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Paulo Freire

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Por:   •  5/9/2014  •  1.266 Palavras (6 Páginas)  •  243 Visualizações

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A Pedagogia da Educação de Infância e contributos freireanos

No campo da educação de infância, o termo pedagógico tem suscitado uma importante discussão, principalmente no tocante aos diferentes significados que esta mesma expressão pode proporcionar. A referência e o entendimento que procuramos desenvolver sobre uma pedagogia da educação de infância, busca ter em sua base uma significação cultural, extrapolando um entendimento simplista que pode reduzir este processo a um conjunto de actividades que se configura como escolar, feito apenas para/na sala de aula.

A constituição de uma pedagogia da educação de infância, subsidiada por importantes elementos fornecidos pela sociologia e pela antropologia (da infância) – principalmente no que se refere "a força da estrutura social na determinação das oportunidades cotidianas das crianças [e a forma como] culturas diferentes elaboram suas concepções e práticas educativas, [abriu caminhos para uma] maior flexibilização e inovação dos modelos de educação infantil" (Oliveira, 2002:80). Tornou-se, portanto, possível falar em pedagogia da educação de infância que, numa perspectiva interdisciplinar, prende-se a uma articulação entre elementos do conhecimento científico, da ética, da estética, do desejo, enfim de diferentes elementos de produção cultural, erudita e popular. Uma pedagogia que busca

"Valorizar, nas crianças, a construção de identidade pessoal e de sociabilidade, o que envolve um aprendizado de direitos e deveres (bem como) ampliar certos requisitos necessários para adequada inserção da criança no mundo atual: sensibilidade (estética e interpessoal), solidariedade (intelectual e comportamental) e senso crítico (autonomia, pensamento divergente)" (Oliveira, 2002: 49-50).

Partindo desta hipótese de que a educação de infância pode se constituir como o espaço/tempo de trabalho com crianças, tendo delas uma visão de sujeitos do direito, do desejo e do conhecimento, parece-nos possível falar de uma pedagogia da educação de infância, onde a escola pode ser assumida como espaço/tempo de trabalho entre educadores e educandos. Uma pedagogia que, questionando a escola como mero espaço de transmissão de conhecimento de um indivíduo para o outro, descontextualizado culturalmente, possa vislumbrar a sua constituição como espaço/tempo em que diferentes sujeitos desenvolvem relações de reciprocidade (cooperativa e conflitual) entre si, articulados por diversos contextos subjectivos, sociais e culturais. Ou seja, uma pedagogia da educação de infância, cuja prática esteja fundada nos princípios de uma educação na cidadania, em vistas do processo de emancipação dos educandos, que se apresenta como processo que pode contribuir com a "construção da humanidade do ser humano" (Souza, 2000:38).

No conjunto de ideias proposto por Paulo Freire, a tomada de consciência da nossa inconclusão, enquanto seres humanos, se constitui como principal ponto de partida para a construção da "humanização, do ser mais do homem – objectivo básico de sua busca permanente (...) [ou no] seu contrário: a desumanização, o ser menos"2 (Freire, 1971:127). Ambos os casos são possibilidades históricas, mas somente a busca de tornar-se um ser para si pode ser considerada a sua verdadeira vocação. Sendo possibilidade histórica, a construção da humanidade do ser humano – que tem na realidade existente o seu ponto de partida, onde o sujeito da busca, ao se afirmar como sujeito-mundo, consciente da sua possibilidade de ser mais, afirma-se como humano, constitui-se como processo cultural que se estabelece nas relações construídas entre os próprios seres humanos.

Para Freire, a educação como quefazer humano que ocorre num espaço e num tempo de interacção entre os sujeitos-mundo, se pode afirmar como processo que, esforçando-se no sentido da desocultação da realidade, contribui para que o ser humano existencialize a sua real vocação: transformar-se a si próprio, transformando a realidade. É portanto nesta

"[...] Inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação como processo permanente. Mulheres e homens se tornaram educáveis na medida em que se reconheceram inacabados. Não foi a educação que fez mulheres e homens educáveis, mas a consciência da sua inconclusão é que gerou a sua educabilidade. É também na inconclusão de que nos tornamos conscientes e que nos inserta no movimento permanente de procura que se alicerça a esperança" (Freire, 2002: 64).

Ao assumir a educação como espaço/tempo de conscientização do ser que se sabe inconcluso, todo o trabalho por ela empreendido pode contribuir com a construção da humanidade do ser humano. Assim, as ideias apresentadas por Freire, parecem abrir possibilidades para uma afirmação de que a educação de infância, como espaço permanente de busca do ser mais, também pode ser assumida como um momento de experiência dialéctica da humanização dos seres humanos, no processo de relação dialógica entre educadores e educando. A constituição deste espaço/tempo como um espaço/tempo infantil não afasta a possibilidade do desenvolvimento de um trabalho que pretende cultivar os valores da solidariedade, do amor e da amizade, do respeito às diferenças,

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