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Trabalho De Artes

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Por:   •  8/7/2014  •  Resenha  •  296 Palavras (2 Páginas)  •  189 Visualizações

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ODE À POESIA

Quase cinquenta anos

a caminhar

contigo, Poesia.

Ao princípio

enleavas-me os pés

e eu caía de borco

na terra escura

ou enterrava os olhos

no charco

para ver as estrelas.

Mais tarde estreitaste-me

com os dois braços da amante

e subiste

pelo meu sangue

como uma trepadeira.

No minuto seguinte

convertias-te em taça.

Belo

foi

ires escorrendo sem te consumires,

ires entregando a tua água inesgotável,

ires vendo que uma gota

caía sobre um coração queimado

e dessas mesmas cinzas revivia.

Porém

nem isso me bastou.

Tanto andei contigo

que te perdi o respeito.

Deixei de ver-te como

náiade vaporosa,

pus-te a fazer de lavadeira,

a vender pão nas padarias,

a fiar com as simples tecedeiras,

a bater o ferro na metalurgia.

E vieste comigo

andando pelo mundo,

mas já não eras

a florida

estátua da minha infância.

Falavas

agora

com voz férrea.

As tuas mãos

foram duras como pedras.

O teu coração

foi um abundante

manancial de sinos,

fizeste para mim pão com fartura,

ajudaste-me

a não cair de borco,

procuraste-me

companhia,

não uma mulher,

não um homem,

mas milhares, milhões.

Juntos, Poesia,

fomos

ao combate, à greve,

ao desfile, aos portos,

à mina,

e eu ri-me quando saíste

com a testa suja de carvão

ou coroada com serrim fragrante

das serrações.

Já não dormíamos na estrada.

Esperavam-nos grupos

de operários com camisas

recém-lavadas e bandeiras vermelhas.

E tu, Poesia,

até aí tão desgraçadamente tímida,

marchaste

à cabeça

e todos

se habituaram

...

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