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Teorias Pós-Críticas de Currículo: a questão da Identidade e da Diferença

Por:   •  12/6/2017  •  Relatório de pesquisa  •  1.227 Palavras (5 Páginas)  •  394 Visualizações

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Currículos e Programas I

Teorias Pós-Críticas de Currículo: a questão da Identidade e da Diferença

MULTICULTURALISMO Movimento que, fundamentalmente, argumenta em favor de um currículo que seja culturalmente inclusivo, incorporando as tradições culturais dos diferentes grupos culturais e sociais. Pode ser visto como o resultado de uma reivindicação de grupos subordinados — como as mulheres, as pessoas negras e as homossexuais, por exemplo — para que os conhecimentos integrantes de suas tradições culturais sejam incluídos nos currículos escolares e universitários. Mais criticamente, entretanto, também pode ser visto como uma estratégia dos grupos dominantes, em países metropolitanos da antiga ordem colonial, para conter e controlar as demandas dos grupos de imigrantes das antigas colônias.

CULTURA Tem diferentes conotações e sentidos nas diferentes vertentes da teoria educacional crítica e pós-crítica. Para a análise neomarxista, a cultura é analisada como parte da superestrutura, ou seja, como pertencendo àquelas esferas sociais que se distinguem da base econômica: as instituições jurídicas e políticas, a ideologia, a educação. Na teorização introduzida pelos Estudos Culturais, a cultura é teorizada como campo de luta entre os diferentes grupos sociais em torno da significação. A educação e o currículo são vistos como campos de conflito em torno de duas dimensões centrais da cultura: o conhecimento e a identidade (e a produção de subjetividades; a transformação das diferenças em identidades).

IDENTIDADE E DIFERENÇA 

  1. A identidade é predicativa, propositiva, definida, definitiva: x é isso. A diferença é experimental, em curso, dinâmica: o que fazer com x.
  2. A diferença não tem nada a ver com o diferente. A redução da diferença ao diferente equivale a uma redução da diferença à identidade.
  3. A multiplicidade não tem nada a ver com a variedade ou a diversidade. A multiplicidade é a capacidade que a diferença tem de (se) multiplicar.
  4. A identidade é da ordem da representação e da recognição: x representa y, x é y. A diferença é da ordem da proliferação; ela repete, ela replica: x e y e z...
  5. A diferença não pede tolerância, respeito ou boa-vontade. A diferença, desrespeitosamente, simplesmente difere.
  6. A identidade tem negócios com o artigo definido: o, a. A diferença, em troca, está amasiada com o artigo indefinido: um, uma.
  7. A diferença não tem a ver com a diferença entre x e y, mas com o que se passa entre x e y.
  8. A identidade joga pelas pontas; a diferença, pelo meio.
  9. A identidade é. A diferença devém.

DIFERENÇA Conceito que passou a ganhar importância na teorização educacional crítica a partir da emergência da chamada “política de identidade” e dos movimentos multiculturalistas. Neste contexto, refere-se às diferenças culturais entre os diversos grupos sociais, definidos em termos de divisões sociais tais como classe, raça, etnia, gênero, sexualidade e nacionalidade, ou seja, refere-se aos processos pelos quais as diferenças são produzidas (relações de poder). Nas perspectivas teóricas pós-críticas, a diferença, entretanto, é um processo social estreitamente vinculado à significação. Por isso DIFERENÇA e DIVERSIDADE são coisas completamente diferentes, embora, muitas vezes, sejam tratadas como sinônimos, o que é um equívoco. Diferença se refere aos processos (culturais, sociais, políticos, pedagógicos). Diversidade apenas aponta os diferentes (em relação a uma identidade dominante, por exemplo).

Prof. Dr. Ricardo S. Chiquito

Currículos e Programas I

2017

                                                                                                 [pic 1]

AS TEORIAS CRÍTICAS DO CURRÍCULO

  • A ideia de crítica: oposição ao capitalismo e seus efeitos (educação tradicional)

  • O questionamento da educação tradicional:
  • ENSINO, ENSINAR: transferir conhecimentos para alguém (daquele que sabe mais para quem sabe menos); relação de poder; o professor ensina (instrui, governa, manda).
  • APRENDIZAGEM, APRENDER: absorver o conhecimento transmitido; memorizar, decorar; o aluno aprende (e se não aprende é sua responsabilidade, é sua culpa; sua incapacidade para aprender).
  • AVALIAÇÃO, AVALIAR: medir o quanto o aluno absorveu do conhecimento (informações) transmitido a ele pelo professor.
  • O objetivo dessa educação tradicional era (e ainda é) produzir o sujeito de que a sociedade precisa: o trabalhador, o obediente, o alienado, o enquadrado, o consumidor, aquele que se submete aos jogos de poder da sociedade.
  • O modelo TRADICIONAL de educação (de escola, de ensino) foi dominante até os anos 70/80 do século XX, embora ainda hoje notamos em nossas escolas (e em nossas práticas) essas ideias funcionando.
  • O contexto da emergência das TEORIAS CRÍTICAS: Nos anos 60, o mundo passava por transformações importantes em todos os setores (econômico, político, social, cultural), no mundo todo...
  • No mundo:
  • movimentos de independência das colônias europeias na África e na Ásia,
  • as lutas contra as ditaduras na América Latina e no Brasil
  • os protestos estudantis na França e em vários outros países,
  • a luta pelos direitos civis nos EUA (o famoso discurso de Martin Luther King; 1968),
  • os protestos contra a Guerra do Vietnã,
  • o movimento feminista,
  • o movimento da contracultura,
  • a liberação sexual,
  • os primeiros movimentos de gays e lésbicas nos EUA e na Europa (1969/1970).
  • São publicados trabalhos inspirados nos pressupostos filosóficos e sociológicos do marxismo: era o posicionamento crítico em relação a tudo o que existia de injustiças e desigualdades provocados pelo Capitalismo. São as “Teorias Críticas”.
  • Por exemplo: Em 1968, no Chile, durante o exílio, Paulo Freire escreve “Pedagogía del Oprimido” (no Brasil em 1970/71).
  • As TEORIAS CRÍTICAS (em educação, inclusive) denunciam os efeitos (perversos) do Capitalismo:

- Pobreza, fome, miséria, desemprego, salários baixos, exclusão social.

- Alienação e ideologias (visões e representações distorcidas da realidade que impedem o indivíduo de se posicionar na sociedade).

- Exploração do trabalho e do trabalhador.

  • A escola seria (e ainda é) acusada de perpetuar os jogos de poder do capitalismo (exclusão, alienação, exploração).
  • A escola seria responsável pela reprodução social, pelas  desigualdades sociais, pela opressão...
  • Mas também pela produção de uma consciência crítica, pela emancipação do sujeito, libertação, autonomia, liberdade, transformação social.
  • Para o pensamento crítico, é preciso eliminar o “poder” para ter um saber real. Busca de uma situação de não-poder (de isenção do poder).  Preocupação com o envolvimento da educação e da pedagogia em mecanismos de poder e controle. O Poder distorce, reprime, mistifica, aliena [Foucault pensa muito diferente; para Foucault, o poder – em relações de poder – também produz resistência, rebeldia].
  • O papel do intelectual (como o professor) era identificar as fontes e origens de poder para ajudar o estudante a se “desalienar” e poder compreender algo, não perpetuando situações de opressão.
  • Isso conferia uma posição privilegiada ao intelectual: análise do poder sem estar envolvido; mas será que não havia aqui o mesmo jogo de exclusão dos não-intelectuais?

  • O Currículo crítico:

- é pensado como uma construção social e política.

- é visto como algo dinâmico, em construção.

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