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Priscila.pas2@gmail.com

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Por:   •  9/5/2013  •  1.640 Palavras (7 Páginas)  •  651 Visualizações

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VIDA E OBRA

Santo Agostinho nasceu no dia 13 de Novembro do ano 354, em tagaste, uma cidade da Numídia, na África. Viveu 76 anos, num período bastante atribulado. Em 9 de Dezembro do mesmo ano , o imperador romano do Oriente , Galius, foi decapitado por ordem de Constantius , o imperador do Ocidente . Por causa disso, Roma voltou a ter um único imperador. O número de invasões bárbaras cresceu e havia ameaças de perda de algumas regiões.

Ao mesmo tempo, o cristianismo se alastrava e conquistava adeptos em todos os planos sociais. Muitas Igrejas foram construídas nessa época. Mas, em termos filosóficos não havia uma corrente dominante e exclusiva. Pelo contrário, diversas escolas de pensamento defendiam ativamente a validade de suas reflexões e formavam um cenário diversificados de posicionamentos sobre o Bem e o Mal, a Verdade, Deus, a Felicidade, o Belo. Enfim Santo Agostinho viveu em meio a toda discussão motivada pelas várias escolas.

Santo Agostinho converteu-se ao Cristianismo no ano 386 da era cristã, aos 32 anos de idade. Antes de sua conversão, Agostinho procurou a sabedoria através da filosofia. Primeiramente com o Maniqueísmo de Fausto (doutrina que prega a existência absoluta do bem e do mal), e depois com o Neoplatonismo de Plotino.

Após sua conversão, ele organizou uma espécie de comunidade monástica, onde pretendia passar o resto da vida em recolhimento, aprofundando a vocação religiosa e fundamentando racionalmente a fé que abraçara.

Entre as principais obras de Agostinho, situam-se: Contra os Acadêmicos (386), Solilóquios (387), Do Livre Arbítrio (388-395), De Magistro (389), Confissões (400), Espírito e Letra (412), A Cidade de Deus (413-426) e As Retratações (413-426).

Em seus escritos, Agostinho sintetizou os componentes da filosofia Patrística como fundamento racional da fé cristã. À síntese que realizou, ele mesmo denominou de filosofia cristã.

Para Agostinho, a fé e a razão complementam-se na busca da felicidade e da beatitude. A beatitude, para ele, não é alcançada por procedimento intelectual, mas por ato de intuição e fé. Mas a razão se relaciona com a fé no sentido de provar a sua correção. Ou seja, a fé é precedida por certo trabalho da razão e, após obtê-la, a razão a sedimenta.

A razão relaciona-se, portanto, duplamente com a fé. É necessário compreender para crer, e crer para compreender. Aqui se percebe que, para Agostinho, a filosofia é apenas um instrumento destinado a um fim que transcende seus próprios limites: a Teologia e a Mística. Apesar disso, Agostinho é considerado um grande filósofo pela penetração filosófica na análise de alguns problemas e na sua grandiosa concepção do mundo, do homem e de Deus.

O primeiro problema filosófico, focalizado por Agostinho, logo após a conversão, foi o dos fundamentos do conhecimento, devido à teoria corrente na época de que não é possível encontrar um critério de evidência absoluta e indiscutível, causado pela variabilidade dos sentidos.

Agostinho resolveu esse problema no diálogo Contra os Acadêmicos. O erro para ele provém dos juízos que se fazem sobre as sensações e não delas próprias. A sensação enquanto tal jamais é falsa. Posteriormente, na Cidade de Deus, Agostinho levou tal argumentação às últimas consequências e antecipou a reflexão cartesiana, formulada doze séculos depois: “Se eu me engano, eu sou, pois aquele que não é não pode ser enganado”. Com isso, atingia a certeza da própria existência.

Essa primeira certeza permitia a revelação da própria essência do ser humano, ou seja, o homem seria, sobretudo um ser pensante e seu pensamento não se confundiria com a materialidade do corpo.

Tal concepção do homem provinha de Platão, para o qual o homem é definido como uma alma que se serve de um corpo. Agostinho mantém esse conceito com todas as consequências lógicas que ele comporta. Assim o verdadeiro conhecimento não seria a apreensão de objetos exteriores ao sujeito, devido a sua variabilidade, e sim, a descoberta de regras imutáveis, como o princípio ético segundo o qual é necessário fazer o bem e evitar o mal. Tal conhecimento se refere a realidades não sensíveis cujo caráter fundamental seria a necessidade, pois são o que são e não podiam ser diferentes.

Da necessidade do conhecimento decorreria a sua imutabilidade e, desta, a sua eternidade. Tal conclusão revela dois tipos de conhecimento: um limitado aos sentidos e referente a objetos exteriores ou suas imagens, e outro que constitui a verdade.

Essa verificação permite a indagação se o próprio homem é a fonte dos conhecimentos perfeitos. Sendo o homem tão mutável quanto às coisas dadas à percepção, ele se inclina reverente diante da verdade que o domina. Assim, só haveria uma resposta possível: a aceitação de que alguma coisa transcende a alma individual e dá fundamento à verdade, Deus.

Para explicar como é possível ao homem receber de Deus o conhecimento das verdades eternas, Agostinho elabora a doutrina da iluminação divina. Entender algo inteligivelmente equivaleria a extrair da alma sua própria inteligibilidade e nada se poderia conhecer intelectualmente que já não se possuísse antes, de modo infuso.

A semelhança nesse ponto entre Platão e Agostinho, só é desfeita ao compreender a percepção do inteligível na alma, não como uma descoberta de um conteúdo passado, mas como irradiação divina no presente. A luz eterna da razão que procede de Deus atua a todo o momento, possibilitando o conhecimento das verdades eternas.

A iluminação divina, contudo, não dispensa o homem de ter um intelecto próprio. Ela teria a função de tornar o intelecto capaz de pensar corretamente em virtude de uma ordem natural estabelecida por Deus.

No conhecimento das verdades eternas, a própria luz não é vista, mas serve apenas para iluminar as ideias. Outro tipo de conhecimento seria aquele no qual o homem contempla a luz divina, olhando o próprio “sol”: a experiência mística.

A experiência mística revelaria ao homem a existência de Deus e levaria à descoberta dos conhecimentos necessários, eternos e imutáveis existentes na alma. Deus, assim encontrado, é ao mesmo tempo uma realidade imanente

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