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Priscila Santos

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Por:   •  5/5/2013  •  2.410 Palavras (10 Páginas)  •  761 Visualizações

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Trabalho Completo Análise Semiótica Da Música "Como Nossos Pais"

Análise Semiótica Da Música "Como Nossos Pais"

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Categoria: Letras

Enviado por: Jeferson 20 dezembro 2011

Palavras: 2676 | Páginas: 11

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ical, os signos musicais e a forma como uma mesma música é interpretada por cada pessoa. Abordando-se estas questões específicas da linguagem musical, é inevitável a comparação com outros tipos de linguagem. A linguagem tem aspectos singulares e universais, ou seja, ao mesmo tempo que ela é responsável pelo fato de o indivíduo se comunicar e compartilhar suas impressões com o restante do mundo, é ela quem determina a forma como os objetos do mundo são colocados para as pessoas. Essa dualidade caracteriza a linguagem como mediadora das relações que ocorrem no mundo de forma subjetiva e intersubjetiva.

Os objetivos deste trabalho incluem, além da análise literal da canção “Como nossos pais”, uma abordagem acerca da linguagem musical e dos outros tipos de linguagem, uma visão sobre os signos, do ponto de vista de Pierce e outros autores importantes no ramo da Semiótica, uma contextualização da época em que a música foi escrita e minhas percepções sobre o tema proposto. Espera-se alcançar tais objetivos de forma a acrescentar mais conteúdo e aprendizado no percurso acadêmico.

Júlia Del´Papa Berlini

2. ANÁLISE DA MÚSICA E CONTEXTUALIZAÇÃO

A música “Como nossos pais” foi divulgada em 1976, no álbum “Falso Brilhante”, de Elis Regina e os 82 versos são de uma grandiosidade de sentido e sentimentos incomparáveis. Quando foi escrita, a política brasileira encontrava-se no período da Ditadura Militar, que pode ser definida como uma época do governo brasileiro em que o país era comandado pelos militares. O golpe militar de 1964 marca o início da ditadura e o término se dá em 1985, com a campanha pelas eleições diretas. O período é marcado pela censura, falta de democracia, supressão dos direitos constitucionais, perseguição política e repressão aos que eram contrários ao regime, portanto, é possível perceber que este momento trazia não só consequências políticas, como econômicas, sociais e culturais. Os profissionais da música e da literatura se muniam de suas artes para poder reivindicar seus direitos, além de manifestar sua opinião repleta de revolta pela situação do país.

A canção tem dois pontos fundamentais: a luta pela liberdade, no período da ditadura e a relação entre pais e filhos, permeada pelas discussões, divergências e, ao mesmo tempo, pelo amor e pelo querer bem. Pensando-se nestes dois pontos, analisarei cada um de forma independente, porém, é necessário ressaltar que, na canção, ambos estão fundidos.

Ao analisar a letra da música, percebe-se, no início, que o eu-lírico apresenta um tom professoral, ou seja, quer ensinar às outras pessoas sobre a vida a partir de experiências próprias, a partir do que realmente viveu. Pode-se pensar que “aquele que vai aprender” seja o filho do eu-lírico. Nos versos “Por isso cuidado, meu bem/ Há perigo na esquina” a preocupação maternal/paternal se faz presente. O eu-lírico parece concluir que, apesar das mudanças no mundo, os jovens se mantém como seus pais, como demonstrado nos versos “Minha dor é perceber / Que apesar de termos / Feito tudo o que fizemos / Ainda somos os mesmos / E vivemos / Como os nossos pais...”. A partir daqui, estabelecem-se duas formas de pensamento: a primeira é a de que o eu-lírico quer sugerir que as mudanças não foram significativas e que os jovens não são mais os rebeldes que desejam ver o mundo de outra maneira, como pregava o Rock’N Roll dos anos 50 e a segunda é de que nos tempos da ditadura, o sistema repressivo desejava que os jovens se acomodassem, da mesma forma que seus pais. O eu-lírico, então, afirma que apesar dos esforços, o modo de viver é como o dos pais.

O eu-lírico, no final da canção, parece refletir sobre a sua relação com os próprios pais, mostrando sua admiração e reconhecendo que ele só é o que é pelo esforço dos pais, como demonstrado nos versos “Hoje eu sei / Que quem me deu a idéia / De uma nova consciência / E juventude / Tá em casa / Guardado por Deus / Contando vil metal...”

Partindo do ponto de vista da ditadura, a crítica feita ao regime se faz presente nos versos “Eles venceram e o sinal / Está fechado prá nós / Que somos jovens...”, demonstrando que neste período o jovem, principalmente, não tinha liberdade de expressão. Pode-se pensar, também, que a música não faz referência somente à ditadura militar, mas a todo tipo de ditadura presente no mundo, todo tipo de imposição feita pela sociedade, governo ou qualquer outra instituição. Nos versos “Para abraçar seu irmão / E beijar sua menina na rua / É que se fez o seu braço, / O seu lábio e a sua voz...” o autor se revolta quanto às proibições afirmando que para se abraçar é que o braço foi feito, da mesma forma que para se beijar o lábio existe.

Em toda a canção é possível perceber um tom positivista, que tenta romper com o conservadorismo da época. O positivismo sugere um novo mundo com novos pensamentos e ideologias e é esta a idéia da canção.

A interpretação da Elis Regina traz um novo sentido à música, afinal, os versos “Nossos ídolos / Ainda são os mesmos” remetem à própria intérprete, que até os dias de hoje faz muito sucesso e é um dos ícones do nosso cancioneiro popular, apesar de ter morrido.

3. A LINGUAGEM MUSICAL E SEMIÓTICA DA MÚSICA

A música é um tipo de linguagem? Esta pergunta inicia a discussão sobre a linguagem musical e abre espaço para pensarmos sobre o assunto. Partimos da essencialidade da linguagem na vida humana no que diz respeito ao estabelecimento das relações sociais, à construção e à transmissão de valores culturais e à formação da consciência histórica. De acordo com HARTMANN e SANTAROSA,

“A linguagem, na verdade, tem sido objeto de curiosidade e indagação desde o momento em que

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