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O Surgimento Do Serviço Social Na Europa E EUA

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Por:   •  28/8/2014  •  2.353 Palavras (10 Páginas)  •  960 Visualizações

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SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL NA EUROPA, ESTADOS UNIDOS E BRASIL SUAS BASES COM O CAPITALISMO MONOPOLISTA E A IGREJA CATÓLICA

O capitalismo monopolista teve influência sim no surgimento da profissão de assistente social, na medida em que “a diferenciação e os antagonismos entre as classes se acentuavam e o desenvolvimento do capitalismo, em sua fase mercantil, introduzia significativas alterações na estrutura, relações e processos sociais”. Portanto, a estória do serviço social está claramente vinculada a mudanças que se estabeleceram no decorrer de vários séculos relacionados à efervescência de fatos sociais, culturais e econômicos provindos do capitalismo já citado acima, das revoluções industrial e francesa, lutas de classes, surgimento da burguesia, dentre outras coisas, “o que lhe imprime um movimento contraditório e complexo, que se expressa tanto por momentos de lentidão como por outros de intensa atividade, capazes de determinar uma repentina mudança na direção do fluxo histórico” e, ainda mais, “de promover a transição de uma época histórica e sua estrutura social para outra”. Entretanto, somente a partir dos anos de 1930 e de 1940 é que o (...) “Estado assume a regulação das relações de classe mediante um conjunto de medidas e (...) busca enquadrá-las juridicamente visando à desmobilização da classe operária e o controle das tensões entre as classes sociais”. (SANTOS,2006).

As questões sociais da época sofriam influência de ideologias européias centradas na Moral e no assistencialismo, portanto serviam como aparato para os aparelhos repressores do Estado. Era o serviço social usado, então, para “apaziguar” os conflitos sociais. Entretanto, diante das questões cada vez mais complexas que se inseririam em um mundo com demandas técnicas mais exigentes, necessário se faria se identificar com um serviço social que apresentasse respostas a tudo isso; respostas essas relacionadas a uma sistematização apurada das teorias ditas sociais: agora era imprescindível trazer conhecimento científico e técnico ao invés de aceitar somente a contribuição moralista e assistencialista inspirada pelos europeus. Foi então que surgiu a influência americana para o serviço social brasileiro. Essa última satisfaria, em parte, essas exigências do momento, já que estava vinculada a questões muito mais científicas.

Com relação à influência da Igreja Católica sobre o serviço social, pode-se fazer algumas considerações pertinentes. A primeira dessas considerações tem a ver com o vínculo criado entre a Igreja Católica e o surgimento do Serviço Social; vínculo este baseado no interesse da Igreja de recuperar sua imagem de “protetora dos mais pobres, dos mais humildes”; nas palavras de MIRANDA & CAVALCANTE “O surgimento do Serviço Social no Brasil se dá vinculado à Igreja para a recuperação e a defesa dos seus interesses junto às classes subalternas e à família operária ”ameaçada” pelas idéias comunistas.” Para Cláudia Mônica dos Santos (2006), a Igreja Católica esforça-se para atuar na área social preocupada não apenas com as idéias comunistas que estavam crescendo, mas também pela presença na sociedade do liberalismo, pelas idéias contundentes do positivismo e pela nova “cara” que o Estado assume, no caso, a República. Ainda citando SANTOS (2006), a mesma estabelece o início do século XX e a promulgação da encíclica Rerum Novarum como períodos demarcatórios da intervenção da Igreja nas questões sociais: “Na década de 1930, a Igreja busca consolidar sua posição na sociedade civil ao mesmo tempo em que o Estado busca o seu apoio. Dessa forma, Igreja e Estado se aliam” e, cabe acrescentar, que se os dois se aliam “... no sentido de buscarem uma resposta minimamente satisfatória aos anseios do proletariado”. Uma das formas de atuação da Igreja foi a criação, na cidade de São Paulo, do Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) que tinha como objetivo “promover a formação de seus membros pelo estudo da doutrina social da Igreja e fundamentar sua ação nessa formação doutrinária e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais” (CERQUEIRA, apud IAMAMOTO, 1985:173). SANTOS (2006) acrescenta ainda que o CEAS se ocupava da formação de quadros especializados para a ação social e a difusão da doutrina social da Igreja. A autora também diz que como o CEAS tinha pretensão de atingir donzelas católicas para intervir junto ao proletariado, o mesmo cria as primeiras escolas de Serviço Social em 1936 e 1937 nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. No entanto, é preciso esclarecer as verdadeiras intenções do CEAS, que não buscava entender nem se aprofundar nos problemas sociais, entendendo-se aqui como problemas sociais, as questões relacionadas às problemáticas do sistema socioeconômico e cultural. O CEAS, antes de tudo, buscava relacionar as questões sociais a questões puramente individuais, e isso, sob a ótica da ética moral católica e da caridade. É o que vemos em SANTOS (2006): “Para resolver os problemas sociais, a solução estaria no restabelecimento da “ordem social” através da justiça e da caridade”. O foco de atuação do CEAS era a “adaptação do indivíduo ao meio, bem como pesquisar as causas e os problemas sociais a fim de prevenir sua ocorrência, reforçando a idéia de que as causas das mazelas sociais se encontravam no indivíduo”. (SANTOS, 2006).

Ainda sobre o CEAS, convém falar mais um pouco sobre sua atuação. O mesmo “não se limitava ao debate teórico dos problemas sociais, mas promovia para suas sócias visitas a instituições e obras sociais, criando também quatro centros operários em São Paulo, ainda em 1932” (Yazbek, 1977).

Na década de 30 do século XX, o CEAS “através de aulas de trabalhos manuais, palestras, (...) conselhos sobre higiene e a vida social”, tentava (...) “atrair” as mulheres operárias (...) e entrar em contato com a classe trabalhadora”. Mais tarde estaria sendo aberto outros “canais” de atuação da elite operária católica sobre a classe operária, exemplo disso seria a criação da Juventude Operária Católica que serviria “como campo de estágio prático para as alunas da Escola de Serviço Social”. Nesse ínterim, duas mulheres brasileiras foram enviadas à Europa – mais precisamente para Bruxelas, na Bélgica – para lá fazerem o curso de Ação Social. Foram enviadas pelo Cardeal Mercier e das Ligas Operárias Femininas. São elas: Maria Kiehl e Albertina Ramos. Poucos anos depois seria fundada a Escola de Serviço Social de São Paulo, “que vai mesclar as visões francesa e belga, a partir de uma perspectiva ética, social e técnica da formação profissional”. Assim,

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