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A EMERGÊNCIA DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO DE XANXERÊ EM MEIO À RENOVAÇÃO SINDICAL DA DÉCADA DE 1980

Por:   •  15/2/2019  •  Monografia  •  7.291 Palavras (30 Páginas)  •  139 Visualizações

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A EMERGÊNCIA DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO DE XANXERÊ EM MEIO À RENOVAÇÃO SINDICAL DA DÉCADA DE 1980

Adriano De Martini

Délcio Marquetti

Resumo

A organização da classe trabalhadora, em Xanxerê, foi construída inicialmente a partir da luta dos agricultores, em meio a um processo constante de êxodo rural, aliado à ação da Igreja Católica nas Comunidades Eclesiais de Base. Conhecer e analisar o referido processo histórico é essencial para compreender a formação do movimento sindical urbano – em especial aqui, em Xanxerê, dos trabalhadores no comércio – seus desafios e perspectivas frente à ação do capital na década de 1980.

Palavras-chave: Movimento sindical. Sindicalismo rural. Renovação sindical. Trabalhadores no comércio.

1. INTRODUÇÃO

A classe trabalhadora brasileira passou por um desafiante processo histórico para enfrentar a ditadura e construir alternativas e caminhos para uma sociedade mais justa e igualitária. Tal caminho foi constituído por lutas, mobilizações, debates, greves e organizações de entidades “fortes” que verdadeiramente representassem o povo trabalhador e aqueles que viviam às margens da sociedade, já quesendo que, na década de 80,à época, parcelas significativas das categorias profissionais não se sentiam representadas pelas entidades existentes.

Tanto no cenário nacional, quanto na região oeste de Santa Catarina, diversas organizações foram forjadas pela luta do povo e pelas lideranças camponesas e urbanas, onde a Igreja Católica, a partir da liderança de Dom José Gomes, teve papel fundamental nessa construção. Destas entidades podemos citar como exemplos: MST, MAB, MMC, CUT, PT.

Ligada umbilicalmente à organização popular e de trabalhadores no Brasil e no Oeste de Santa Catarina, a luta do movimento de trabalhadores e setores mais populares xanxerenses floresceu no início da década de 80, enfrentando as estruturas tradicionais do Estado e dos “donos” da cidade. A atuação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais passou por uma ressignificação, e nascendou o Sindicato dos Empregados no Comércio de Xanxerê., Estabeleceram-seestabelecendo-se, assim, duas frentes organizadas de enfrentamento ao poderio do capital:, uma no espaço urbano e outra rural. Ambas interligadas e aliadas estrategicamente com os demais movimentos que surgiam na região toda e, bem como com a Igreja Católica.

2. ANOS 80 NO BRASIL

De 1964 a 1985 implantara-se,perdurava no Brasil, o regime militar, caracterizado pela falta de democracia, supressão dos direitos constitucionais, perseguição política, repressão, censura e tortura. Porém, no final da década de 1970 e, até meados dos anos 1980, inicioua-se no país um amplo processo de reestruturação da sociedade. Este período registrava, ao mesmo tempo, o enfraquecimento da ditadura e a reorganização de inúmeros setores da sociedade civil, que voltavam, aos poucos, a se expressar e a se manifestar publicamente, dando início ao processo de redemocratização.

No campo político, com o intuito de aproveitar o vácuo criado pela repressão do regime militar aos partidos comunistas tradicionais e aos grupos armados de esquerda então existentes, foi fundado o Partido dos Trabalhadores (PT). Esta fFundação era composta por dirigentes sindicais, intelectuais de esquerda e católicos ligados à Teologia da Libertação, no dia 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion em São Paulo. O partido é fruto da aproximação dos movimentos sindicais, a exemplo da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (CONCLAT), que veio a ser o embrião da Central Única dos Trabalhadores (CUT), com antigos setores da esquerda brasileira.

Neste cenário de transformações políticas, econômicas e culturais, protagonizadas essencialmente pelos movimentos sociais, surgiue o chamado “novo sindicalismo”, a partir da retomada do processo de mobilização da classe trabalhadora. Estas lutas, lideradas pelas direções sindicais contrárias ao sindicalismo oficial corporativo, há muito tempo estagnado, deram origem à CUT, resultado da luta de décadas de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade pela criação de uma entidade única que os representasse.

A fundação da CUT, em 28 de agosto de 1983, na 1ª CONCLAT foi fruto desse amplo movimento de questionamento ao autoritarismo e de luta pela democracia e pela cidadania. Sua criação significou um rompimento, na prática, com os limites da estrutura sindical oficial corporativa, que proibia a existência de organizações interprofissionais. Mas sua legalização (existência jurídica) só foi possível a partir da promulgação da Constituição de 1988, que, também devido à forte pressão social, significou um relativo avanço na conquista de direitos.

O nascimento da CUT como organização sindical brasileira representoua mais do que um instrumento de luta e de representação real da classe trabalhadora, um desafio de dar um caráter permanente à presença organizada de trabalhadores e trabalhadoras na política nacional.

Os movimentos sociais no Brasil também passaram a intensificar-se a partir da década de 70, com fortes movimentos de oposição ao regime militar que se encontrava em vigência, mantendo uma luta social e uma forte resistência, como afirma Ilse SCHERER-WARREN: “o movimento social mais significativo pós-golpe militar de 1964 foi o de resistência à ditadura e ao autoritarismo estatal.” (SCHERER-WARREN, 2008 pg.9).

Muitas pessoas apoiavam ou não faziam críticas à ditadura, mas parcelas significativas da população brasileira mantiveram-se firmes e atuantes frente à ditadura que havia no país. e dDentro desse contexto prevaleceu a força e a organização dos movimentos estudantis e da classe operária em seus sindicatos (CARVALHO, 2004), Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e pastorais católicas, que ganhavaou força com a participação dos demais setores da sociedade que sofriam as consequências desta forma de governo.

O período da ditadura militar, no Brasil, também provocou um tempo propício para a efervescência dos movimentos sociais, uma vez que dentro das universidades as inserções dos cursos de Ciências Sociais, propiciaram um pensamento mais crítico frente à interpretação da realidade. Desse modo os estudantes, com um entendimento da situação junto à indignação dos demais indivíduos que não aceitavam esse modelo de governo ditatorial, formaram uma massa de combate organizada como apresenta também Maria Glória Gohn ao afirmar que:

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