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TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL NO BRASIL

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Por:   •  8/12/2013  •  1.639 Palavras (7 Páginas)  •  1.319 Visualizações

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“TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL NO BRASIL

INTRODUÇÃO

Ao estudar a história da Terapia Ocupacional, é perceptível a ênfase dada à área da saúde, quer seja na área de reabilitação física ou da Saúde Mental. Com o passar dos anos e diferentes demandas a serem supridas, diferentes áreas de atuação surgiram, tais como: Saúde do trabalhador, Oncologia, Equoterapia, Geriatria e Gerontologia e dentre outras.

No Brasil, em virtude de um contexto histórico opressor, marcado pela ditadura militar, uma nova perspectiva de atuação vem se constituindo, a Terapia Ocupacional Social.

Este trabalho tem por objetivo apresentar a história da Terapia Ocupacional Social no contexto nacional, sua prática e fundamentos teóricos.

BREVE HISTÓRIA DA TERAPIA OCUPACIONAL NO CAMPO SOCIAL

A história da Terapia Ocupacional no Brasil é recente, e no início tem-se dado um foco especial à reabilitação de pessoas com transtornos psíquicos e com deficiência física e mental. É a partir de meados da década 70, com a entrada dos terapeuta ocupacionais nas recém criadas instituições de assistência social, tais como as Fundações Estaduais do Bem-Estar do Menor (antiga Febem), os asilos para idosos e os programas comunitários para crianças e adolescentes principalmente aqueles oriundos de famílias de baixa renda, a Terapia Ocupacional Social começa a aparecer como campo de atuação

O termo Terapia Ocupacional Social no Brasil, apareceu pela primeira vez em uma publicação no trabalho “Relato de uma experiência em terapia ocupacional no campo social” de Jussara de Mesquita Pinto em 1979 no V Encontro Científico Paulista de Terapeutas Ocupacionais, o trabalho se refere à experiência desenvolvida na Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (FEBEM) junto a adolescentes do sexo feminino na qual a autora apresenta métodos de intervenção das unidades em questão.

Esse encontro com a questão social leva a uma reflexão sobre a participação da terapia ocupacional na formação de valores sociais, as formas de compreender os fenômenos da saúde e da doença e sobre a marginalização social.

O questionamento sobre o papel dos terapeutas ocupacionais na formação dos valores sociais surge por influência da crítica de Gramsci ao papel do intelectual nas relações de classe. De acordo com este autor, os intelectuais seriam peças chave na formação do chamado consenso social. Estariam, então, a serviço do grupo dominante assegurando o processo disciplinar dos grupos que não consentem nem ativa nem passivamente. (BARROS, 2002)

Essa preocupação com a questão social traz a tona um questionamento sobre a visão biomédica da saúde, que parte da separação do meio e da sociedade focando apenas nos aspectos biológicos, sem nenhuma mediação ou reflexão sobre o contexto social. Isso porque o adoecimento começava a ser visto por estes profissionais como um fenômeno que implicava não só o sujeito, mas também grupo. Sendo um evento tão social quanto individual, a doença só podia ser compreendida no exercício da interpretação que envolve os componentes biológicos, práticas sociais e significados atribuídos a ambos, ou seja, as definições sobre saúde e doença são permeadas por interesses dominantes, culturais e contradições de momentos históricos.

A marginalização social, nome dado a exclusão social neste periodo, se tornou ponto importante no debate pois uma vez inseridos no campo social, os profissionais se deparam com um novo destinatário de sua intervenção, os grandes contingentes da população vivendo formas e intensidades variadas de vulnerabilização das redes sociais e de precarização do trabalho. Este encontro com a produção, ou melhor dizendo, com os produtos da desigualdade se reflete no aparecimento nos cursos de terapia ocupacional de disciplinas específicas sobre terapia ocupacional social.

No entanto, apesar de provocar diferentes questionamentos sobre o papel da terapia ocupacional e alguns de seus fundamentos, o social era compreendido como um fator externo a dimensão terapêutica e não como constituinte e orientador desta. Tratava-se de um social substantivado, esvaziado de historicidade e de sua força explicativa do movimento e do real. (BARROS, 2002) Não existia um modelo específico que orientasse a atuação no campo social.

Existiam alguns princípios orientadores, que diziam respeito à postura diante do sujeito, instituição e programa de atendimento. Cabia, então, ao profissional escolher sua abordagem de acordo com a concepção de homem e mundo a que se filiava.

Essas orientações gerais, em nada reflitiam uma concepção específica da atuação da terapia ocupacional no campo social. De tal modo que, a partir da década de 80 a ideia de uma terapia ocupacional social foi considerada redundante e as disciplinas específicas gradualmente perderam espaço nos cursos de graduação, e seus conteúdos foram incluídos em outras disciplinas.

Grandes transformações sociais ocorreram nas décadas de 80 e 90, A partir dai movimentos sociais ligados a diversos setores da sociedade que passaram a confrontar os processos que contribuem para o cenário de exclusão social. Estes movimentos deram voz e visibilidade para aqueles considerados doentes, inválidos ou que desenvolveram déficits de integração, (seja no trabalho, educação, cultura, etc) e que por algum motivo sofreram desqualificação ou invalidação social. É neste momento também que se fortalece a luta anti-manicomial, que reflete a indignação dos profissionais da área de saúde em relação às instituições asilares. Em meio a este turbilhão, terapeutas ocupacionais também se engajam nesta luta pela mudança política e social do país que culminou na constituição de 1988 e no fim da ditadura militar.

A partir da década de 90 se empreende um esforço de delimitação do social como um campo de conhecimento específico para a atuação da terapia ocupacional. Além da teoria da marginalidade proposta nos estudos centrados em presídios, um conjunto de produções de base sociológica e antropológica passou a incorporar o corpo teórico das disciplinas estudadas no campo social de forma a oferecer maior respaldo na fundamentação à assistência no campo social.

Em 1998 é criado o Projeto Metuia, um grupo interinstitucional composto por docentes, profissionais e estudantes da Pontíficia Universidade Católica de Campinas, da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de São Carlos que se propos a fomentar o ensino, a pesquisa e as ações da terapia ocupacional no campo social,

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