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Tema 05 Do Ava

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Por:   •  8/4/2014  •  5.166 Palavras (21 Páginas)  •  433 Visualizações

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Cuidado humanizado no pré-natal: um olhar para além das divergências e convergências.

RESUMO

OBJETIVOS: compreender os significados do cuidado humanizado no pré-natal, as divergências, convergências e barreiras para sua efetivação na ótica de gestantes e profissionais.

MÉTODOS: pesquisa qualitativa, exploratória, com 19 gestantes e 23 profissionais do ambulatório do Hospital Universitário e de uma unidade básica de saúde, guiada por pressupostos de Edgar Morin e interpretada pela hermenêutica dialética. Os dados foram coletados mediante entrevistas e observação participante.

RESULTADOS: destacam-se como significados as categorias: cuidado pré-natal; cuidado centrado no ser humano, no seu protagonismo e na promoção da saúde; atenção integral à saúde da mulher; acessibilidade aos serviços de saúde; relações dialógicas entre gestantes e profissionais; ambiente e profissionais humanizados e postura ética do profissional. As principais barreiras encontradas foram: questões socioeconômicas e pessoais das gestantes; formação biomédica; desarticulação entre os serviços de saúde; desvalorização da atenção primária e do profissional; poder; desatenção e desrespeito à gestante.

CONCLUSÕES: o estudo aponta para um modelo de saúde humanístico centrado no ser humano e no seu protagonismo; evidencia o cuidado integral e ético; mostra entraves do sistema de saúde e da sociedade para concretizar o ideário da humanização, superáveis pelo empenho político e profissional, pela formação de redes solidárias entre serviços de saúde e mobilização social; amplia a produção de conhecimento e subsidia mudanças na prática.

Palavras-chave: Cuidado pré-natal, Humanização da assistência, Filosofia

Introdução

A adoção de um modelo biologicista, mecânico e intervencionista de atenção à saúde da mulher no processo de nascimento e, por conseguinte, a medicalização da gestação, do parto e do nascimento, 1 com o isolamento das mulheres dos familiares, a diminuição da autonomia e a expropriação do direito de serem sujeitos principais nesse processo, geraram descontentamento por parte das mulheres. Na década de 1970 houve, segundo Diniz,2 um crescente reconhecimento de que mesmo quando a maternidade era uma escolha consciente das mulheres, esta era vivida em condições de opressão. Nesse momento sedimentava-se um movimento de mulheres cuja palavra de ordem era "nosso corpo nos pertence", fortalecendo-se a luta para dar visibilidade a iniquidade de gênero, defender a integralidade e a humanização, evitar a discriminação e a opressão, e alcançar o protagonismo de sua saúde reprodutiva.2-4 Assim, nos países desenvolvidos, por volta dos anos setenta surge um movimento em prol da humanização da atenção à saúde da mulher, originário da mobilização das mulheres que foi aderido por profissionais adeptos da reforma sanitária, instâncias não governamentais, como a Rede de Humanização ao Nascimento (REHUNA) e também por políticas governamentais e programas de saúde.2,4-5

Entretanto, a despeito de toda essa mobilização, percebe-se a falta de consenso acerca da definição dos termos "humanização" e "cuidado humanizado", pois ainda estão sendo atribuídos a eles diferentes significados. Entre esses, temos: qualidade da assistência; democratização das relações de poder; "desmedicalização" da atenção; valorização dos profissionais; resistência à violência e às intervenções; reconhecimento dos direitos e do protagonismo do ser humano.1,2,4,5 Na obstetrícia, constatase a ênfase dada à humanização no parto, não sendo conferida a mesma importância às demais etapas do processo de nascimento. Sabe-se que o cuidado humanizado no pré-natal é o primeiro passo para um nascimento saudável, sendo fundamental para diminuição da morbimortalidade materna e fetal, preparação para maternidade e paternidade, aquisição de autonomia e vivência segura do processo de nascimento (compreendido desde a préconcepção até o pós-parto).

Apesar da relevância desse cuidado, na prática, os programas governamentais parecem não alcançar a efetividade esperada. A atenção à saúde da gestante, no âmbito público, está aquém das necessidades e expectativas das gestantes e do que os profissionais almejam, havendo hipervalorização da doença.2,4 A consulta pré-natal na atenção básica caracteriza-se quase sempre na realidade brasileira como um momento rotineiro, técnico, rápido sem oportunidades para compartilhar conhecimentos e experiências, cumprindo protocolos institucionais que valorizam aferições e medidas.

Assim, questiona-se: qual o significado de cuidado humanizado no pré-natal para os profissionais e para as gestantes? Quais as divergências e convergências desses na ótica das gestantes e dos profissionais e como ir além delas?

Para responder essas questões, estabeleceram-se como objetivos desse estudo: compreender o significado de cuidado humanizado no pré-natal para as gestantes e os profissionais, conhecer as divergências e convergências na ótica destes agentes sociais e identificar as barreiras para efetivar esse cuidado.

Na busca da compreensão do cuidado humanizado no pré-natal, em sua complexidade, contradições e incertezas, adotaram-se algumas idéias abstraídas de Morin como fios condutores desse estudo.6-8 Estas se centram numa visão ética, aberta, de junção e complementaridade: sujeito/objeto, alma/corpo, qualidade/quantidade, sentimento/razão, existência/essência (Morin, 2001: 26).6

Nesta ótica, Morin entende que o ser humano é complexo; traz em si ao mesmo tempo modos de "ser" antagônicos e complementares, podendo ser egocêntrico ou altruísta.6-8 Tem sua autonomia dependente da condição genética, cultural e social, o que não o impede de decidir e atuar no mundo em que vive.6,8 Na teia de relações do cotidiano, aponta a compreensão como forma de resistência à agressividade e exclusão, como forma de aproximar o que está disjunto, e enfatiza a ética nas interações.6-7

Métodos

Pesquisa qualitativa e exploratória, seguindo os princípios éticos da Resolução 196/96 e aprovada pelo Comitê de Ética, parecer número 008/05 de sete de março de 2005, com gestantes de baixo risco e profissionais do Ambulatório de Tocoginecologia do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e de uma Unidade Básica de Saúde (UBS). O rigor do estudo foi assegurado pela coerência, originalidade, credibilidade e segurança.9-10 Utilizaram-se

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