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Riscos para a saúde de trabalhadores de rua de pavimentação: emissões tóxicas do asfalto

Tese: Riscos para a saúde de trabalhadores de rua de pavimentação: emissões tóxicas do asfalto. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  12/11/2013  •  Tese  •  2.719 Palavras (11 Páginas)  •  408 Visualizações

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Riscos para a saúde de trabalhadores de pavimentação de ruas: as emissões tóxicas do asfalto

JOÃO ROBERTO PENNA DE FREITAS GUIMARÃES

RESUMO: Neste trabalho analisam-se as emissões tóxicas do asfalto e os riscos para a saúde dos trabalhadores, aí incluindo-se o fato de que alguns agentes químicos são cancerígenos segundo a literatura internacional e a legislação nacional vigente. Em seguida, são detalhados os enquadramentos de insalubridade aplicáveis a tais emissões, em conformidade com a NR 15, mais especificamente no Anexo 13. Por fim, é demonstrada a necessidade do SESMET das empresas em adotar EPI (s) específicos para a proteção dos trabalhadores, pois atualmente as equipes que promovem a pavimentação de ruas e estradas não usam máscaras de proteção respiratória dotadas de filtros específicos.

PALAVRAS-CHAVE: asfalto, pavimentação, câncer, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, EPI, NR 15.

1. INTRODUÇÃO

O asfalto tem grande utilizade: uma rua asfaltada é nivelada, dando conforto aos passageiros e ao motorista de um veículo. Faz parte do progresso andarmos em ruas asfaltadas e niveladas.

Apesar desta utilidade, para os trabalhadores em pavimentação a história tem sido um pouco diferente. Há anos venho observando como trabalham os pavimentadores, que na verdade compõem uma equipe: motoristas de rolo compressor, motoristas da máquina de aplicar a camada asfáltica, motoristas de caminhão basculante e equipe de aplicação propriamente dita.

Estes trabalhadores usam uniforme, geralmente de mangas curtas e até bermudas (no verão). Alguns usam protetores auriculares e a grande maioria usa botas de segurança de couro. Mas, se você passar por uma avenida e a pista contrária estiver sendo asfaltada, repare que nenhum deles usa respiradores dotados de filtros. Na verdade, não usam qualquer tipo de respirador.

2. CARACTERÍSTICAS DO ASFALTO

O asfalto é um resíduo derivado do refino de petróleo, que contém uma mistura de hidrocarbonetos alifáticos, parafínicos, aromáticos, compostos contendo carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, dentre eles, HAP – Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos. Os sinônimos de asfalto são piche e betume. A produção de asfaltos no Brasil se iniciou em 1.956, na Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão/SP (FREITAS GUIMARÃES, 2003).

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Os asfaltos podem ser encontrados em estado sólido, pastoso e líquido (quando diluídos e aquecidos). Há duas classificações básicas para os asfaltos: de pavimentação e industrial. O asfalto em estado pastoso ou líquido, usado em pavimentação, é obtido com a diluição em querosene ou nafta, além de ser aquecido em tanques, antes de sua aplicação. O asfalto de uso industrial, mais voltado para impermeabilização e revestimento de dutos, é conhecido como asfalto oxidado (ou seja, com injeção de ar na massa asfáltica, durante sua fabricação), acrescido de pó de asfalto no revestimento externo. É muito resistente à corrosão e à água (NIOSH, 2000).

3. AS EMISSÕES DO ASFALTO

Se você tiver a oportunidade de observar uma obra de pavimentação de uma rua ou estrada, verá que “nuvens” são formadas durante a aplicação do asfalto no piso, geralmente de cor azulada. Estas “nuvens” são uma mistura de fumos de asfalto com vapores de asfalto. Quando os produtos de asfalto são aquecidos, vapores são produzidos. Quando tais vapores esfriam, eles se condensam na forma de fumos de asfalto. Assim, os trabalhadores que usam asfalto aquecido estão expostos a fumos de asfalto e a vapores de asfalto. Quando o asfalto líquido é usado em temperatura ambiente, não há exposição a fumos, apenas ao líquido e aos vapores. Os vapores contém particulados e, quando condensados, ficam viscosos (NIOSH, 2000).

Dentre as emissões gasosas, temos o metano, o dióxido de enxofre, o monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio.

Como diluentes do asfalto geralmente se usam o querosene ou a nafta. O Querosene é uma mistura de Hidrocarbonetos alifáticos, olefínicos e aromáticos, tendo como principais componentes os alifáticos (87%), com faixa entre 10 a 16 átomos de Carbono. A nafta é uma mistura de hidrocarbonetos na faixa de 4 a 12 átomos de Carbono, na qual são encontradas parafinas cíclicas e olefinas, além de hidrocarbonetos aromáticos numa proporção de até 18% (FREITAS GUIMARÃES, 2003; GOES, 1997).

Também são encontrados nas emissões de asfalto outros solventes aromáticos, como o BTX – Benzeno, Tolueno e Xileno (WHO, 1998).

Mas os agentes químicos que mais se destacam nas emissões do asfalto são os HAP – Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos, dada sua ação carcinogênica, destacando-se como os de maior risco para a saúde dos trabalhadores diretamente envolvidos nas operações de pavimentação.

Em 1994 Lutes et al publicaram um estudo sobre as emissões do asfalto aplicado a quente, tendo apontado os seguintes resultados quanto às emissões tóxicas de HAP, conforme a Tabela 1:

Tabela 1: Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) encontrados em estudo da USEPA

(USEPA, 1994)

Benzo (a) pireno Benzo (k) fluoranteno

Benzo (a) antraceno Criseno

Fluoranteno Indeno (1,2,3) pireno

Naftaleno Pireno

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Este estudo também detectou exposição a vapores de benzeno e fumos contendo chumbo.

Em 1997 Mendes et al já indicavam que a exposição a asfalto e piche estavam relacionadas a um maior risco dos trabalhadores desenvolverem câncer do pulmão e de pele.

Um estudo mais recente publicado pela NIOSH (Health Effects of Occupational Exposure to Asphalt) de dezembro de 2.000, traz uma ampla relação de HAP, após retiradas 131 amostras de limpeza de pele da testa e das palmas das mãos de trabalhadores em pavimentação de ruas, aplicação de mantas asfálticas em telhados e que operam tanques na transferência de asfalto para caminhões. Os resultados aparecem na Tabela 2, a seguir:

Tabela 2: Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) analizados a partir de 131 amostras de limpeza de pele de testas e palmas das mãos dos trabalhadores que pavimentam ruas, aplicam mantas asfálticas em telhados ou trabalham com tanques de transferência de asfalto (NIOSH, 2000).

Acenafteno

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