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Fisiologia E Meteologia Cientifica

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Por:   •  11/6/2013  •  2.971 Palavras (12 Páginas)  •  746 Visualizações

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Quando a AIDS surgiu no Brasil no início dos anos 1980, era uma doença de difícil tratamento. Embora suas primeiras manifestações pudessem ser consideradas infecções banais como dores de garganta, sinusite ou pequenos episódios de pneumonia, à medida que a enfermidade progredia, elas se tornavam mais agressivas e frequentes. Na etapa final, o doente pegava cinco ou seis infecções oportunistas de uma só vez, não reagia e acabava morrendo depois de longo sofrimento. Todos se lembram do aspecto daqueles doentes de rosto encovado, sem gordura nenhuma no corpo, caquéticos, chegando à fase terminal da evolução dessa enfermidade.

Ao redor de 1995-1996, a imagem da AIDS modificou-se completamente com a chegada de remédios mais eficazes para seu tratamento. Atualmente, não se veem mais pacientes com essas características morrendo de AIDS. Pode-se dizer até que, graças à medicação existente, ela se transformou numa doença de certa forma crônica e controlável, o que lhes permite levar vida normal.

Os novos medicamentos visam à destruição do vírus HIV, um organismo minúsculo revestido por uma carapaça externa na qual se localizam proteínas que o ajudam a ligar-se à célula que vai infectar. Para ter-se uma ideia, numa única célula cabem milhões de partículas virais.

O HIV possui um genoma bastante simples: são apenas nove genes, uma quantidade insignificante se considerarmos os milhares do genoma humano, e são esses genes que ele usa para replicar-se, isto é, para fazer cópias de si mesmo. Para que esse processo se complete, faz-se necessária a presença de várias enzimas, substâncias que os remédios contra a AIDS atacam na tentativa de impedir a multiplicação do vírus.

IMPACTO CAUSADO PELOS NOVOS MEDICAMENTOS

Drauzio – Essa mudança que ocorreu na evolução da doença foi bastante drástica, não é mesmo?

Ricardo Hayden – Sem dúvida alguma, os novos medicamentos causaram um impacto extremamente positivo na redução da mortalidade e das infecções oportunistas. Como consequência, os pacientes antes estigmatizados por suas mudanças corporais hoje podem gozar boa qualidade de vida. Por outro lado, o número de internações hospitalares e o uso dos hospitais-dia reduziram-se bastante. O tratamento tornou-se muito mais ambulatorial permitindo que o indivíduo permaneça em casa, volte ao sistema produtivo de trabalho, viva a vida, enfim.

RELAÇAO TESTE/TRATAMENTO

Drauzio – Há 20 anos, muitas pessoas se recusavam a fazer o teste para AIDS porque achavam que nada poderia ser feito se estivessem infectadas e, na ignorância, continuavam agindo como se nada houvesse acontecido. Hoje, saber da existência do tratamento deve representar razão decisiva para fazer o teste, você não acha?

Ricardo Hayden – Esse é um argumento usado no Centro de Testagem e nos consultórios também. O teste é oferecido com a possibilidade de, uma vez detectado o problema, poder tratar do portador do vírus adequadamente, impedindo que a doença avance e atinja estágios mais complicados. Por isso, ele é a grande arma no combate à AIDS. De todas as formas, temos procurado estimular ao máximo sua realização, criando até dias nacionais de testagem.

Outro passo importante foi começar a aplicá-lo nas mulheres grávidas, conduta absolutamente indispensável, pois, na eventualidade de ser identificada uma gestante portadora do HIV, existem recursos para impedir que o vírus contamine a criança.

Drauzio – Existe um gráfico do Ministério da Saúde mostrando que a partir de 1995-1996, o número de casos notificados da doença começa a cair também no Brasil, não é?

Ricardo Hayden – Trata-se de um fenômeno mundial. O número de casos notificados cresceu quando o tratamento começou a ser oferecido, porque pessoas portadoras do vírus, que estavam no anonimato, procuraram os ambulatórios públicos e obviamente tiveram de ser cadastradas. A seguir, houve uma queda das notificações. Não se pode desconsiderar, porém, que esses resultados estiveram atrelados a um trabalho fundamental de prevenção.

Por outro lado, nos últimos anos, houve uma mudança no perfil da epidemia com o crescimento extraordinário da doença na população heterossexual. A mulher, especialmente, passou a representar uma parcela significativa no grupo de contaminados. Em Santos, por exemplo, esse fato chama bastante a atenção. Em determinados momentos, o número de casos constatados nos sexos masculino e feminino foi idêntico. Portanto, a epidemia mudou de curso, mas continua atingindo muitas pessoas.

Drauzio – Vamos falar um pouco sobre a transmissão materno-fetal, uma das áreas em que se constatou maior sucesso no tratamento.

Ricardo Hayden – Como um todo, o impacto do tratamento foi fantástico porque reduziu o índice de mortalidade a taxas bastante baixas e, especialmente em se tratando das gestantes, foi da maior importância. O uso do AZT ou de outras drogas combinadas, segundo a necessidade individual da mãe com HIV positiva, associado à indicação de cesareanas antecipadas para evitar a microtransfusão de sangue da mãe para o filho que ocorre durante o trabalho de parto, reduziu de 40% para 1% ou 2% a cifra de transmissão materno-fetal mesmo em países da África e em outros locais de extrema pobreza.

TRANSMISSÃO MATERNO-FETAL

Drauzio – Pode-se dizer que a taxa de transmissão materno-fetal caiu para zero?

Ricardo Hayden – Pode-se dizer que, em países do primeiro mundo ou em municípios brasileiros como Rio de Janeiro, Santos ou Guarujá, que desde o início implantaram esse tipo de tratamento e prevenção, foi possível reduzir para menos de 4% a taxa de transmissão que antes beirava níveis de 18% ou 20%.

Drauzio – Qual a orientação adequada para as mulheres grávidas não correrem risco algum?

Ricardo Hayden – A orientação adequada para as mulheres grávidas, para nossos colegas obstetras e profissionais das unidades de saúde, é que todas devem fazer o teste para o HIV. Essa lei precisa ser respeitada. Durante o pré-natal, invariavelmente, a mulher aceita fazer o teste e mesmo as mais relutantes acabam aceitando, quando se conscientizam dos reflexos positivos que sua atitude pode trazer para o bebê. O ideal seria que a mulher fizesse o teste antes de engravidar, mas isso nem sempre acontece. Em Santos, aproveita-se a ocasião para pedir também o teste de hepatite, o que traz

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