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Os funcionários que exercem as suas funções em hotéis

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Por:   •  5/11/2013  •  Tese  •  784 Palavras (4 Páginas)  •  262 Visualizações

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Faxineiras exercendo suas funções em hotéis

A Sociedade Invisível

Lutar contra a invisibilidade é um desafio. Ainda mais quando grande parcela da população não está pronta para lidar com as “pessoas invisíveis”. É comum ouvirmos relatos como da bilheteira Kênia Zeferino, de 20 anos, que trabalha no Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro, que diz ter sido discriminada quando um advogado alegou que “bateria” nela caso não fosse atendido como desejava. Ele, por ser advogado, pensou que poderia tratar Kênia como quisesse apenas por ela ser uma bilheteira. Por pensar ser mais importante que ela, ele tratou-a com desprezo e agressão. O que ele não percebe é que assim como Kênia, existem outros tantos profissionais, em empregos modestos, que são tão importantes para a sociedade como ele, que é advogado.

Esse tipo de humilhação sofrido pela bilheteira Kênia é comum entre as pessoas que se tornaram invisíveis na sociedade, e é algo que acontece com freqüência a diversas pessoas, mas que nós sequer enxergamos. É uma conseqüência provocada pela cegueira pública. Episódios de humilhação como esse, podem levar as vítimas a processos depressivos.

No livro Homens Invisíveis: relatos de uma humilhação social o psicólogo Fernando Braga da Costa ressalta que o objetivo da espécie humana é aparecer e ser notado. Ser valorizado, de alguma forma, é parte integrante da passagem ela vida. É importante para o ser humano ser alguém, ter valor e ser notado por esse valor. É importante ter algum papel social relevante perante a sociedade. E, quando uma pessoa não é notada e não tem valor algum adquirido, ela se torna invisível e as conseqüências disso, na vida do indivíduo, são extremamente complicadas, indo da depressão ao suicídio.

O sistema capitalista é um dos maiores causadores desse fenômeno de invisibilidade e cegueira pública, pois as grandes diferenças entre classes sociais são o cenário mais comum de discriminação e humilhação. O antropólogo Luiz Eduardo Soares fala, no livro Cabeça de Porco, que a questão da invisibilidade é bem mais complexa do que parece ser. Segundo ele, “os indivíduos não são donos do próprio nariz, por motivos culturais e até mesmo psicológicos”. Sendo assim, a discriminação é cometida devido à influência do meio em que se vive, e das experiências históricas.

Em 1978, Luiz Eduardo fez a experiência de ser invisível por algumas horas. Ele conta no livro que a experiência vivida foi de uma “sensação predominante de perplexidade, desconforto, perturbação e um mal estar difícil de escrever”. A partir de seu depoimento, pode-se perceber um pouco como se sentem os indivíduos que sofrem com a cegueira pública.

Voltando ao caso da bilheteira Kênia do Terminal Rodoviário, ela não é a única, no local, a sofrer com a invisibilidade. A faxineira Ângela Maria de Assis, de 52 anos, que trabalha no terminal há 23 anos, diz que sofre com preconceito até por parte dos companheiros de trabalho que, muitas vezes, não se dirigem a ela pelo nome, mas por “faxineira” ou “Conservo”, nome da empresa terceirizada em que trabalha. “Me sinto sozinha. Queria outra coisa para minha vida, mas sinto-me feliz com meu trabalho”.

Ângela é um caso claro de alguém que se habituou com o fato de ser invisível. Para ela “é comum me tratarem assim. Depois de tantos anos, me acostumei”. O maior erro da sociedade é deixar que essas pessoas acostumem a ser invisíveis. Não se pode fechar os olhos para práticas discriminativas, nem para as pessoas que estão à nossa volta. Não importa se são de classes mais baixas, ou se têm empregos modestos. O que interessa é que estão ali, na sociedade, e é importante que a realidade desagradável em que estão incluídas seja melhor trabalhada, para que, em um futuro próximo,

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