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Por:   •  9/9/2012  •  4.654 Palavras (19 Páginas)  •  790 Visualizações

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Grandes Economistas XV: Alfred Marshall e a Escola Neoclássica

Por Luiz Machado*

20 de August de 2007

"Não será provavelmente um bom economista

quem não é nada mais do que isso."

Alfred Marshall

Alfred Marshall nasceu em Bermondsey, um subúrbio de Londres, em 26 de julho de 1842. Filho de William Marshall e Rebeca Oliver. Seu pai era um caixa do Banco da Inglaterra, de caráter tirânico, cresceu no bairro londrino de Clapham. Embora tenha sido desencorajado pelo pai a se dedicar à matemática, por ser irrelevante para o clero, que o pai escolhera para carreira do filho, Marshall estudou em Cambridge, onde se dedicou à matemática, à física e, posteriormente, à economia. Casou-se em 1877 com uma antiga aluna, Mary Paley, que se tornou professora de economia e sua ativa colaboradora intelectual. Morreu em Cambridge, aos 81 anos, no dia 13 de julho de 1924.

1. A evolução do pensamento econômico no século XIX

O século XIX iniciou sob a influência crescente das idéias do liberalismo clássico e dos efeitos da Revolução Industrial. Graças a essas influências, os principais países europeus foram consolidando a organização de suas economias pondo em prática os princípios consagrados por aquela corrente de pensamento: propriedade privada dos meios de produção, livre iniciativa empresarial, busca incessante do lucro, mercado e sistema de preços como principais orientadores das decisões dos agentes econômicos (o que, quanto, como e para quem produzir), tudo isso sob um cenário em que o Estado reduzia cada vez mais sua presença na economia, em contraste com o elevado grau de intervenção que havia prevalecido nos séculos anteriores em razão do predomínio da visão mercantilista, que pode ser sintetizada no binômio absolutismo político + intervencionismo econômico.

Foi nesse cenário que os países pioneiros no processo de industrialização foram expandindo sistematicamente o volume de produção, aumentando consideravelmente a oferta de bens e serviços colocados à disposição de suas respectivas populações. Além disso, ampliavam mais e mais a diferença que os separava dos países que não conseguiam dar início a seus processos de industrialização, tanto na Europa como, principalmente, fora dela, nas longínquas terras da Ásia, da Oceania, da África e da América do Sul. A única exceção fica por conta dos Estados Unidos da América, cuja população constituída em boa parte de imigrantes europeus e seus descendentes já demonstrava um espírito empreendedor, o que permitiu que em algumas regiões do norte e do leste a industrialização começasse precocemente, poucas décadas depois de haver sido iniciada nos países pioneiros da Europa.

Porém, ao contrário do que imaginara Adam Smith, a Revolução Industrial não conduziu ao paraíso. Decorrido mais de meio século do início da Revolução Industrial observava-se que a segurança da antiga economia agrícola - quase artesanal - dos vilarejos fora destruída. Com a urbanização desordenada que ocorreu em torno dos centros industriais emergentes, o novo industrialismo trouxe fábricas cada vez maiores, e os trabalhadores passaram a viver apinhados em sua vizinhança, em favelas ou cortiços, onde o vício, o crime, as doenças, a fome, a miséria, a prostituição e a promiscuidade constituíam o cenário mais comum. Os acidentes industriais ocorriam com freqüência, quer em função das longas jornadas de trabalho, quer em virtude do despreparo dos trabalhadores para interagirem com máquinas que iam sendo incorporadas ao processo produtivo sem que houvesse qualquer treinamento para os que teriam que manejá-las. Tais acidentes traziam miséria, não havendo qualquer compensação para as famílias dos aleijados ou mortos. Não existiam direitos políticos para os assalariados e os sindicatos eram proibidos.

Nessas condições, a pobreza das massas parecia cada vez mais opressiva (uma vez que agora ficava mais aparente já que concentrada nos centros industriais emergentes) e contrastante (à medida que as grandes fortunas se multiplicavam). A constatação de que o simples aumento do volume e da diversidade dos bens e serviços produzidos não significava o fim da pobreza, uma vez que a concentração excessiva da renda e da riqueza dava a muitos a impressão de que a desigualdade estava até se expandindo provocou, nas décadas iniciais do século XIX, o surgimento de duas correntes na história do pensamento econômico: a primeira, de diversos reformadores sociais, entre os quais Saint-Simon, Fourier e Robert Owen, que se tornaram conhecidos como socialistas utópicos, e que acreditavam numa mudança para uma sociedade mais justa por meio de reformas pacíficas e até apoiadas pelos grandes detentores de terra e de capital; a segunda, que tem em Stuart Mill seu exemplo mais ilustrativo, é de uma espécie de dissidência clássica, ou seja, pensadores que tiveram formação econômica através das idéias clássicas de Smith e de Ricardo, mas que foram pouco a pouco se afastando delas e incorporando em suas proposições doses crescentes de preocupação social juntamente com as primeiras idéias utilitaristas.

O fracasso dos socialistas utópicos em persuadir os capitalistas a aderirem a seus projetos humanitaristas fortaleceu ainda mais as idéias de Marx que defendia, entre outras, a tese de que a transição para uma sociedade mais justa só poderia ser feita por meio de um processo revolucionário - luta de classes - dado o caráter exploratório das relações assalariadas de produção, principal elemento definidor do modo de produção capitalista. Em sua pregação, Marx propunha a eliminação da propriedade privada dos meios de produção, que passariam a ser coletivos e administrados por meio de órgãos centrais de planificação, aos quais incumbiria responder as questões fundamentais da economia: o que, quanto, como e para quem produzir.

A rápida penetração dessas idéias, em especial entre os intelectuais e nos meios acadêmicos, estimulou o aparecimento quase simultâneo de trabalhos que apresentavam considerável grau de convergência, levados a cabo por pessoas diferentes, em lugares diferentes, e que trabalhavam independentemente umas das outras. Entre elas destacam-se William Stanley Jevons, na Inglaterra, Carl Menger, na Áustria, e Léon Walras, na Suíça. Nascia, nas pessoas desses três grandes nomes, o que se tornou conhecido como a Escola Marginalista em três ramificações: Escola de Cambridge, Escola Austríaca

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