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Música de caipira

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Por:   •  13/12/2014  •  Resenha  •  1.656 Palavras (7 Páginas)  •  182 Visualizações

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A música caipira também foi e é reveladora dos problemas enfrentados por milhares de brasileiros que sofreram com o êxodo rural e seu estabelecimento fora de seu ambiente cultural – a zona urbana - e que fez o homem do campo, ao longo dos anos, ver sua primeira identidade se perder.

Conhecida popularmente como música caipira é consumida por grande parte das famílias brasileiras em contrapartida, esse gênero é visto muitas vezes como simplório e desprovido de conhecimento científico, tornando-se alvo, ao longo dos anos, de críticas e de desprestigiamento em diferentes grupos sociais.

A formação da cultura caipira está relacionada aos processos de ocupação do território brasileiro, entre dois mundos, o “civilizado” e o “atrasado” representado pelo nativo da qual nasceria a cultura caipira.

A cultura caipira foi marcada por significados negativos, relacionados às ideias de homem atrasado, de ausência de uma cultura clássica. A cultura caipira foi então, ao longo dos séculos, considerada como uma cultura rústica, sem valor social.

Monteiro lobato construir uma figura negativa do homem rural, presente no personagem de Jeca Tatu que tornou-se um símbolo negativo de um tipo humano presente no Brasil. Nas musicas caipiras está sempre presente uma mensagem que os identifica enquanto comunidade, o que torna difícil para quem não pertence a seu universo entender sua mensagem, nos versos que dizem respeito a fatos ocorridos num determinado local, e relacionados à natureza, às estações do ano, ao gado, à chuva, às aves ou às festas, exaltando a amizade entre os companheiros, serenatas para os futuros noivos, entre outros temas. O gênero é fortemente marcado pela religiosidade. A música sertaneja apresenta algumas características que a identificam, como a influência da indústria cultural, que ao se apropriar das músicas, compositores e intérpretes passam a vender sua força de trabalho ao mercado e estes têm que se submeter ao poder das grandes gravadoras que passam a ditar as regras e temas. As gravadoras passam a agenciar e intermediar a força de trabalho desses compositores e intérpretes. Devido ao forte apelo comercial, o tempo de duração das músicas sertanejas obedecia e obedece critérios impostos pelas gravadores não chegando a cinco minutos cada música, o que muitas vezes descaracterizava a história das canções, mas permitia o enquadramento nos formatos exigidos pelas emissoras de rádio e TV que levam a sério a máxima “tempo é dinheiro”. Embora não produzida com a finalidade de ser pedagógica, a música caipira pode ser utilizada, em escola, pelos professores, em aulas de história, como fonte a partir da qual os alunos podem se aproximar das formas como diferentes grupos sociais produzem realidades sociais diversas. É possível pensar que pode auxiliar alunos e professores na construção do conhecimento histórico, despertando a capacidade de analisar, a partir da comparação, épocas e sociedades diferentes, corrigindo ideias preconceituosas que acabaram por se tornar cânones ao longo da História. A música caipira tem essa possibilidade, uma vez que apresenta o caipira falando da cidade ou do campo, com temas como a literatura, as artes, o amor, a guerra, o tempo, o trabalho, a natureza, a vida. Do ponto de vista do ensino de História, a música pode servir como veículo de interpretação de um tempo, criando argumentos que ajudam a “desvendar” novas imagens sobre o povo brasileiro, sua vida, sua cultura. As canções podem vir carregadas de materiais simbólicos que auxiliam na compreensão de uma dada realidade uma vez que permitem a construção de novas leituras. Uma canção pode auxiliar os ouvintes mais atentos a se situar dentro de um contexto histórico, construindo novos significados. O papel da escola é de preservar uma memória do passado mais estável, elementos esquecidos ou incompreendidos da herança construída ou reconstruída pela memória coletiva e a musica contribui nesse sentido. Aspectos a considerar: musica e afetividade; musica como fonte e objeto do conhecimento; diferentes possibilidades de interpretação do texto; desenvolvimento da escrita via imaginação e criatividade; musica é sensitivo, musica e afetividade estão ligados e aprendizagem tem muito a ver com o afetivo.

A construção da noção de tempo histórico nas crianças é um fenômeno histórico-cultural que não se restringe apenas ao espaço escolar, mas também envolve vários outros espaços sociais (a mídia, através dos programas de TV, das publicações impressas, das músicas, dos jogos eletrônicos, é um deles) que participam da formação dos sujeitos. Vivemos, uma época da “tirania do novo”, a desvalorização do passado, a exaltação ao imediato e efêmero geram um grande desinteresse pelas tradições culturais, pelo processo histórico, e podem “comprometer o desenvolvimento da noção de temporalidade histórica”. O que não é atual é velho e o velho por sua vez é ruim. “Os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação com o passado”. A mídia é uma das principais responsáveis por tornar a memória cada vez mais disponível para o grande público. No Brasil, isso se evidencia, principalmente, a partir da comemoração dos 500 anos do país, na intensa produção e circulação de revistas, filmes, telenovelas, minisséries com temáticas relacionadas a períodos de nossa história. A história oferecida para as novas gerações é a do espetáculo, pelos filmes, propagandas, novelas, desfiles carnavalescos, a memoria e o passado são mercadorias. Mas, mesmo como espetáculo, participam da formação do nosso olhar histórico, devendo assim ser consideradas em nossas reflexões. Olham o ontem a partir do hoje e, por isso, consideram-no “inferior”, como um tempo ainda não beneficiado pelo progresso do presente e, por não ter a tecnologia e os costumes de hoje, repleto de dificuldades. As diferenças são ressaltadas como aspectos curiosos e exóticos de povos que não vivem como nós, o que pode construir a ideia de que a normalidade está no hoje; o ontem é “maluquice”, reforçando preconceitos, pensamentos etnocêntricos. Os produtos midiáticos precisam ser levados para a sala de aula não apenas para torná-la “mais interessante” ou para ilustrar uma informação, mas para discutir suas representações e confrontá-las com outras. O objetivo disso não é negá-las ou desqualificá-las como menos verdadeiras ou sérias, mas ajudar os alunos a perceberem que vivem

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