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Pesquisa Aldeia Kakané Porã

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Por:   •  10/6/2013  •  1.885 Palavras (8 Páginas)  •  1.185 Visualizações

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Aula de campo - Pesquisa

Aldeia Kakané Porã

Em março de 2004, aproximadamente 100 índios chegaram a Estação Ecológica do Cambuí, que fica numa área de proteção ambiental no interior do parque Iguaçu, na divisa entre Curitiba e São José dos Pinhais, na Avenida Comendador Franco 9553.

As construções da estação ecológica estavam desocupada há alguns anos e serviram de abrigo para as famílias indígenas. "Quando chegamos aqui, estavam nas paredes várias fotos e cartazes sobre os índios, mas índio mesmo é a primeira vez que aparecia", disse o cacique Carlos Alberto Luiz dos Santos, o “Kajer”, de 40 anos, da etnia Kaingang. Parte do grupo veio de uma aldeia indígena em Mangueirinha (interior do Paraná). "Lá temos uma área grande para viver, mas não conseguimos renda suficiente, disse o Cacique Carlos.

No local funcionou o Museu Ecológico da Reserva Biológica do Cambuí, organizado pelo geólogo, ex-professor da UFPR, e ambientalista João José Bigarella que foi desativado a aproximadamente 15 anos, depois de uma enchente, mas parte do material ficou lá.

Havia um pedido de reintegração de posse da área desde agosto de 2004, mas a reintegração foi negociada entre a Prefeitura de Curitiba, FUNAI, ONGs. O que garantiu os serviços de água e luz ligados no Cambuí. Em 14 de março de 2007, com a demora do começo das obras da futura aldeia, prometida pela Prefeitura de Curitiba, e pela Companhia de Habitação de Curitiba(Cohab-Curitiba), um grupo de índios foi ao terreno onde seria construída a nova aldeia, para protestar, na época era prometida a entrega da aldeia em 29 de março de 2007.

No Cambuí os índios dividiam pequenas casas e 1 barracão. Havia apenas 3 banheiros, e 2 chuveiros, sendo que 1 deles estava estragado e só podia ser utilizado para banho de água fria. As roupas eram lavadas em uma caixa de água antiga compartilhada por toda a comunidade. Havia sinais de umidade, falta de saneamento e grande quantidade de insetos.

Em 27 de novembro de 2008, funcionários da Cohab-Curitiba (Companhia de Habitação de Curitiba) estiveram no Cambuí fazendo um cadastro dos moradores para a transferência para a nova aldeia, que estava em construção.

O índio Alcino de Almeida, conta que foi um dos primeiros moradores da reserva Cambuí. "Já preenchemos outros cadastros anteriormente, mas ninguém resolvia o nosso problema. Agora, teremos a solução definitiva".

No dia 9 de dezembro de 2008, 27 famílias de índios kaingang, 4 da etnia guarani, e 4 da etnia xetá mudaram para as 35 casas de 43 m² construídas pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba. A nova aldeia tem uma área de 44,2 mil metros quadrados (equivalente ao tamanho de pouco mais de cinco campos de futebol). O terreno fica no bairro Campo do Santana, próximo da BR-116, na Região Sul de Curitiba, e próximo ao aterro do Caximba, e a algumas olarias, fábrica de telhas e cerâmicas, o que gera um trânsito de caminhões pelo local.

A aldeia tem 35 casas, ao redor de uma praça. Não há subdivisão de lotes. As casas ficam ao lado de um bosque de 9,6 mil metros quadrados.

Nas primeiras casas, logo na entrada da aldeia mora o cacique, e em frente à da vice- cacique. Percebi que apenas quatro famílias sabiam qual era a sua casa antes da entrega das chaves, e estas eram as lideranças da aldeia, além da família do cacique e da vice-cacique, o ex-cacique, e uma índia Kaingang que cuida frequentemente da venda do artesanato.

Enquanto acontecia a “inauguração da aldeia”, do lado de fora da aldeia os moradores do bairro aguardavam a presença do então prefeito de Curitiba, Beto Richa, que viria para a inauguração, e faziam um protesto contra o lixão do Cachimba. Em virtude da manifestação o prefeito não compareceu, mas vereadores e outras autoridades estiveram presentes.

O nome da aldeia surge da união das palavras ''kakané'', do kaingang, que significa ‘fruto da terra’ e ''porã'', do guarani, que significa ‘bom’, um nome que segundo as autoridades presentes, representaria a multiplicidade dos indígenas da aldeia – mas não existe nenhuma referência aos Xetás no nome da aldeia.

O então presidente Cohab-Curitiba, Mounir Chaowiche, esteve presente, e disse que foram gastos R$ 705 mil com as casas e benfeitorias., valor esse financiado pelo Programa de Aceleração do Crescimento(PAC). De acordo com um termo de comodato entre a Prefeitura de Curitiba e a Funai, as famílias não poderão ceder, nem vender, nem desvirtuar o uso residencial dos imóveis. O grupo terá incentivo para manter hortas e pomar naquele espaço, e acesso aos programas oferecidos pela Funai e pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Mesmo não tendo que pagar pelos imóveis, cada família paga os custos com água e energia elétrica. Os índios também se comprometem a cuidar de um bosque existente na área da aldeia.

Uma das grandes novidades na vida dos índios que vivem na aldeia urbana é a presença de chuveiro elétrico. Antes eles tomavam banho frio ou tinham que esquentar água para fazer a própria higiene. "Vai ser bom principalmente no inverno. Minha filha mais velha, de 6 anos, era a que mais sofria com a falta de chuveiro quente. Ela tinha que tomar banho pela manhã, antes de ir para a escola e quase morria de frio no inverno", disse Cleuza Fernandes, índia Guarani que mora com dois filhos e um irmão.

Opinião semelhante possui a índia guarani Elza, que mora com o marido Rivelino e quatros filhos "É uma maravilha ligar o chuveiro e tomar banho sem ter que carregar balde de água", diz Elza. Outra maravilha, na opinião de Elza, é a pia para lavar louça que finalmente vai poder comprar. "Agora eu posso ter uma pia. Antes, nem adiantava querer porque não tinha como".

Interessante perceber que, normalmente, o discurso das pessoas não-indígenas que recebem as chaves de suas casas em programas de habitação popular é focado na própria casa, a “casa é a realização do sonho”, a casa é o valor por si mesma, não o que teria dentro dela.

Uma característica comum em relação aos moradores de áreas irregulares, é a tendência a uma “disposição deslocável”, na medida em que morar em uma área irregular, é morar numa área que sabem que terão que deixar – ainda mais quando já existe uma ordem

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