em executar serviços em troca de retribuições ou compensação monetária. A autoridade emana do superior para o subordinado, enquanto a responsabilidade é a obrigação exigida do subordinado para que este realize tais deveres. Como se diz, a responsabilidade é delegada a subordinados, embora o que se delega é a autoridade e não somente a responsabilidade. Sobre este assunto há muita discussão e controvérsia.

Delegação

Delegação é o processo de transferir autoridade e responsabilidade para posições inferiores na hierarquia.

Muitas organizações encorajam seus gerentes a delegar autoridade aos níveis mais baixos a fim de proporcionar o máximo de flexibilidade para satisfazer as necessidades do cliente e se adaptar ao ambiente.

Amplitude administrativa

Em decorrência do princípio da distribuição de autoridade e responsabilidade surge o conceito de amplitude administrativa (ou amplitude de comando ou amplitude de controle): significa o número de subordinados que o administrador pode dirigir. Quando o administrador tem muitos subordinados, sua amplitude de comando é grande e ampla.

A amplitude média adotada pela organização determina a configuração geral de sua estrutura organizacional. Uma amplitude média estreita com um maior número de níveis hierárquicos produz uma estrutura alta e alongada. Ao contrário, uma amplitude média larga com poucos níveis hierárquicos produz uma estrutura organizacional achatada e dispersada horizontalmente.

Os meios de irradiação dos ideais Libertários

Os recentes estudos historiográficos, que não se preocupam exclusivamente com os grandes fatos históricos, mas também em captar seu cotidiano, quando se dedicam a estudar as experiências anarquistas explicitam uma atitude inquieta e inquietante por parte dos libertários, ao notar os abalos que causam esta atitude na vida diária. É justamente esta abordagem da história que escolhe Raquel de Azevedo em seu estudo acerca de como se deu a resistência anarquista no período de 1927 a 1937, apresentando, logo em seu primeiro capítulo, uma discussão sobre a maneira de tratar a história do anarquismo no Brasil. Propõe preencher uma lacuna na pesquisa histórica, analisando o cotidiano e o imaginário anarquista entre o encerramento do estado de sítio no governo Artur Bernardes (1927) e a instauração da ditadura varguista (1937). Ao escolher esta abordagem a autora, através de uma extensa análise dos jornais anarquistas (em especial o jornal A Plebe, principal veículo da imprensa libertária da época), da imprensa oficial — por via das notícias no jornal O Estado de São Paulo — e de documentos dos arquivos do DOPS, faz um relato das experiências anarquistas em um período em que o anarquismo era apontado pela historiografia marxista como “morto” ou “superado”. Nas pesquisas acadêmicas e nos livros didáticos de colegial é comum vermos a presença anarquista no Brasil reduzida às primeiras duas décadas do século XX como um movimento pré-político. Atenta aos embates e conflitos causados pela intensificação da repressão policial, as disputas com os comunistas — após a fundação do PCB em 1922 — e a institucionalização do movimento operário, Azevedo está interessada em captar as saídas que criaram os anarquistas para resistirem às transformações pelas quais passava a sociedade. Ao contrário de outras correntes políticas, como o comunismo, que surgiam no meio operário e tentavam adaptar-se às circunstâncias, aceitando, por exemplo, o sindicato ligado ao Estado, os anarquistas estavam interessados em afirmar uma existência pautada na autogestão, nas relações anti- hierárquicas e em uma atitude anti-autoritária, indo além das lutas trabalhistas e visando uma transformação do indivíduo. Os anarquistas afirmam que sem uma transformação dos costumes nas relações cotidianas é impossível pensar uma transformação da sociedade. Mesmo não tendo a mesma expressão que possuíam no meio operário no período entre 1906 e 1924, os anarquistas continuam, após este momento (o intervalo causado pelo estado de sítio de 1922 a 1926), associando-se para produzir jornais, escolas autogestionárias, centros de cultura, apresentações teatrais, comitês em defesa dos presos políticos, ligas anticlericais e viver a vida segundo seus costumes libertários. A autora vê nesta atitude do movimento anarquista a afirmação de uma identidade coletiva, mostrando de que maneira entre anarquistas, através da imprensa libertária, nos textos e nas figuras, e no posicionamento que tomavam frente aos acontecimentos, havia sempre a lembrança de um passado “glorioso”, da presença anarquista nos sindicatos e da força transformadora que possuía o trabalhador consciente sobre o autoritarismo na sociedade. Mas é importante estar atento ao fato de que — como o próprio livro mostra — havia um esforço por parte da imprensa oficial, da polícia, dos comunistas, dos fascistas e das demais forças que combatiam os anarquistas em identificá-los, seja como portadores de idéias exóticas, atrasadas ou românticas, seja como os estrangeiros perigosos, sempre com uma dinamite à mão pronta para explodir, ou ainda como os “agitadores violentos perturbadores da ordem pública”. Portanto, a construção de uma identidade podia ser uma forma de resistir, mas era também um artifício para destruir os anarquistas. Além disso, não há hegemonia no pensamento anarquista. Como os próprios militantes da época costumavam dizer, havia sempre “acaloradas discussões” sobre os mais diversos temas, inclusive sobre a idéia de anarquismo de cada grupo ou indivíduo, tornando ainda mais difícil a idéia de uma identidade coletiva.

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