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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL

Por:   •  6/2/2019  •  Trabalho acadêmico  •  16.346 Palavras (66 Páginas)  •  295 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL

PROFESSOR: ARLEI SANDER DAMO

ANTROPOLOGIA DAS EMOÇÕES

LUÍSA MARIA SILVA DANTAS

PORTO ALEGRE – RS

2012


SUMÁRIO

BLOCO I – AS EMOÇÕES COMO OBJETO ANTROPOLÓGICO        2

1        O ESTATUTO DAS EMOÇÕES NA ANTROPOLOGIA – I        2

2        O ESTATUTO DAS EMOÇÕES NA ANTROPOLOGIA – II        5

3        ANTROPOLOGIA E PSICANÁLISE – I        8

4        ANTROPOLOGIA E PSICANÁLISE – II        10

BLOCO II – A PRODUÇÃO, ORDENAÇÃO E A ENUNCIAÇÃO DAS EMOÇÕES NO OCIDENTE        12

5        CONTROLE DAS EMOÇÕES: A ESPECIFICIDADE OCIDENTAL NA PERSPECTIVA ELIASIANA        12

6        A FORMAÇÃO DA SENSIBILIDADE MODERNA – INDIVIDUALISMO E ROMANTISMO        14

7        A INVENÇÃO DE SI, DA INTIMIDADE E A BUSCA DOS PRAZERES        17

BREVE REFLEXÃO        20

NARRATIVAS ETNOGRÁFICAS        23

8        UM ENCONTRO NEM TÃO AFETIVO ASSIM        23

9        ENCONTRANDO AFILHADOS OU O DESAFIO DE FAZER PESQUISAS COM ADOLESCENTES        27

9.1 MARCELA, DRIBLANDO A SENSIBILIDADE PELA “MENTIRA”        31

10        10 TRABALHO POR AMOR, UM “LEMA DE VIDA”        33

11        EXPERIMENTANDO UM TEMA NA EMOÇÃO        38

11.1 EXPERIMENTANDO A EMOÇÃO NO RETORNO AO TEMA        41

BIBLIOGRAFIA        43


BLOCO I – AS EMOÇÕES COMO OBJETO ANTROPOLÓGICO

  1. O ESTATUTO DAS EMOÇÕES NA ANTROPOLOGIA – I

Como o próprio título sugere, os textos indicados para a leitura e reflexão da temática das emoções sob a abordagem antropológica parecem ser fundamentais para o entendimento do propósito da disciplina e, sobretudo, para que possamos compreender as conjecturas em torno da possibilidade da elaboração de tal temática enquanto objeto de estudo antropológico.

A sequência de minha primeira leitura se deu aleatoriamente, orientada apenas por meus humores e disponibilidade de tempo. Foi uma experiência interessante, já que sem ter nenhuma familiaridade com o tema, os diferentes “espaços-tempos” (CRAPANZANO, 2005) trabalhados nos textos, bem como os que me submeti às suas leituras me proporcionaram uma ideia geral do estudo das emoções pela antropologia.

Contudo, a partir dessa primeira leitura, resolvi sistematizar minha reflexão, estabelecendo o que para mim seria uma maneira prática e por que não dizer mais “racional” de aprendizado, qual seja, organizando minha leitura em ordem cronológica de produção e/ou publicação dos textos, portanto, tentando de algum modo historicizar a produção do conhecimento. Como bem sabemos, são múltiplos os fatores que intervêm no desenvolvimento de nossas elucubrações, assim essa breve introdução visa situar um pouco melhor o leitor sobre alguns passos do processo que orientou minhas primeiras análises acerca dos textos.

No curto capítulo do clássico Mauss, publicado em 1979, mas produzido ainda em 1921, o autor argumenta de forma clara e enfática sua concepção em torno dos sentimentos, que seriam fenômenos sociais, “marcados por manifestações não-espontâneas e da mais perfeita obrigação” (p.147), portanto não exclusivamente psicológicos ou fisiológicos. Partindo de contextos etnográficos de rituais funerários, ele identifica na expressão obrigatória dos sentimentos a constituição de uma linguagem, que ensina e orienta um coletivo por meio de ações simbólicas.

Seguindo a tendência de Mauss[1] (que não exclui a presença de aspectos psicológicos e fisiológicos na constituição dos sentimentos), na introdução da obra “Linguagem e Políticas da Emoção” (1990), Abu-Lughod e Lutz chamam atenção para a superação da fundamentação da psicologia ortodoxa, muito presente nos trabalhos sobre emoções da década de 80, pois “somente recentemente teve seu doxa – que as emoções são coisas internas, irracionais e naturais – exposto e questionado” (p.2); dessa forma, desessencializando as emoções, descaracterizando-as enquanto universais, possibilitaria torná-las objeto de investigação antropológica.

Então, partem de uma análise sociocultural das emoções, percorrendo quatro estratégias, que segundo elas foram e/ou continuam sendo bastante utilizadas no desenvolvimento da antropologia das emoções[2], quais sejam: (1) essencialização, (2) relativização, (3) historização e (4) contextualização do discurso emocional.

Como mencionado acima, a (1) essencialização se coloca como um empecilho para análises socioculturais das emoções. A (2) relativização cairia no risco de uma reflexão etnocêntrica, já que a busca de conceitos de uma emoção particular em diferentes contextos, subtenderia a existência e manifestação generalizada de determinadas emoções; desse modo, a alternativa por elas sugerida seria “... o questionamento do significado cultural e da estrutura social nos efeitos emocionais” (p.4).

Já a estratégia de historização seria importante para identificarmos os efeitos de mudanças históricas na vida afetiva dos grupos impactados e vice-versa. Para tanto, ilustram o surgimento do individualismo, que enfatiza os sentimentos na formação de personalidades únicas, através desse então “discurso emocional” se produziria o self moderno (FOUCAULT, 1972).

Esse caminho é traçado para lançar (4) a contextualização do discurso emocional (que pode falar sobre ou provocar emoção) que para as autoras está associado com elementos de poder e sociabilidade, ou seja, com as políticas da vida cotidiana.

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