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Fichamento: Passaporte Para O Desencanto: A Viagem Na Ficção Contemporânea

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Por:   •  24/11/2014  •  2.294 Palavras (10 Páginas)  •  270 Visualizações

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Passaporte para o desencanto:

a viagem na ficção contemporânea

Vera Lúcia Follain de Figueiredo

“Juan, jovem espanhol que nao resiste a tentacao de correr mundo como “tambor de tropa”: a ideia de viajar, marcando o ritmo da marcha dos soldados, lhe parece mais atraente do que ficar em sua aldeia e seguir a vida religiosa.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p. 211)

“No entanto, em suas andancas, acaba por contrair a peste e, com medo de morrer, faz a promessa de percorrer o caminho de Santiago, como peregrino, caso lhe fosse concedido o milagre da cura.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p. 211)

“Atirado de surpresa a uma feira, conhece Juan Indiano (...) O viajante fala das maravilhas das indias Ocidentais e Juan Romeiro se deixa encantar pela narrativa dos prodigios que o outro conheceu”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p. 211)

“Seduzido pelo discurso de Juan Indiano, Juan Romeiro larga o habito de peregrino e embarca para as terras americanas, onde nao encontra ouro, nem sereias, nem fontes de juventude. Encontra violencia, intriga, competicao, num povoado recem-fundado, no qual a ambicao acirra a maldade.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p. 211-212)

“Ao conseguir voltar para a Europa, Juan, agora denominando-se Juan Indiano, se apresenta nas feiras narrando as maravilhas das indias Ocidentais e convence um tal Juan Romeiro, que se encaminhava para Santiago de Compostela, a embarcar num navio em Sevilha, rumo a Manoa, onde haveria mais ouro do que as tropas eram capazes de trazer da Nova Espanha.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.212)

“O conto de Carpentier sintetiza a atmosfera da Europa no periodo de transicao da Idade Media para a Idade Moderna.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.212)

“Encena, sobretudo, o fascinio das viagens, ou melhor, o fascinio exercido pelas narrativas de viagem, verdadeiras ou imaginarias. Juan Indiano e a outra face de Juan Romeiro, a face que aponta para o desgaste do maravilhoso cristao, disciplinado, regulamentado no milagre, e para a forca crescente do maravilhoso propriamente dito, que nao se restringe ao arbitrio de um so Deus, contando com inumeraveis forcas sobrenaturais e com a seducao do imprevisivel. O que mais caracterizou aquele momento, entretanto, foi a tensao que se estabeleceu entre esses dois tipos de narrativa: a que tem a Biblia como referencia para tudo e a que desliza para um universo povoado de monstros, seres estranhos, ilhas de perolas, montanhas de ouro: fenômenos nao catalogados nos textos cristaos.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.212)

“As figuras do peregrino e do viajante se sobrepoem, se trocam, como acontece com Juan Romeiro e Juan Indiano: e o homem dividido entre os referenciais do passado e o apelo do novo.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.212-213)

“Seja como for, viajante e peregrino sao frutos da mesma insatisfacao,e cada qual, a seu jeito, busca uma saida para os males que assolam o contexto europeu da epoca. Dai porque, Erasmo, no Elogio da loucura, escrito em 1509, considera, tanto um como outro, insanos.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.213)

“A loucura a que o autor se refere e aquela que contamina a razao, que se encontra no amago da propria razao, disseminando- se de tal forma que ninguem dela escapa, nem os sabios, nem o clero, nem Cristo, ja que ele se revestiu da natureza humana. Torna-se, assim, impossivel tracar limites entre sanidade e insanidade.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.213)

“A dissolucao dos limites entre loucura e razao esta em consonanciacom um mundo que se encontra no limiar entre os valores medievais ja em decadencia e os valores modernos em gestacao.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.214)

“Mas, ao contrario dos loucos, cuja “unica patria e a extensão esteril entre duas terras que nao lhe pertencem”, e que, por isso, nao tem para onde regressar, a viagem do navegante so se realiza plenamente se houver o regresso que da noticia da viagem, ou seja, a aventura náutica e tributaria da experiencia do relato.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.214-215)

“Assim, as representacoes fantasticas das Terras Desconhecidas propostas na Idade Media estimularam o espirito de descobrimento das grandes navegações”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.215)

“Pierre d’Ailly (1350-1420), cuja Imago mundi foi lida e anotada por Colombo, afirmava a existencia dos cinocefalos, homens com cabeca de cachorro; Colombo supos ter dado com o rasto deles em sua primeira viagem”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.215)

“Nesse sentido, Colombo, guiado e cego por suas crencas, e Juan Romeiro, quando, obcecado pela ideia de encontrar o Paraiso Terrestre, assume-se como profeta do fim dos tempos. (...)Mas Colombo e, tambem, Juan Indiano, quando nao consegue se furtar de todo a percepcao do novo, e, sobretudo, quando narra, para os reis, os prodigios, as riquezas das terras encontradas e os seduz com suas palavras, convencendo-os a patrocinar outra viagem.”

(Figueiredo, 2010, Narrativas migrantes: Literatura, roteiro e cinema, p.215)

“As viagens de descoberta servem de inspiracao para Thomas More, que, em 1516, escreve o livro que chamou de Utopia. A utopia de More nao e o Paraiso Terrestre buscado por Colombo, nao pressupoe a volta as origens, mas considera o futuro, o mundo que o homem pode vir a construir. (...)A grande viagem se realiza no espaço literario, territorio de onde a vontade do homem, dirigida pela razao, vai poder olhar criticamente o Velho Mundo.”

(Figueiredo,

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