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POR QUE OS BRASILEIROS NÃO POUPAM MAIS.

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Por:   •  14/6/2014  •  Tese  •  2.333 Palavras (10 Páginas)  •  126 Visualizações

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Quem olha com ligeireza a euforia dos shoppings centers é tentado a afirmar que o brasileiro típico é um pródigo irresponsável e a repetir que, como sempre, estamos nos endividando além da conta. A preocupação pode ser exagerada, mas tem sua razão de ser: o Brasil ainda poupa pouco, sobretudo, nas chamadas aplicações de risco. Se as famílias começam a se educar para gerir melhor seu orçamento, com mais equilíbrio entre o que reservam para poupar e o que destinam ao consumo, ainda falta muito para que se atinja um patamar satisfatório de poupança.

Não é, naturalmente, o caso de comparar com os asiáticos, em geral, herdeiros de uma tradição milenar de temperança, muito menos com a China, que, com baixos salários, sem previdência oficial e seguro-saúde (sem proteção na velhice, portanto), eleva a poupança à quase a metade do PIB. É preciso distinguir aí três situações:

a poupança das pessoas e das famílias; a poupança das empresas; e a “despoupança” do setor público.

Quando se considera o conjunto do setor privado, a situação é melhor. Mas, entre as pessoas e famílias, começa a despertar a consciência da importância de incentivar e fazer crescer a poupança. Na virada de 2011 para 2012, pesquisa do Instituto Data Popular mostrou que os brasileiros pretendiam poupar apenas 18,2% da segunda parcela do 13º salário. Ou guardar R$21,5 bilhões na caderneta de poupança ou em outros produtos do mercado financeiro e de capítais. Quase a metade dessa poupança – ou R$10,7 bilhões – viria da chamada nova classe média. “Esses recursos podem ser úteis para minimizar eventuais impactos da crise internacional na vida dos brasileiros”, resumiu Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular. Outra pesquisa, realizada pelo Ibope Inteligência, em 2011, mostrou que, num mundo em transformação, as respostas, com frequência, já não são as mesmas de anos atrás. A relação do brasileiro com o ato de poupar está mudando, sugerem alguns números. O levantamento, produzido a pedido da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), mostrou que, entre 1995 e 2011, por exemplo, caiu de 65% para 51% o contingente de brasileiros que não realiza qualquer tipo de investimento. É uma mudança significativa, em seis anos, revelando que há terreno para explorar.

POUPANÇA E FUTURO

À vista de sua evolução nos últimos anos, o dinamismo dos mercados brasileiros fala por si. Confirma o interesse das pessoas e instituições por aplicações, em contraste com a crise na Europa e nos Estados Unidos. E isso se explica pelas melhores perspectivas no Brasil.

Em 2011, segundo a Anbima, os gestores de fundos de investimento contabilizaram carteiras administradas de R$1,925 trilhão, 16,07% mais do que em 2010. A indústria brasileira de fundos ocupa o sexto lugar no mercado global, com 4,3% de market share (participação nos fundos de todo o mundo). A posição relativa do País mudou: nos últimos quatro anos, o Brasil cresceu 82,7% em participação nos negócios em escala mundial, e está mais perto do terceiro colocado, a França – não será surpresa se esta for alcançada até 2016.

Em 2011, o volume financeiro no segmento Bovespa, ou seja, relativo a operações com ações, alcançou a marca de R$1,61 trilhão, resultado superior ao de 2010 e novo recorde histórico. As ações foram, na última década, um dos ativos que mais cresceram entre os instrumentos de captação de poupança – o market capitalization, ou indicador da capitalização medido pelo valor das ações negociadas, passou de 31,6% do PIB, em 2000, para 59,1%, em 2011, segundo o Centro de Estudos do Mercado de Capitais (Cemec), instituição dirigida pelo economista e estudioso do setor, Carlos Antonio Rocca, da USP. Em abril último, o market capitalization das 373 ações negociadas na Bolsa era de R$2,47 trilhões.

QUEM APLICA EM AÇÕES

Um balanço dos aplicadores em ações dá ideia da importância dos investidores em mercados de risco – ou seja, entre os que visam mais ao longo prazo e querem participar dos lucros das empresas. No final de 2011, chegou a 583,2 mil o número de brasileiros que investem diretamente na Bolsa. Indiretamente, muitos mais aplicam em ações, mas o maior volume ainda é dos antigos cotistas dos fundos 157, que deixaram valores ínfimos aplicados em ações – e nem vão atrás do dinheiro. No campo da previdência, o quadro é mais expressivo. Entre 1999 e 2011, aumentou de 3,4 milhões para 12 milhões o número de beneficiários de planos de previdência aberta, cujas carteiras, em geral, são parcialmente formadas por ações. Os dados acompanham o volume gerido pela previdência privada, cujo crescimento, nos últimos 12 anos, atingiu taxa média anual de 25% – e as projeções para os próximos anos continuam favoráveis. “O setor tem espaço para dobrar de tamanho em número de planos, pelo menos, nos próximos cinco anos”,

acredita Renato Russo, vice-presidente da Fenaprevi. Do lado da previdência privada complementar oferecida por empresas, sindicatos e associações aos seus 20 empregados e profissionais liberais – isto é, pelos fundos de pensão – o crescimento também é forte. Os fundos de pensão fecharam 2011 com patrimônio da ordem de R$600 bilhões, 6% mais do que os R$565 bilhões de 2010. Esses fundos têm cerca de 2,5 milhões de participantes ativos e 6,5 milhões de beneficiários. Cotejada com os números dos países desenvolvidos já estabilizados e agora sacudidos pela crise, a evolução e o potencial brasileiros são favoráveis. E as perspectivas do setor são confirmadas por análises de maior profundidade produzidas no campo acadêmico.

ESTADO VERSUS SETOR PRIVADO

Em termos macroeconômicos, a poupança doméstica brasileira declinou de 22% do Produto Interno Bruto (PIB), entre 1985 a 1994, para 16,5%, nos últimos dez anos. É um porcentual muito inferior aos 40% da China, aos 30% dos países do sul da Ásia, aos 29% do leste asiático (compreendendo o Japão). Perdemos para os modestos 25% da América Latina e do Caribe, os 22% da problemática Europa, até para os 20% da África. Mas tabelas e gráficos contam uma história diferente, pois enquanto os agentes privados poupam, o Estado brasileiro figura como vilão das estatísticas. “O problema está localizado no setor público, que absorveu 15,9% da poupança do setor privado para financiar as suas despesas”, resume Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia de São Paulo (FGV).

As estatísticas do Cemec mostram que, pagos os impostos, o setor privado poupa o equivalente a 27,8% do Produto Interno Bruto (PIB) – um resultado

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