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O Teatro Em Terras Brasileiras

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Por:   •  27/3/2015  •  1.423 Palavras (6 Páginas)  •  542 Visualizações

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O teatro em terras brasileiras nasceu em meados do século XVI como instrumento de catequese dos Jesuítas vindos de Coimbra como missionários e índios. Era um teatro, portanto, com função religiosa e objetivos claros: evangelizar os índios e apaziguar os conflitos existentes entre eles e os colonos portugueses e espanhóis.

O primeiro grupo de Jesuítas a desembarcar na Bahia de Todos os Santos, em 1549, era composto por quatro religiosos da comitiva de Tomé de Sousa, entre os quais o padre Manuel da Nóbrega. O segundo grupo de missionários chegou à então Província do Brasil no dia 13 de julho de 1553, como parte da comitiva de Duarte da Costa. No grupo de quatro religiosos estava o jovem José de Anchieta (1534-1597), então com dezenove anos de idade.

A população estimada de 57 mil habitantes era composta por colonos, muitos deles criminosos, e índios em sua maioria de vida nômade. Os jesuítas mantinham os indígenas em pequenas aldeias, isolados de dois terríveis perigos: a vida desregrada e a escravidão impostas pelo homem branco explorador e o conseqüente retorno ao paganismo.

A tradição teatral jesuítica encontrou no gosto dos índios pela dança e pelo canto um solo fértil e os religiosos passaram a se valer dos hábitos e costumes dos silvícolas - máscaras, arte plumária, instrumentos musicais primitivos - para as suas produções com finalidades catequéticas.

Tematicamente, essas produções mesclavam a realidade local (tanto de índios quanto dos colonos) com narrativas hagiográficas (vidas dos santos). Como toda espécie de dominação cultural prescinde um conhecimento da cultura do dominado, o Padre Anchieta seguiu o preceito da Companhia de Jesus que determinava ao jesuíta o aprendizado da língua onde mantivessem missões. Assim, foi incumbido de organizar uma gramática da língua tupi, o que fez com sucesso.

Dramaturgia de catequese[editar | editar código-fonte]

Entrada do teatro universitário da UFMG, em Belo Horizonte.

Há notícia de 25 obras teatrais, todas de tradição medieval com forte influência do teatro de Gil Vicente em sua forma e conteúdo, produzidas nos últimos 50 anos do século XVI. O gênero predominante é o auto e alguns deles não têm autoria comprovada; muitos outros, como se sabe, são atribuídos ao padre Anchieta (por vezes contando com a colaboração do padre Manuel da Nóbrega). De algumas dessas obras têm-se apenas o título, são elas:

1557 Diálogo, Conversão do Gentio - padre Manuel da Nóbrega.

1564 Auto de Santiago - representado em Santiago da Bahia.

1567-70 Auto da Pregação Universal - padre José de Anchieta - representada em São Vicente e São Paulo de Piratininga.

1573 Diálogo - representado em Pernambuco e na Bahia.

1574 Diálogo - representado na Bahia.

1574 Écloga Pastoril - representado em Pernambuco (Recife).

1575 História do Rico Avarento e Lázaro Pobre - representado em Olinda, padre

1576 Écloga Pastoril - representado em Pernambuco.

1578 Tragicomédia - representada na Bahia.

1578 Auto do Crisma - padre José de Anchieta - representada no Rio de Janeiro

1583 Auto de São Sebastião - representado no Rio de Janeiro.

1583 Auto Pastoril - representado no Espírito Santo.

1583 Auto das Onze Mil Virgens - representado na Bahia

1584 Diálogo da Ave Maria - representado no Espírito Santo

1584 Diálogo Pastoril - representado no Espírito Santo

1584 Auto de São Sebastião - representado no Rio de Janeiro

1584 Auto de Santa Úrsula - padre José de Anchieta - representado no Rio de Janeiro

1584 Diálogo - representado em Pernambuco

1584 Na Festa do Natal - padre José de Anchieta

1586 Auto da Vila da Vitória ou de São Maurício - padre José de Anchieta - representado em Vitória (ES)

1586 Na Festa de São Lourenço ou Auto de São Lourenço - padre José de Anchieta

1587 Recebimento que Fizeram os Índios de Guaraparim - padre José de Anchieta - representado em Guarapari (ES)

1589 Assuerus - representado na Bahia.

1596 Espetáculos - representado em Pernambuco

1598 Na visitação de Santa Isabel - padre José de Anchieta

Os espetáculos tinham como elenco os índios catequizados e eram apresentados, na maioria das vezes, ao ar livre – alguns deles tendo a selva por cenário; noutros, ao estilo do teatro medieval, nos átrios das pequenas igrejas.

De todos, o espetáculo mais grandioso foi do "Auto das Onze Mil Virgens", em maio de 1583, em honra aos padres Cardim e Gouveia e que contou com a participação de todo o povo da Bahia. Este auto, que era uma tragicomédia inspirada na vida de Santa Úrsula e na lenda das onze mil virgens, foi representada cinco vezes entre os anos de 1582 e 1605.

O pesquisador Mario Cacciaglia em sua "Pequena História do Teatro Brasileiro" faz uma rica descrição do que teria sido a primeira apresentação (1583), que ele adjetiva como espetacular, como segue: "...depois da missa, com acompanhamento de um coro de índios, com flautas e, da capela da Catedral, com órgãos e cravos, teve início uma procissão de estudantes precedida pelos vereadores e pelos sobrinhos ou netos do governador; os estudantes carregavam três cabeças de virgens cobertas

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