TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Os Marginalistas

Ensaios: Os Marginalistas. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  4/11/2014  •  5.006 Palavras (21 Páginas)  •  641 Visualizações

Página 1 de 21

OS MARGINALISTAS

A partir de 1870, o centro de preocupações de grande número de economistas desloca-se. Alguns autores chamam este deslocamento de revolução marginalista porque a ideia central que o preside é o chamado princípio marginal que apresentaremos ao longo destas páginas. A introdução da análise marginal – que valeu a esse movimento a denominação também amplamente divulgada de “Marginalismo” – mudou de modo significativo a orientação dos estudos econômicos: representou um instrumento, rapidamente difundido, de explicar a afetação de determinados recursos escassos entre os usos alternativos, com o objetivo de se chegar a resultados ótimos. O “homem econômico”, racional e calculador, estariam empenhados em equilibrar seus dispêndios marginais com seus ganhos marginais.

Entre as principais figuras do movimento marginalista estão William Stanley Jevons (1835-82), na Inglaterra, Carl Menger (1840-1921), na Áustria, e Léon Walras (1834-1910), na Suíça. Estes três autores publicaram suas principais obras no início da década de 1870, conforme a seguinte cronologia:

• William S. Jevons. Theory of political economy (1871).

• Carl Menger. Grundsätze der Volkswirstschaltslehre (1871), muito mais tarde traduzida para o inglês com o nome de Principles of economics.

• Léon Walras. Éléments d'économie politique pure (1874).

Por esta época, Alfred Marshall (1842-1924) já ensinava os mesmos princípios em algumas instituições de ensino da Inglaterra e principalmente na universidade de Cambridge, onde, a partir de 1885, assume a cadeira de Economia Política. No entanto, Marshall só publicou seu grande tratado Principles of Economics em 1890, quase 20 anos após o aparecimento dos livros de Jevons e Menger e, por isso, não é citado como um dos fundadores do movimento marginalista. Mas não há dúvida de que ele já ensinava as ideias principais do marginalismo na década de 1870. Seu estilo perfeccionista e sua exigência de rigor científico impediram-no de lançar um livro prematuro. Esta a razão pela qual sua publicação só saiu muito mais tarde. Apesar disso, é o livro de Marshall que deslocarão Princípios de economia política de John Stuart Mill até então dominante, e a partir de sua publicação orientará o ensino da economia na Inglaterra e nos Estados Unidos, pelas três ou quatro décadas seguintes.

Todos os economistas marginalistas tiveram precursores e alguns conseguiram continuadores e formaram escolas. Embora as ideias que ensinavam fossem mais ou menos parecidas, havia diferença de ênfase e de metodologia entre eles. Por exemplo, Walras preocupou-se com o equilíbrio geral e a interdependência de todo o sistema econômico e apresentou sua visão da economia em termos puramente matemáticos. É um dos precursores da Economia Matemática que ganhou corpo, em nosso século, com Wassily Leontieff e Von Neumann. Jevons, embora de modo diverso, recorreu também à Matemática, mas Carl Menger apresenta os mesmos princípios marginalistas em linguagem comum, deixando de lado a Matemática.

Marshall, embora fosse um grande matemático, não enfatizou o papel desta disciplina na Economia. A sua grande preocupação era fazer dos seus ensinamentos um instrumento útil na prática. Achava que a Economia não devia ser um corpo de verdades estabelecidas, mas um instrumento para a descoberta destas verdades.

Voltemos, agora, às escolas.

A ESCOLA DE CAMBRIDGE

Alfred Marshall (1842-1924)

Marshall foi, sem dúvida, o maior economista inglês de sua geração. Sua obra teve enorme influência no mundo anglo-saxão e esta influência continuou até por volta de 1930. Um motivo que propiciou mais ampla acolhida à obra de Marshall, pelo menos no mundo de língua inglesa, foi o fato de ele não romper com a grande tradição da economia clássica que vinha desde Adam Smith, Ricardo e Stuart Mill. Marshall voltou-se para esses autores e os estudou em profundidade. Não apresentou sua obra como ruptura com o passado, mas antes como uma continuação dele. A partir de Marshall que procurou preservar o legado dos clássicos ainda que sob outro enfoque, é lícito falar em escola neoclássica.

a) Demanda oferta e valor

Para Marshall, a análise de um sistema econômico deveria começar pelo estudo do comportamento dos consumidores e produtores e pelo seu relacionamento no mercado.

Os consumidores buscam maximizar sua satisfação e os produtores buscam maximizar seus lucros. A procura é a relação entre preços e quantidades procuradas. A preços mais baixos, os consumidores tendem a adquirir mais de determinado bem. O produtor comporta-se de modo inverso. A preços mais elevados ele tende a oferecer mais.

Marshall estava atento às variações na procura provocadas por variações nos preços. Percebeu ele que a quantidade procurada de determinado bem era mais ou menos sensível a variações em seu preço. Elaborou, então, o conceito de elasticidade-preço da procura, conceito que mostra a sensibilidade da procura com relação a pequenas variações no preço de determinado bem. O conceito de elasticidade (que em Marshall era um estudo muito cauteloso das relações entre pequenas variações nos preços e nas quantidades procuradas) foi, mais tarde, ampliado por outros autores. Por analogia, passou-se a falar, então, em elasticidade-renda, elasticidade-cruzada etc. Talvez Marshall não tivesse aprovado esta ampliação pouco cuidadosa de seu conceito original. Seja como for, os estudiosos que, hoje, encontram todos estes conceitos em seus manuais de microeconomia devem saber que no Princípios está à origem de todos eles.

Para fazer o seu estudo da oferta e da demanda, Marshall considera constantes todos os outros fatores que influenciam a procura (exceto o preço), como é o caso da renda e das preferências dos consumidores. Isto torna o problema pouco realista. À medida que o consumidor gasta sua renda, a utilidade dos demais produtos deve crescer pelo princípio marginal e o problema complica-se. Marshall percebe este complicador adicional, mas não o resolve de maneira satisfatória.

O leitor deve ter percebido algumas diferenças de enfoque entre Marshall e a escola clássica que são:

1 . Os clássicos preocupavam-se com o "preço natural" e não com as variações na quantidade demandada provocadas por variações nos preços. Os grandes temas clássicos eram salários, lucros e acumulação e não a preocupação com

...

Baixar como (para membros premium)  txt (32.6 Kb)  
Continuar por mais 20 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com